Pecado delicioso

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POV. S/N MILLER

Acordei com meu celular tocando, me assustei no primeiro toque, odeio quando isso acontece. Me espreguicei, sentindo alguns ossos estralando, peguei o celular e coloquei no ouvido.

- Alô... - Silêncio - Alô! - olhei para a tela. - Ah, eu não atendi. Oi...

- Filha, vai se atrasar pro culto! Você sabe que os de domingo são cedinho, cadê você? - Revirei os olhos. Acordar 07:00 pra ir para a igreja, em um domingo ainda, é uma merda.

- Eu estou me arrumando, mamãe, logo estarei aí...

- Estarei esperando! - Desligou. Levantei entre resmungos, poxa, eu realmente só queria dormir. Tomei um banho rápido, já que estou atrasada, escovei os dentes e penteei o cabelo.

Já a roupa, minha mãe gosta que eu use vestido, mas eu simplesmente odeio vestidos, então optei por uma calça preta, que é um pouquinho folgada em minhas pernas, uma camisa também preta e um tênis e amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo. Juro que qualquer dia eu corto ele.

Fui para o banheiro novamente, somente pra limpar meu piercing que tenho no septo. Depois de estar realmente pronta, peguei meu celular e minhas chaves, nem tomei café da manhã. Fui andando até a igreja, não é tão longe, ainda bem.

Quando cheguei, alguns olhares se direcionaram a mim, provavelmente pela roupa, revirei os olhos indo até o lado da minha mãe, que me olhou feio.

- Que roupa feia... - Sussurrou quando me sentei ao lado dela.

- Ainda bem que sou eu quem está usando, né - Falei em tom de deboche, cruzando os braços. Comecei a prestar atenção no culto.

- Observem amados que em todas essas situações, Deus deu ao homem a oportunidade de confissão. No caso de Ananias e Safira Deus já havia revelado a Pedro que perguntou o preço do Campo - Automaticamente comecei a sentir sono, poxa vida, eu só queria a minha cama. - Por que? Porque Deus sempre nos dá a oportunidade de confessarmos, antes que Ele mesmo nos descubra. - Pra não dormir sentada ali, comecei a observar em volta, a igreja está cheia, diversos jovens, crianças, adultos e idosos. Queria ter essa disposição. Olhei pra frente, vendo algumas pessoas chegando pra tocar os instrumentos. Meus olhos ficaram na baterista, que usava uma roupa social, o terno aberto, a camisa social branca aberta até perto dos seios, a calça levemente apertada - É claro que Deus sabia sobre todos e sobre tudo, mas o Senhor estava ali desenvolvendo um princípio de restauração para o homem, a confissão, o andar na luz, a transparência e ao arrependimento. - O cabelo da garota é longo, castanho, ela tem traços latinos perceptíveis - Deus sempre irá trazer à luz as coisas, porque a sua igreja não pode estar nas trevas. Deus sabe que se o pecado permanecer escondido dentro do homem causará um dano terrível. O homem perde a comunhão com Ele. - A baterista se sentou depois de ajeitar a bateria, quando ela olhou pra frente, rapidamente desviei o olhar.

- Está entendendo, filha? - Ouvi minha mãe murmurar, apenas assenti.

- Coloquem-se de pé, vamos louvar um pouco - Todos levantaram, bufei me levantando também. Logo a música começou, todos começaram a cantar e eu me manti quieta. Meu olhar novamente foi para a baterista, ela estava focada, sem olhar para as pessoas. Por que eu não consigo desviar o olhar? O que está acontecendo comigo?

Chegou a parte da música onde ela fica mais intensa, a baterista não parava quieta no banco mais, e eu acompanhava todos os seus movimentos, a mordida no lábio inferior, o suor descendo do pescoço dela até se perder entre o vale dos seios, as mãos ágeis. Minha garganta secou por um momento, caramba, eu estou no céu? Senti meu centro formigando, oh não, eu estou dentro da igreja.

A Baterista  (Imagine Jenna Ortega)Onde histórias criam vida. Descubra agora