All Too Well

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Sam chegou do trabalho no horário de sempre. Preparou-se para o ataque auditivo aos seus tímpanos, mas a casa estava em silêncio. O que era estranho e a fez experimentar uma certa inquietação. Onde estavam todos?
Dirigiu-se à cozinha, mas a encontrou vazia e escura. Mesmo não estando preocupada com a possibilidade de Mon ter partido, teria se sentido melhor se a encontrasse em casa.

Teria acontecido alguma coisa?

Seu olhar pousou na secretária eletrônica, mas o led não estava piscando. Não havia mensagens.

Se algo tivesse acontecido, Mon teria lhe telefonado. Portanto, deveria estar no grupo de estudos ou no mercado com alguma amiga.

Talvez ela e Noah tivessem ido fazer compras.

Encaminhou-se ao refrigerador e abriu a porta. As prateleiras estavam repletas de sobras de comida, seu refrigerante favorito, petiscos e outros gêneros. Antes de Mon, poderia guardar seu capote de inverno no interior daquela geladeira e ainda sobraria espaço.

Ela mudara as coisas, não apenas na cozinha. E queria fazer mais mudança, mas era aquilo que não podia permitir.

Mon insistia em usar os próprios sentimentos como um distintivo de honra. Esperava muito dela.

Não entendia que o amor enfraquecia as pessoas? Sam pegou um refrigerante e abriu a lata. Em seguida, caminhou até o quarto para trocar de roupa.

Ao passar pela sala de estar, ouviu um som estranho e viu Noah enroscada no sofá, obviamente chorando. Seu primeiro impulso foi sair correndo dali.

Assim como o segundo e o terceiro.

Mas ela percebera sua presença, e por mais que não quisesse lidar com as lágrimas de uma adolescente, não podia ser tão insensível a ponto de lhe dar as costas. Ótimo, pensou.

Aquilo era extremamente agradável.

Onde estaria Mon? Não deveria estar ali para lidar com aquela situação?
Sam entrou na sala de estar e estacou na extremidade da mesa de centro.

— Ah... como foi seu dia?

Noah soluçou e fungou, enquanto gesticulava com a mão para dispensá-la.

— Posso ver que está chateada... Quer... hã... conversar sobre isso?

Para o desespero de Sam, ela fez que sim com a cabeça. Sam praguejou em silêncio e se deixou afundar sobre uma das cadeiras acolchoadas opostas ao sofá. Em seguida, pousou a pasta, a lata do refrigerante e, com muito esforço, se inclinou para a frente como se demonstrasse interesse, quando na verdade preferia estar sendo submetida a uma cirurgia sem anestesia.

— Foi ao acampamento hoje, certo? Aconteceu algo de errado por lá?
— Há um menino de quem gosto de verdade. Ele tem conversado comigo e pediu meu número de telefone, mas hoje eu o vi beijando Amber.

A última palavra foi proferida como um grasnido agudo. A adolescente cobriu o rosto com as mãos e começou a soluçar outra vez. Sam olhou ao redor, na esperança de que alguém lhe salvasse daquela situação, mas até mesmo a casa da piscina parecia escura e vazia.

No momento em que mais precisava do pai, ele não estava. Não. Espere.

O pai nunca estivera presente. Sam observou a menina, sabendo que era a última pessoa que deveria a estar ajudando. Ainda assim, não seria capaz de aconselhá-la a esperar a irmã chegar em casa para conversar com ela.

— Qual é o nome dele?

Perguntou para ganhar tempo.

— Justin. Ele é muito bonito, legal e divertido. Detesto ele e a Amber.

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