Heeeeeey!
Voltei rápido pra trazer mais um capítulo pra vcs.
Obrigada pelos comentários. Tenho me divertido bastante lendo eles.
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POV CAROL
Eu estava completamente em pânico com tudo aquilo que eu estava vendo. Como um cara poderia fazer isso com a casa da própria filha? Como ele poderia tratar dessa forma a mulher que colocou sua filha no mundo? Eu não podia acreditar no que ele tinha feito.
Dei graças a Deus por Júlia está segura com a minha irmã e Rosa ter ficado comigo durante parte daquela noite. Eu não queria imaginar o que esse doido poderia fazer com ela.
Perguntei algumas coisas aos policiais que estavam ali e resolvi ligar para Ricardo, um amigo investigador do meu pai. Eu já tinha, inclusive, entrado em contato com ele essa semana e explicado sobre o assunto. Ele me contou que já tinha algumas informações para me dar e combinou para nos encontrarmos amanhã. Me despedi e o agradeci.
Segui em direção ao quarto em busca de Rosamaria. Me encostei por alguns segundos no portal e a observei preocupada. Logo, ela se jogou nos meus braços e deixou o choro vir.
- Rosa?
- Hum?
- Separa as coisas que tem mais valor para você e para Júlia e vem comigo para minha casa. - eu disse firme, quase como uma ordem. Não era uma pergunta. Antes que ela pudesse contestar, eu continuei. - Pelo menos enquanto a polícia não prende ele. Vocês não podem viver assim. Não é saudável para você e muito menos para a Júlia. - senti ela suspirar com a cabeça encostada no meu ombro.
- Não quero te incomodar, muito menos te envolver nisso. Ele é perigoso.
- E justamente por isso cê tem que vir comigo. - continuei firme, me afastando um pouco dela para encarar seus olhos. - Meu condomínio é seguro. Ele não vai poder fazer nada com vocês lá. Nós temos segurança por vinte e quatro horas. - falei enquanto fazia um carinho em seu ombro. - Minha casa é grande e eu vou adorar ter vocês duas por lá.
Ela apenas me abraçou de novo e agradeceu. Parecia não ter muitas forças para discutir. Após alguns segundos, nós começamos a juntar algumas coisas. Ela pegou uma mala e foi me orientando ao que eu deveria guardar. Em seguida, fomos ao quarto de Juju e fizemos o mesmo.
Colocamos algumas coisas dentro do meu carro e fomos instruídas por alguns policiais a chamar um advogado e ir fazer um boletim de ocorrência na delegacia. Eles já tinham conversado com alguns vizinhos e pegado algumas informações que iriam ajudar na investigação.
Quando chegamos na minha casa já era meio da madrugada. Nós estávamos exaustas. Eu tinha chamado um dos advogados da empresa e ele tinha nos encontrado na delegacia. Ele nos ajudou e orientou Rosa em tudo o que ela devia dizer. Passamos quase três horas lá.
Subi as escadas com a mais nova e a levei até o quarto que ela ficaria aquela noite. Mostrei os lugares onde estava tudo que ela poderia precisar. Sugeri que ela tomasse um banho para relaxar um pouco e depois fosse me encontrar lá embaixo. Ela acenou com a cabeça concordando.
Limpei e guardei toda a louça que tínhamos usado mais cedo, enquanto aguardava ela voltar. A minha mente não parava de pensar na cena que eu vi naquela casa. Sem contar que eu lembrava facilmente de tudo que ela havia me contado sobre aquele homem. Ela não merecia passar por aquilo. A Júlia também não.
Ouvi passos. O que denunciava que ela já vinha descendo as escadas. Levei dois pratos e coloquei em cima da bancada, bem em frente aos bancos que tinha ali. Peguei também pão de forma, queijo, patê de atum, torradas e um vidrinho de geleia.
- Sei que cê vai dizer que não tá com fome. - eu me adiantei quando ela se aproximou. - Mas cê precisa comer um pouco. Nós apenas beliscamos mais cedo.
- Tu vai insistir até que eu coma, né?
- Com certeza. - confirmei trazendo mais dois copos e uma garrafa de coca zero.
- Tu não vai me deixar provar a torta de frango? - ela questionou enquanto se sentava e olhava para o pirex onde ela estava.
- Mas ela queimou. Não queria que cê comesse ela desse jeito.
- Ela não queimou toda, Carol. Deu pra salvar mais da metade. Isso é um desperdício. Eu vou pegar um pedaço. - falou se levantando.
- Ok, ok. Mas eu não me responsabilizo por ela. - falei rindo e me sentando.
