Whisper

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Mon bateu na porta da casa dos pais. Nunca fizera isso antes.

Sempre entrara sem se anunciar.

Mas dessa vez, era diferente.

Agora, não vivia mais ali.
A mãe atendeu e soltou uma risada.

— Minha filha, você pode ser adulta e estar casada, mas ainda é a minha menina.
Não tem de bater na porta.

Mon entreabriu os lábios para responder, mas em seguida, surpreendeu a si mesma e chocou a mãe ao cair em prantos.

Cinco minutos depois, ambas se encontravam sentadas no sofá desbotado da pequena sala de estar.

Com uma caixa de lenços de papel sobre o colo, Mon estava envolvida nos braços da mãe.

— Shh...

Sussurrou Phon, enquanto a embalava para a frente e para trás.

— Estou aqui, querida. Sempre estarei. Seja o que for, resolveremos juntas.
— Estou enrascada.

Disse Mon, a voz entrecortada pelos soluços.

— Muito enrascada.
— Os primeiros meses de casamento são difíceis, mas você e Sam superarão seja o que for. Sei que parece impossível agora, mas com o tempo, as coisas melhoram. O mais importante é que vocês se amam.
— Não é verdade.

Revelou Mon, enquanto tentava controlar as lágrimas.

— Quero dizer, eu a amo, mas ela não.

A mãe se endireitou e lhe emoldurou o rosto com as mãos.

— Claro que ela a ama. Por que outro motivo se casaria com você?

Mon engoliu em seco e, em seguida, clareou a garganta.

— Por que ela achou que fosse a coisa certa a fazer.

E então, ela contou tudo à mãe. Revelou seu namoro com Lisandre e a rapidez com que as coisas aconteceram entre eles.

O ingresso dele no exército e a missão no exterior. Citou superficialmente a única noite que dormiram juntos, mas confessou a gravidez e como Sam descobrira segundos após ela ter obtido o resultado do exame.

— Ela assumiu o controle da situação.

Disse ela, enquanto enxugava as lágrimas
com outro lenço de papel.

— Não estou dizendo que não tenho responsabilidade no que aconteceu. Claro que tenho. Mas estava aterrorizada e ela estava lá, dizendo-me exatamente o que devíamos fazer. Sam fez tudo parecer tão fácil e sensata.

Mon fechou os dedos com força em torno do lenço de papel.

— Está muito desapontada?

A mãe exibiu um sorriso.

— Não estou desapontada. Entregou-se a um rapaz em um momento de paixão e emoção. Isso acontece. Há milhares de anos. Mesmo as meninas inteligentes tomam decisões impulsivas que mudam suas vidas para sempre.
— Eu pensei que o amava. Ou talvez tivesse tentando me convencer de que o amava para fazer minhas ações parecerem menos tolas. Mas não o amava. Amo Sam, mas ela não me quer. Diz que temos um acordo e isso é o que importa. O que combinamos.
— Conte-me sobre esse acordo.

Mon explicou os detalhes da oferta de Sam.

Era difícil admitir que aceitara dinheiro para ter um bebê que teria de qualquer maneira, mas. Ela se calou. Em vez de se mostrar zangada ou chocada, a mãe estava sorrindo.

— Está feliz com isso?
— Você terá um filho. Meu primeiro neto. Esperava ter ao menos 45 anos, antes que isso acontecesse, mas dadas as circunstâncias, estou disposta a desempenhar esse papel.
— Está feliz por que vou ter um bebê?
— Claro. Não tem ideia do quanto é maravilhoso ter um filho. Sua vida muda para sempre, mas da melhor forma possível. De quantos meses está? Quando o bebê vai nascer? Tem se consultado com um médico?
— Estou com três meses e o bebê nascerá no início de março. Sam e eu fomos ao médico. Também nos inscrevemos em um curso de pais e temos todos os livros publicados sobre gravidez.

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