Stay

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O NAMORADO de Ellen prosseguia em um palrear interminável sobre as vantagens do sistema de escapamento duplo de seu carro. Mon se estirou ao sol e ignorou a conversa, mesmo quando Sam interveio, enumerando as armadilhas de se adaptar algo daquele tipo em um carro velho.

Noah se sentou na extremidade da espreguiçadeira que Mon ocupava.

— E então? Como é estar casada? Gosta de ser independente?

Mon abriu os olhos.

— Gosto. Sei que acha que não há regras nesse tipo de vida, mas também não tem ninguém para fazer o trabalho. As tarefas não são mais dividas por quatro.

Ela não mencionou o serviço de limpeza que Sam contratara.

Vinha todas as semanas e se incumbia das tarefas mais pesadas, tais como limpeza do assoalho, da cozinha, dos banheiros e janelas. Noah fungou.

— Aqui também não. Com você fora de casa, são divididas em três. E quando Jennie vai para a faculdade, resta apenas Ellen e eu. Isso não é justo.
— Acha que mamãe deveria fazer tudo?

Noah lhe lançou um olhar furioso.

— Sabia que diria algo assim. Não. Não acho que mamãe deveria fazer tudo, mas eu também não. Você não precisa fazer. Detesto ser a mais nova. Todos estão me deixando para trás.

Mon não havia pensado por aquela perspectiva.

— Sabe que ainda a amo.

Noah revirou os olhos.

— Sim, mas não estou me referindo a isso. É que com você e Jennie fora, as atenções se concentrarão em mim e em Ellen. Mas ela é mais velha e já pode dirigir. O que significa que sobra apenas eu. Detesto isso. Eles estão começando a fazer perguntas. Para onde estou indo? Quem estará lá?

Mon suprimiu um sorriso.

— Eles sempre agiram assim.
— Sim, mas agora estão escutando as repostas. Tenho toda a atenção deles e não gosto disso.

Mon ergueu o olhar e percebeu que Sam prestava atenção na conversa.

O meio sorriso que lhe curvou os lábios e o modo impotente com que deu de ombros deixaram claro que ela também não sabia lidar com uma situação como aquela.

— Preferia que eles não se importassem?
— Talvez. Às vezes. É tudo muito errado. Igual ao meu nome.
— O que há de errado com seu nome?
— É bobo.

Noah revirou os olhos.

— Sabe quantas meninas têm esse mesmo nome? É uma piada. No ano passado, havia três Noahs na minha classe de geometria e mais outras duas na de inglês. Aquele cara, o David, disse que nunca namorará uma garota que se chame Noah, porque ninguém saberá de quem ele está falando.
— Então, o David é um idiota.
— Talvez, mas é um gatinho.
— Então, gosta dele?

Noah suspirou.

— Acho que sim. Mas ele não se interessará por mim.
— Eu não permitiria que a questão do nome me desanimasse. Os meninos costumam mudar de ideia sobre esse tipo de coisa.
— Talvez. Ou talvez ele gostará de uma Noah diferente.

A adolescente olhou para Sam e depois para Mon.

— Essa aí é legal. Melhor do que o namorado idiota de Ellen, que só sabe falar de carros.

Os olhos de Mon vagaram para sua Faen e um sorriso surgiu em seus lábios.

— Ela é muito legal.



(...)


Chegaram em casa tarde e cansadas.

— Você foi ótimo com minha família.

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