- Nem tá tão ruim. - ela disse depois da primeira mordida. - Olha aqui. - ela direcionou o garfo até a altura da minha boca, me fazendo dar uma mordida.
- Hum... realmente, até que dá pra comer.
- Tá vendo como tu é teimosa? - ela riu.
- Dessa vez cê tem razão.
Mesmo diante das circunstâncias, comemos um pouco de tudo que estava ali. Eu tentava fazer alguma graça com ela pra levantar um pouco seu astral. Ela ria uma vez ou outra, mas eu sabia que era apenas pelo meu esforço de tentar fazê-la se sentir melhor.
A meu contragosto, ela me ajudou a guardar tudo em seus lugares e limpar os utensílios que sujamos quando terminamos de comer. Comecei a sentir que ela estava ficando mais quieta e achei que perguntar como ela estava seria uma pouco idiota de minha parte.
- Cê quer conversar? - resolvi então, ser cuidadosa. Deixar ela à vontade pra falar ou não. Percebi quando ela suspirou e, em seguida, se dirigiu para sentar no sofá. Repeti os seus movimentos e fiquei bem ao seu lado.
- A minha filha é o que tenho de mais precioso na minha vida. - ela começou. - Me lembro como se fosse ontem, a primeira vez em que eu a peguei nos meus braços. Eu a olhava e tinha tanto medo de não ser suficiente pra ela. De não poder oferecer uma vida digna. - ela respirou fundo e me encarou. - Naquele dia que ele apareceu e tu encontrou a gente, ele queria levar ela como moeda de troca. Se tu não tivesse aparecido... - ela pausou. Não conseguindo continuar a frase.
- Não pensa nisso. - eu me aproximei a puxando de lado. Ela tava tão frágil que só escorou sua cabeça em meu ombro. - Pensa que a Júlia tá segura e ele não vai poder fazer nada com ela.
- Ela é tudo que eu tenho, Carol. - senti ela fungar no meu pescoço. - Ele já me tirou tanta coisa. Eu não vou suportar se ele fizer algo com ela. Ele é um monstro. Tu acredita que ele nunca nem se quer olhou para cara dela? Como eu pude ter sido tão trouxa por um dia ter gostado dele? - ela agora disparava a falar. - Será que eu sou uma pessoa tão idiota a ponto de me deixar ser enganada? Eu nunca mais consegui confiar em ninguém. Mas também, como eu podia? Como eu posso correr o risco de ser feita de boba de novo?
- Rosa, cê não pode pensar assim. Cê não pode deixar que ele continue entrando na sua mente. Ele não vale isso. Cê é uma mulher incrível, tem um coração gigante, é engraçada, interessante e eu nem vou comentar o quão linda você é. Sem falar que cê é jovem, tem tanta coisa boa pra viver. Mas cê tem que aceitar que merece mais. - falei enquanto fazia um carinho em seus cabelos. - Olha pra mim? - me afastei um pouco, passando meus dedos em algumas lágrimas que desciam pelo seu rosto. Ela apenas me encarou. - Cê é foda! É uma das mulheres mais fortes que eu já conheci. Sua filha te ama e te admira demais. Eu também me orgulho de ter uma pessoa como você na minha vida. Cê não tá sozinha, tá me ouvindo? Eu tô aqui. Eu não vou deixar que ele tire mais nada de você.
- Tu sempre me dizendo as palavras certas, na hora certa. - ela sorriu fraco, me olhando de um jeito carinhoso. - Tu também é uma mulher incrível e uma das melhores coisas que já me aconteceu foi ter te conhecido.
Quando me despedi dela no corredor, passei pela porta do meu quarto fechando-a e deixei que todas as minhas lágrimas caíssem. Eu só pensava no tanto que eu precisava ser forte para apoiar aquela mulher. O choro veio tão forte que me deixei cair sentada, encostada na parede. As lágrimas eram de uma pessoa que precisava, desesperadamente, ajudar a mulher pela qual estava apaixonada. E que já não conseguia ver tanto sofrimento naquele olhar. Meu peito doía, angustiado. Era tanto sentimento guardado. Mas que precisava continuar ali, silencioso, enquanto as coisas não se ajeitavam.
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Até semana que vem! 😉
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Those Eyes - Rosattaz
FanfictionNinguém nunca falou que engravidar aos dezoito anos era fácil. Dez anos depois as coisas continuavam difíceis, corridas. Conseguir dar conta de filha, faculdade e trabalho vinha sendo uma tarefa árdua. Mas quando eu olhava para minha filha, eu esque...