(BÔNUS)

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ÁGATA

Grito sentindo minha perna arder, estava amarrada na cadeira por horas com os olhos vendados, o cheiro daquele lugar era fedido demais, começo a berrar até escutar uma voz diabólica.

Pode gritar a vontade gatinha, ninguém vai te achar nessa porra, tu pra mulher de bandido tu da um caldo do caralho- fala rindo que chega a dar vários arrepios.

ÁGATA: Tu é tão macho que precisa me vendar pra não ter que vê sua feiúra, rato de esgoto, SEU MERDA DO CARALHO- grito sentindo uma dor dilacerante na minha coxa, o próprio havia me rasgado.

GRITA SUA PUTA, TU SUSTENTA NÉ, PIRANHA- grita me fazendo ter um ódio do caramba.

ÁGATA: O QUE VOCÊ QUER? O MORRO DO MEU MARIDO? FIQUE SABENDO QUE ELE VAI ESTOURAR SEUS MIOLOS, IMUNDO- falo alto, queria chorar e gritar mais ainda, porém não ia dar esse gosto pra quem quer que seja.

Ele é tão cachorrinho de mulher que eu fiz um acordo, eu quero a cabeça dele, e o próprio vai me dar, fácil, fácil- a gargalhada me estremece, não acredito que Lucas vai fazer isso, não aceito isso Deus, por favor.

Rezo baixinho escutando umas cadeiras arrastar e barulho de porta, eu quero saber dos meus filhos, se eles estão bem, meus netinhos a caminho, por favor meu Deus, proteja minha família.

Lembro de quando eu tava na cozinha, tinha acabado de fazer um empadão, Lucas estava com maior vontade e Helena também, aí Karina me ligou me dizendo da minha netinha, e logo desligou a chamada. Estava tão distraída que não escutei o barulho, quando virei tinha vários caras encapuzados, foi tudo tão rápido, os tiros, a correria nas ruas, só fui arrastada a força enquanto me debatia.

Eu sei que ser mulher de bandido tinha riscos, mais eu não me arrependo de nada que vivi com meu ele, nada, minha família, tudo que consegui, jamais me arrependi dessa vida.

E agora talvez seja o preço, de todos esses anos nunca imaginei ser pega assim, ainda mais por traficante, pensei em polícia em tudo, mais traficante foi o cúmulo.

Escuto grito la de fora e uns caras falando coisas que não dava pra entender, o cheiro sujo vinha junto.

Ele vai vim, relaxa, vamos acabar logo com essa merda- diz saindo dali me deixando ainda amarrada.

Começo ter uma falta de ar enorme, tento respirar mais é quase impossível, sentia que desmaiaria a qualquer momento, fechei os olhos e fiquei assim por um instante, talvez minutos, horas, precisava tirar essa venda dos meus olhos.

Comecei a me sentir sonolenta, mesmo na cadeira amarrada eu não me aguentava, a dor nos meus braços e na minha perna rasgada era dilacerante.

Acordo suada, ainda estava tudo escuro, escuto tiros, muito tiro, começo a ficar desesperada e balanço a cadeira tentando me soltar, mais por um impulso a cadeira cai me fazendo dar um grito, minhas costas foi com tudo no chão, tento me soltar da cadeira mais é quase impossível, então com toda a força que tenho começo a gritar.

Passa um tempo, minha voz já não saia mais nada, só fecho os olhos pedindo a Deus, sinto que minha perna sangra, e meu corpo está sem forças, deixo a luz me guiar e adormeço ali.

(...)

Acordo novamente em outro lugar, a luz era forte no meu rosto, tinha uma mulher ali parada que logo se retira correndo, sento na cama e vejo que estou no hospital, olho pra minha perna enfaixada e meu corpo roxo.

Logo uma mulher de cabelo grisalho entra com sua prancheta me analisando.

Oi, sou Márcia, como está? Dolorida ainda?- diz simpática, balanço a cabeça concordando.

MÁRCIA: Sua perna estava infeccionada, mais demos um jeito, não posso te liberar ainda, precisa ficar em observação por conta dos antibióticos, você chegou muito mal aqui.

ÁGATA: Obrigada... Sabe quem me trouxe aqui? Eu... não me lembro de nada- falo sem graça vendo a mesma sorri de lado.

MÁRCIA: Vou chamar seus parentes, eles não saíram daqui, principalmente seu filho- diz saindo me deixando só.

Deito na cama aliviada, o pior passou, logo vejo Ryan vim me abraçando, pensei que nunca mais sentiria isso.

RN: Tu me deu um susto coroa, juro eu pensei no pior- diz ainda abraçado comigo, choro agarrada nele.

ÁGATA: Eu pensei que nunca mais veria o seu rosto meu filho, cadê Karina? Cadê Lucas?- falo olhando pra porta, mais ele nega.

RN: Mãe... eu não sei como te contar isso, foi tudo tão rápido e...

ÁGATA: Rápido? Ryan o que aconteceu?

RN: Já se passaram 3 dias mãe, nada do meu pai- diz me fazendo arregalar os olhos, não, não...

ÁGATA: Do Que está falando?

RN: Ele subiu com tudo atrás de você, ele passou por cima de todo mundo, ele e o tia Nano estão desaparecidos desde a invasão- começo a gritar, não acredito nisso. As lágrimas caem sobre minha face, começo a ter flashes de todos os nossos momentos, meu amor, minha vida.

RN: A gente vai dar um jeito mãe, meu pai ele é foda, jaja ele aparece, algo aconteceu, mais eu sei que ele tá bem- diz acariciando meus cabelos, estava em chão, só queria o Lucas aqui, sentir seu cheiro, seu abraço.

Coração se aperta imaginando nunca mais vê-ló, juro que eu morro.

ÁGATA: E a Karina?

RN: Aconteceu um bagulho, mãe ela perdeu um bebê, ela estava grávida de uma menina, acredita?- fala triste, sinto mais lágrimas em meu rosto, minha menina.

ÁGATA: Eu sabia que ela estava grávida, só preciso ficar com a minha filha.

RN: Só quando a senhora for liberada- diz mandão, sinto uma tristeza sem fim. Só quero minha família bem.

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