2. Submundo

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  [Submundo]

  Os gritos de desespero eram ouvidos de longe. A dor e o sofrimento tomavam conta do lugar. O ar quente e a escuridão tornavam o inferno mais tenebroso. Era muito pior do que relatavam nas histórias. De um lado, um sistema de escravidão era posto à prova, onde os mais fracos eram submissos dos mais fortes, e do outro, o trono de Lúcifer. Ele ficava rodeado de demônios o tempo todo, certamente entediado pela monotonia. Embora fosse idolatrado e tratado como um deus em suas terras, achava que os anjos que foram condenados a viverem no inferno eram poucos súditos, e queria mais.

- Ryotaro - Lúcifer chama, com sua voz rouca e falha, o que faz com que o demônio chegasse até ele num piscar de olhos. - Chame seus amiguinhos. Vão para a terra e se divirtam.

  O demônio da um sorriso satisfeito e então faz o que lhe foi ordenado. Fazer pessoas pecarem era seu objetivo. No dia do Apocalipse, essas pessoas que ele corrompeu não iriam para o céu e se tornariam seus submissos, condenadas a viverem no sofrimento eterno.

  Ryotaro e cerca de 5 outros demônios cruzam o portão do inferno e pisam na terra. Existia uma certa limitação quanto a quem os via e ouvia, e eles usariam isso para atormentar os humanos. Homens possuem a mente fraca, então causar qualquer estrago não seria uma tarefa tão difícil assim.

O centro de Yokohama estava movimentado naquele dia, então resolvem ir para um lugar onde possuem pessoas mais vulneráveis: escola. Ao entrar na maior escola da cidade, pode-se notar uma onda de pensamentos maliciosos e desejos impuros vindo das salas de aula. Gritos, risos, brincadeiras, xingamentos, isso tudo mostrava que escolheram o lugar certo. Agora era só começar a diversão.

> Daisuke

O sinal toca mais uma vez então vou para a sala de história. A matéria era chata mas pelo lado bom, Shizuka tem essa aula junto comigo. Após passar pela aglomeração de alunos no corredor, entro na sala e me sento ao lado da garota a qual eu era afim.

- Daisuke - ela diz meu nome enquanto sorri.

- E aí - respondo abrindo o livro de história, logo o professor começa a explicar o conteúdo, porém continuamos conversando em voz baixa.

- Hoje a noite eu e meu irmão vamos dar uma festa na minha casa, gostaria que você fosse.

- Claro, eu vou por você.

- Tudo bem então, começaremos às 9.

Ela continua falando sobre a festa, quando olho para a porta e vejo um vulto, não tenho certeza mas acho que tinha alguém ali, alguém ou algo. Era um vulto preto e quando ele saiu, tenho certeza de que senti um calafrio.

- Daisuke, você tá me ouvindo? - Shizuka me cutuca olhando pra mim com uma expressão séria. Acabei me desconcentrando e não ouvindo uma palavra do que ela disse.

- Ah, sim..

- Os dois aí atrás, façam silêncio, se não quiserem ouvir podem se retirar da minha aula - o professor fala olhando para nós dois, então paramos de falar. - Continuando, a Revolução Francesa teve seu início por volta de 1789...

  Depois de muito tempo de tédio, a última aula acaba e o sinal toca, fazendo todos saírem de suas classes tão rápido que parecia que o mundo estava acabando. Passando pelo corredor, vejo vários alunos gritando ao redor de dois meninos que estavam brigando no chão. Eram socos, chutes, tapas, e seus rostos estavam cobertos de sangue. Resolvo sair dali e ignorar a situação. O dia estava mais estranho que o normal.

  Chego da escola, almoço e faço vários nadas. Só moramos eu e minha mãe no apartamento e ela trabalha o dia todo então eu fico sozinho em casa. Sinceramente eu não ligo, eu até gosto pois assim tenho mais tempo pra descansar. A tarde se passa rápido e sem eu perceber, anoitece.

  Vou para o chuveiro e assim que saio ligo a tela do celular e percebo que tinha uma mensagem da Shizuka. Abro e era uma foto dela só de sutiã, com a legenda:
"Me trocando pra hoje à noite"
Entro em desespero, eu não sabia o que responder. Ela é linda mas se eu dissesse isso soaria estranho. Penso em mandar um nudes, mas também não seria bom, ainda mais porque não nos conhecemos muito bem. Decido mandar uma foto sem camisa, foi o melhor que eu pude pensar.

  Minha mãe chega, aviso que vou sair e peço o carro dela emprestado. Passo numa distribuidora qualquer comprar umas bebidas pra levar e então vou. Estaciono o carro em frente à casa, era muito grande e tinha dois andares e piscina. Ao redor já tinham vários carros estacionados. Entro na casa, deixo as bebidas junto com as outras e saio procurar por Shizuka, logo a encontro na área da piscina conversando com umas garotas que eu não conhecia.

- Daisuke - ela diz animada ao me ver. - Vem, vou te apresentar. Essa é a Ume e essa é a Yoko. São amigas minhas desde o primário.

  As cumprimento brevemente e então elas saem, nos deixando sozinhos. A música estava rolando, só tocava internacional, e as pessoas não paravam de chegar. Começamos a beber moderadamente, afinal ainda estava cedo.

- Daisuke, esse é Haruto, meu irmão - ela diz me apresentando a um cara alto e de cabelo platinado. - Haruto, pode cuidar dos convidados pra mim? Vou subir um pouco e já volto.

- Tá legal. Caso precise, eu coloquei camisinhas em todas as gavetas - ele diz rindo e então recebe um olhar de reprovação de Shizuka, que após isso me puxa me levando para o andar de cima.

  Entramos em um quarto, que eu presumo que seja o dela, e ela tranca a porta e começa a me beijar. Deixo o meu copo em cima de uma estante que estava ao meu lado e passo os meus braços em volta do corpo dela. Ela afasta o beijo e me joga na cama, tira os sapatos e sobe sobre mim.

  A loira volta a me beijar após tirar a minha camisa, passando a mão pelo meu abdômen. Ela pressiona o meu peito para que eu deitasse na cama e ela permanece em cima de mim, enquanto começa a tirar a roupa.

  Eu estava um pouco receoso com isso tudo, não tinha certeza se realmente queria fazer isso. Nunca pensei que a minha primeira vez fosse bêbado e em uma festa, mas estava hesitante em parar agora. Eu gostava muito da Shizuka, mas não queria que as coisas acontecessem tão rápido.

  Ela leva sua mão até o zíper da minha calça e começa a abrí-lo, então uma extrema sensação de desconforto e tormento começa a vir até mim, o que faz com que eu, impulsivamente, me levantasse da cama e desistisse de fazer aquilo.

Lágrimas de um AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora