Lágrimas de um Anjo

25. Medo

> Katsuo

  Chegamos no prédio e eu coloco Haru nas minhas costas, enquanto Daisuke fecha o carro. Entramos no apartamento, havia um funcionário no corredor que ficou encarando, certamente estava achando isso muito estranho. Coloco Haru na minha cama, ele estava bem machucado por conta dos hematomas da festa, o ocorrido só piorou.

- Você tá bem? - pergunto à Daisuke, que estava calado desde que saímos de lá.

- Uhum. Acha que ele vai voltar?

- Espero que não - respondo, enquanto ele senta na cama ao meu lado e tapa o rosto com as mãos.

- Eu... tô com medo - ele diz com a voz trêmula e a respiração cortante.

- Calma, vocês vão ficar bem. Eu prometo.

- Você sabe como parar eles? - ele me olha.

- Eu vou descobrir.

  Ele olha para baixo sem dizer nada, em seguida se levanta, começando a se desesperar.

- Droga, o que eu digo pra minha mãe? Já era pra termos chegado em casa!

- Pode ir, só diz que o mercado estava cheio e acabou levando um tempo na fila - sugiro.

- Mas e o Haru?

- Eu cuido dele, relaxa.

- Tá legal, vou dizer pra minha mãe que ele teve que ir embora. Olha só, ele viu tudo então quando ele acordar...

- Eu converso com ele, pode ir.

- Tá bom. Obrigado, Katsuo. Por tudo.

Apenas sorrio para ele e então ele sai. Percebi a aflição em sua voz, ele estava assustado e com medo. Não posso mentir, eu também estava. Tive medo de não conseguir protegê-los. Se algo tivesse acontecido, eu nunca ia deixar de me culpar. Por mais que eu não possa morrer, os demônios são muito mais fortes que eu, e não posso fazer nada sozinho.

Olho para Haru, sua respiração estava pesada. Ele não havia se machucado mais, mas a pancada na cabeça acabou o afetando. Tiro os seus sapatos e o cubro, talvez ele acorde só amanhã. Vou para o banheiro e lavo o rosto, estava coberto de sangue, embora meus machucados estejam todos cicatrizados. Espero que Daisuke não tenha notado.

Pego um cobertor e vou para o sofá da sala. Não dormiria por agora, não conseguiria. Minha mente não deixaria que eu descansasse tão cedo. Começo a pensar em tudo o que está acontecendo e como faria para derrotar os demônios, mas minha cabeça apenas latejava e nada vinha em minha mente. Eu precisaria de um plano B caso não conseguisse encontrar a faca.

A televisão estava ligada em volume baixo, estava passando um anime. Me deito no sofá e assisto por alguns minutos, logo meus olhos começam a pesar e eu apago.

• • • • •

O alarme toca no mesmo horário de sempre, e eu me levanto. Meu pescoço estava extremamente dolorido, não sabia que dormir no sofá era tão desconfortável. Vou até o banheiro e lavo o rosto, meu cabelo estava bastante bagunçado então aproveito para arrumar. Penso se deveria acordar o Haru, mas com tudo o que aconteceu ontem acho melhor não irmos pra escola hoje.

Pego o celular em cima da mesa para mandar mensagem para Daisuke, porém já havia mensagem dele.

"Bom dia. Como você tá?"

"Bom dia. Tô bem, acabei de acordar. Haru tá dormindo ainda."

"Entendi. Vc vai pra escola hj?"