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KARINA

Queria a morte, eu não tava acreditando nas palavras daquele médico, meu corpo doía junto da minha alma, meu bebê, minha menina.

Seguro na minha tia chorando, queria gritar mais tudo em mim doía, quando sinto o seu cheiro e seu braço forte me abraçando desabo ali mesmo.

Sinto que não tem mais ninguém ali, só eu e ele, choro até não aguentar mais, queria minha mãe, só queria seu conforto e o que me dói mais ainda.

CACO: Eu te amo preta, a gente vai superar, vamos ficar bem- dizia ele acariciando meus cabelos, mais aí veio minha raiva com tudo pra cima dele, empurro ele me afastando.

KARINA: Você nunca quiz um filho comigo mesmo, no fundo tá amando isso tudo, tu não precisa se prender a mim, pode ir embora - falo vendo o mesmo surpreso me olhar triste.

CACO: Não fala isso Ká, não diz isso...- sinto as lágrimas quente novamente em minha face.

KARINA: Tudo o que eu quero é a minha filha de volta, vai embora- ele nega tentando me abraçar, mais viro o rosto na hora.

CACO: Eu não sabia da nossa filha, mais jamais renegaria a ela, eu amo você, pode ficar com ódio de mim, mais não vou te deixar, eu vou esperar seu tempo, e vou continuar aqui!

KARINA: SAI DAQUI!- grito olhando pra ele que levanta e sai batendo a porta.

Choro com força, Deus porque tirou minha menina? Porque dói? Ela era tão pequena, eu nem pude vê seu rostinho, sentir os chutes, vê minha barriga crescer.

Isso é injusto, eu não acredito mais em Deus, ele tirou o meu bem mais precioso, ele me matou no dia em que tirou meu bebê do meu ventre.

Sinto meus olhos pesarem, e tudo escurecer, sinto paz em meu corpo.

(...)

Dois dias nesse inferno, e o médico me deu alta, meu pai nem pode me ver, ele tava na correria pra achar minha mãe, mais o mesmo me ligou me pedindo desculpas, só queria um abraço dele, porém eu só quero que ele encontre minha mãe.

Ryan me pega no colo me botando no banco de trás do carro.

RN: Você quer ir pra onde? Pra sua casa ou pra casa da nossa mãe?- diz dirigindo calmo.

KARINA: Só vou pra casa da mamãe quando ela voltar, e eu quero ficar sozinha, então vai pra minha casa- falo vendo o mesmo concordar, porém minha garganta falha lembrando dele- Ele... tá lá?- pergunto.

RN: O Caio? Está sim Karina, ele tá sofrendo, e outra ele disse que não vai te deixar, então por favor, se resolvam logo- diz me deixando quieta.

Caio não voltou depois daquele dia, mesmo ele dizendo que ia ficar, sei que ele deu meu espaço, eu o amo tanto, mais não consigo olhar pra ele, lembro da minha menina, da minha filha...

Chego em casa vendo o Ryan me olhar triste, meu irmão tava sofrendo, ainda mais agora que mamãe está nas mãos daqueles marginais.

RN: Sabe que se tu precisar vou estar aqui né Ká, qualquer coisa que o seu irmão vem correndo- abraço ele sentindo seu beijo em minha testa.

KARINA: Só quero ficar sozinha agora, e pede a Helena pra repousar por causa do meu sobrinho- falo vendo o mesmo assentir e sair saindo.

Deito no sofá olhando pro teto, logo escuto a porta bater sem parar, levanto devagar abrindo a porta dando de cara com Jade que me olha sem graça.

Deixo ela entrar e me sento no sofá, fiquei sabendo que ela não me deixou, isso eu vou agradecer o resto da minha vida a ela, por tudo o que ela fez, independente de tudo ela estava ali.

Gratidão gera gratidão!

JADE: Você tá bem? Eu fiquei até o último minuto la, porém eu achei que quisesse ficar só- disse baixo.

KARINA: Na verdade eu quero, mais obrigada por tudo Jade, não sei como te agradecer, talvez se eu tivesse sozinha la, nem sei o que poderia ter acontecido- falo vendo ela negar.

JADE: Você é forte, daria um jeito... Eu sinto muito pela sua bebê, mais não entendemos os planos de Deus, quero que fique boa logo, aquele dia tem me ensinado muita coisa.

KARINA: Só quero te agradecer, e você também é forte e corajosa, acho que depois daquele dia horroroso, podemos até viver em paz, talvez seja um recomeço pra nos duas- digo sincera.

JADE: Pode ter certeza que é, já contei tudo pro seu irmão, eu entendo tudo que fiz agora, e me arrependo muito, não é tarde pra recomeçar né- balanço a cabeça concordando.

KARINA: Espero de coração que você tenha coisas boas.

JADE: Você também, e que Deus conforte seu coração, até mais, descanse agora- fala me dando um abraço que retribuo.

Logo a mesma desaparece da minha vista me dando a sensação de alívio, espero do fundo do meu coração que ela tenho sido sincera, porque eu fui totalmente e desejo muitas coisas boas a ela.

Deito olhando pro teto novamente, sinto as lágrimas me invadir, a tristeza me consome, eu queria entender o propósito dele ter tirado minha neném, eu queria tanto ser mãe, tanto...

Choro baixinho, não vou conseguir esquecer, era pra estar comemorando agora, tomando minhas vitaminas e tendo alguma ideia de como contar ao Caio, porque tinha que ter sido tudo diferente? Merda, Merda, eu nunca vou te perdoar Deus, nunca...





SOMENTE QUEM SABE A DOR DE PERDER UM FILHO SABE O QUANTO É DIFÍCIL SUPERAR....😭

EGITO 2🌻🔥Onde histórias criam vida. Descubra agora