Capítulo 19

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POV CAROL 

O dia tinha sido bastante agitado. Acho que quando eu acordei de manhã eu nunca teria imaginado todas as coisas que iriam acontecer. Tirando o fato da preocupação com Rosa, eu tinha adorado passar o dia tomando conta de Júlia. O fato da garotinha ter me contado tanta coisa, me fez ver o tanto de confiança que ela tinha por mim. Apesar do teor triste do papo, eu gostei de saber que ela se sentia confortável comigo a esse ponto.

A conversa com Rosamaria foi bastante longa. Ela me contou sobre tudo o que passou, desde o momento que descobriu a gravidez até o ocorrido de mais cedo. Fiquei bastante comovida com tudo que ouvi. De certa forma, pude entender melhor o jeito dela. Ela foi abandonada pelas pessoas que ela mais amava quando mais precisou delas. Ela teve que aprender a se virar sozinha da maneira mais difícil.

Enquanto ela me narrava tudo, eu só queria abraçá-la. Eu só pensava no quanto eu queria protegê-la de toda aquela situação. Minha mão segurava a dela de maneira firme, tentando passar todo conforto possível.

Quando a nossa pizza chegou, achei melhor dá uma pausa no assunto e ir chamar Júlia para que a gente não acabasse comendo pizza fria. O clima foi até ficando mais leve com o falatório da menor. Ela contava tudo sobre o seu dia para a mãe. Acabamos rindo pelo jeitinho empolgado dela e nesse meio tempo, encarei Rosamaria, por alguns segundos, deixando um sorriso de lado. Queria que ela soubesse que eu estava aqui agora para apoiá-la. Em contrapartida, ela pareceu entender bem, pois me dirigia um olhar agradecido. 

Após terminarmos de comer, pedi que elas deixassem tudo ali que depois eu arrumaria. Em vão. As duas foram com os pratos e os utensílios que utilizamos para cozinha, os colocando em cima do balcão. A pequena ficou ao lado de sua mãe, entregando os talheres enquanto a maior lavava. A imagem era tão fofa que me senti um pouco paralisada assistindo. Só me movi para ajudar quando Júlia virou pra mim e sorriu. Aquele sorriso me fez sentir convidada a participar daquele momento que parecia só delas. Peguei um pano de prato e comecei a enxugar tudo que a menina agora me entregava. Notei que Rosamaria direcionou um olhar para mim, mas logo voltou-se para o que estava fazendo. Observei também que ela tinha um meio sorriso no rosto.

Liguei a televisão da sala e coloquei no canal de desenhos que a Alice gostava de assistir. Juju se sentou no sofá, cruzando suas pernas em forma de perna de índio. Eu e Rosa voltamos para a mesa do terraço. Ainda tínhamos uma parte da conversa para concluir.

Acabei contando tudo sobre o papo que eu tinha tido com Júlia. A mulher a minha frente ouvia tudo com uma expressão surpresa. Ela não imaginava que sua filha tinha sofrido aquele tipo de bullying no colégio.

- Nossa... Eu tô em completo choque, Carol. - ela dizia com as mãos nas têmporas. - Eu não fazia ideia que tinham falado algo desse tipo pra ela. 

- Pois é. Eu também fiquei surpresa quando ela me contou.

- Eu não sei nem o que dizer... - ela falou balançando a cabeça em negação. 

- Olha, eu conversei com ela e tentei tirar algumas coisas da cabecinha dela. Mas , cê sabe que não sou especialista. Não queria te falar isso, mas acho que agora mais do que nunca ela precisa ir conversar com uma profissional.

- Tu tem toda razão. Não dá mais pra adiar isso. Sem contar que eu não tinha noção sobre essas coisas que ela sentia em relação ao pai. Eu sempre tentei protegê-la. No fim acabei não conseguindo. - ela disse colocando suas mãos agora em frente ao seu rosto.

- Ei, calma. Não é bem assim. - eu falei me desencostando da cadeira e chegando mais para a ponta. - Cê é uma baita mãezona. Cê não pode se culpar assim. Cê faz tudo e mais um pouco por ela. - aproximei minhas mãos das dela e puxei-as para mim. - Olha pra mim, Rosa. - pedi segurando suas mãos em meu colo. - Sua filha é maravilhosa. É uma menina incrível que encanta todo mundo onde ela chega e isso é tudo graças ao que cê faz. Todos os sacrifícios que cê já fez valeram a pena. - eu disse. Meus olhos sempre firmes ao encarar os verdes cheios de lágrimas. - Por favor, não se culpe por isso. Cê não merece carregar mais esse peso.

Those Eyes - Rosattaz Onde histórias criam vida. Descubra agora