You Never Know

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Sam se afastou. Ela ouviu a porta da garagem se fechar e o som do motor do carro se afastando. Ela estava partindo.

Aquilo a chocou tanto quanto a história que acabara de ouvir.

Como Sam podia despejar aquilo tudo sobre ela e, em seguida, ir embora?

Durante vários minutos, Mon permaneceu em silêncio.

Em seguida, apagou as luzes e caminhou lentamente na direção do quarto que dividia com a mulher com quem se casara.

Milhares de pensamentos diferentes lhe inundavam o cérebro. Não sabia o que pensar, em que acreditar.

A única coisa que entendera claramente era que Sam estava fora de seu alcance em tantos aspectos que ela nem conseguia imaginar.




(...)




Sam não voltou para casa naquela noite. Mon tentou dormir, mas não conseguiu e, angustiada, perambulou pela casa até de madrugada.

Fez uma grande quantidade de café, antecipando a chegada de Sam, que não aconteceu. Por fim, desligou a cafeteira e partiu para a faculdade.
Enquanto dirigia a caminho do campus, mais uma vez repassou na mente o que Sam lhe contara. Conhecera Lisandre o suficiente para perceber como ele seria capaz de levar à loucura uma pessoa como a irmã mais velha.

O ex-namorado seguira por uma estrada íngreme e escorregadia que levava à destruição e, de um jeito ou de outro, acabaria por pagar o preço.

Mas não com a própria vida, pensou ela tristonha enquanto estacionava o carro e recolhia os livros.

Ninguém deveria pagar preço tão alto.

E quanto a Sam, que fora deixada com apenas a culpa por companhia?

Podia quase entender por que ela não conseguia se desligar do passado.

Era demasiado doloroso e muito fácil culpar a si mesma, o que significava que Sam era uma mulher com um propósito claro: remediar de alguma forma o que fizera. Aquilo explicava o desejo quase obsessivo de fazer parte da vida do filho de Lisandre e a insistência em se casar com ela.

Mas em que posição aquilo a deixava? Faria parte dos planos de Sam ou seria apenas o ventre que carregava o filho do irmão de Sam?

Teria se apaixonado por uma mulher que não a via como uma pessoa real?

Horas depois, naquela mesma tarde, Mon ainda não encontrara nenhuma resposta. Sem saber sequer se voltaria a ver Sam, não conseguia decidir se devia preparar o jantar ou não.

Uma preocupação sem sentido caso o marido de fato a tivesse abandonado.

Mas era mais fácil se focar em trivialidades do que no fato de que talvez jamais voltasse a vê-la.

Mon lembrou a si mesma que devia comer alguma coisa. Faria comida suficiente para duas, e se ela não retornasse, guardaria o restante para almoçar no dia seguinte. Pouco depois das 17h, a porta da garagem se abriu.

O coração de Mon deu uma cambalhota no peito, mas ela se forçou a não demonstrar nenhuma reação quando Sam adentrou a cozinha.

Terminou de cortar o pimentão e limpou as mãos em uma toalha antes de virar para encará-la.

Sam estava com péssima aparência.

Exibia olheiras profundas e seus passos pareciam pesados.

Era pouco provável que tivesse dormido, embora fosse óbvio que havia tomado banho e trocado de roupa. Mon se lembrou do fabuloso toalete anexo ao escritório dela que, ironicamente, fora o lugar onde tudo aquilo começara. Se Sam não a tivesse surpreendido saindo de seu escritório naquela manhã, não saberia sobre o bebê.

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