Easy

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— Sim. Sou uma das quatro filhas. A mais velha.

O humor em seus olhos castanhos desbotou.

— Estamos falando de um mau exemplo.
— O que seus pais fazem?
— Meu pai é pastor e minha mãe trabalha no escritório da igreja.

Pelo Buda! Lisandre dormira com a filha de um pastor?

— O que quer fazer quando terminar a faculdade?
— Ser enfermeira, com especialização em pediatria.

Ela ergueu a mão.

— Eu lhe imploro, não me venha com o sermão de “seja médica”. Quando estava internada no hospital, as pessoas que faziam a diferença para mim eram as enfermeiras. Isso é o que
eu quero fazer, cuidar de crianças e ajudá-las a ter menos medo quando estiverem doentes.
— Não farei nenhum sermão.

E agora?

A jovem estava grávida do irmão dela, o que a tornava sua responsabilidade.

Mas o que fazer? Se Lisandre ainda estivesse vivo, poderia insistir para que eles se casassem. Podia.

Lisandre não estava vivo, lembrou-se, e ela, Sam, era a culpada.

A culpa sempre presente se enroscou ao seu redor como uma grande serpente venenosa.

Forçou-se a não reagir. O problema mais imediato era a gravidez de Mon e o que fazer com respeito a ela. Mon se remexeu desconfortável na cadeira.

Embora apreciasse o quão boa Lady Sam estava sendo, não sabia o quê exatamente, ela queria dela.

Não era appa do bebê, logo a gravidez não era problema seu.

Pelo menos, não a pressionou a dizer se Lisandre era o pai da criança e não parecia estar pensando mal a seu respeito. Um bebê. Levou a mão ao ventre. Não parecia possível que uma criança estivesse crescendo ali dentro.

Claro, sempre sonhara em constituir uma família, mas não daquela maneira e nem tão cedo. Porém, com Lisandre morto, o bebê era tudo que restara dele. Desejou saber o que Lisandre teria dito se ela tivesse tido a chance de lhe contar. Apesar de sua proposta sentimental, a última vez que estivera em casa, não estava certa de que ele ia querer seguir em frente com a promessa de casamento.

Não tinha certeza se ela própria iria querer. Tudo acontecera tão rápido. Estavam namorando e se divertindo. Então, Lisandre partiu e passaram a manter contato através de cartas e e-mails. Após algum tempo, ele voltou por apenas um breve período.

Ela não tivera chance de raciocinar.

— Devemos nos casar.

A princípio, Mon pensou não ter ouvido direito. Olhou para a Lady Sam, tentando descobrir se  de fato falara.

— O quê?
— Devemos nos casar o mais rápido possível.

Disse Sam, com o olhar fixo no rosto dela.

— Lisandre era meu irmão. Isso faz com que o bebê seja minha responsabilidade. Só estou fazendo o que ele teria feito. A diferença é que não estamos envolvidas sentimentalmente.

Responsabilidade dela?

Na verdade, ela era a tia do bebê, pensou nervosa. E para ser mais precisa, era Lady Sam, a chefe da sua chefe e alguém que ela mal conhecia.

— Estou sugerindo um casamento por conveniência.

Acrescentou em um tom calmo.

— Algo temporário por...digamos... uns dois anos. Tempo suficiente para você se estabelecer e se acostumar com a maternidade. Então, nos divorciamos. Você herdará o que Lisandre teria direito se estivesse vivo. Eu gostaria de continuar a manter contato com a
criança e acompanhar seu crescimento como um ou uma Anankatrul. Quanto ao resto, estaria livre para viver a sua vida.
— Está sugerindo nos casarmos e nos divorciarmos?

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