Lullaby

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— Sem dúvida.

Mais tarde, quando Noah se encontrava ocupada, retirando das malas o que parecia ser todos os pertences que possuía, Sam entrou na suíte principal para encontrar Mon aninhada no sofá sob a janela.

— Tem certeza disso?

Mon girou para fitá-la, com lágrimas escorrendo pelo rosto.

O pânico a invadiu.

— O que aconteceu?

Perguntou enquanto cruzava o quarto.

— O que houve de errado?

Ela meneou a cabeça.

— Estou bem.

Como se acreditasse!

— Então, por que está chorando?

Sam se sentou ao lado dela e fez menção de lhe segurar a mão, mas se deteve.

— Ouvi sua conversa com Noah e o que disse a ela sobre mim. Como pode afirmar que sou maravilhosa e me dizer que dentro de dois anos, irá embora, sem nem ao menos olhar para trás?

Droga!

— Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
— Discordo. Ou sente algo por mim ou não.

Dessa vez, Sam lhe segurou a mão, roçando os dedos aos dela.

— Eu a respeito e admiro. Desejo você. Mas não vou amá-la e não deveria me amar também.

Uma nova leva de lágrimas inundou os olhos de Mon, que se encontravam da cor da terra molhada, refletindo um profundo sofrimento.

— Por quê? Não é só por causa de Lisandre. Não pode ser. O que mais há por trás disso?

Sam não sabia como explicar.
Havia muitas razões, e a necessidade de protegê-la era maior e mais forte.

Vira a mãe definhar com o sofrimento causado pela indiferença do marido.

Não queria que o mesmo acontecesse com Mon. Sem dúvida, ela alegaria que a solução seria corresponder ao seu amor, mas não podia. Amara os pais e os dois lhe abandonaram. Amara Lisandre e acabara por destruí-la. O amor era perigoso e sempre resultava em perda.

— Quando isso terminar, você encontrará outra pessoa. Alguém que possa lhe entregar todo seu coração.

Mon desvencilhou a mão.

— Acha que quero outro alguém? Não entrego meu coração facilmente. O amor acontece, quer você queira ou não. Não pode comandá-lo ou explicá-lo. Já lhe ocorreu que posso amá-la para sempre?

Sam se ergueu e a fitou.

— Não fale assim.

Disse com voz rouca, sabendo que nunca desejaria aquilo para Mon.

— Não me ame. Não sou digna do seu amor.

Os olhos castanhos a fitaram com tristeza.

— Ao que parece, eu também não.





(...)






NA MANHÃ de sábado, Sam fingiu estar trabalhando no escritório da casa, mas na verdade fazia pouco mais do que fitar a tela do computador. Do lado de fora, vinham os gritos e risadas das meninas de quinze anos que brincavam na piscina, acompanhadas de Mon e as outras irmãs. Parte dela queria se unir a elas, mas a outra desejava se refugiar nas montanhas.

Conviver com Mon se tornara ainda mais difícil nos últimos dias. Não que ela dissesse algo ofensivo, gritasse ou fizesse birra. Mas algumas vezes a surpreendia observando-a, como se imaginando por que simplesmente não podia amá-la. Mon não tinha noção do que lhe pedira. Não sabia o quanto aquilo tudo se tornara impossível. Seriam apenas dois anos, lembrou a si mesma. Certamente podiam sobreviver àquele tempo. E então, ela estaria livre para partir e recomeçar.

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