27. Um sorriso no rosto

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> Haru

  Podia ouvir os seus passos se aproximando cada vez mais. Olho para trás, mas não conseguia vê-lo. Aperto os passos, começo a correr mais rápido. Minha respiração estava ofegante e meus pés começaram a doer pelo fato de mim estar descalço. Estava me aproximando de uma casa. Era grande e branca, com um lindo jardim na frente. Na porta, havia uma mulher. Ela era baixa e possuía longos cabelos loiros escuros, apresentando um semblante assustado. Ela me olha e começa a gritar.

- Rápido, filho! Corre!

Olho para trás mais uma vez, o que me impede de enxergar o tronco que estava caído no meio do caminho. Acabo tropeçando, caindo com as mãos no chão. Torno o olhar para a coisa e, sem tempo de fugir, ela me alcança.

Abro os olhos, levando as mãos até o rosto. Eu estava todo suado. Meu travesseiro estava encharcado e meu cabelo quase pingava. A luz do sol já alcançava todo o quarto, o que me fez levantar e ficar sentado na cama. Esses sonhos aconteciam com frequência. Minha mãe aparecia neles quase todas as vezes, mas nunca de uma forma tão assustadora. Minha mente deve ter ficado movimentada depois de tudo o que aconteceu durante a semana.

Pego o celular na cômoda ao lado da cama e vejo que ainda faltavam 20 minutos para o despertador tocar. Aproveito o tempo de sobra que tenho e vou direto para o banho. Tomo um banho rápido e gelado para acordar completamente e saio do banheiro, indo até o quarto me vestir. Coloco o celular no bolso e vou até a cozinha preparar algo para comer.

  Abro o armário e pego uma caixa de cereal, despejando uma quantidade em uma vasilha. Pego o leite na geladeira e coloco no cereal, indo até a sala para comer. Me sento no sofá e ligo a televisão, ainda tinha um tempo até a hora de sair de casa.

- Já acordou seu irmão? - meu pai pergunta entrando na sala.

- Bom dia pra você também.

- Vai arrumar ele, e se vocês se atrasarem você fica de castigo - ele vai até a cozinha. - Tô cansado dessa sua irresponsabilidade.

Coloco mais uma colher de cereal na boca e continuo assistindo televisão. Resolvo terminar de comer antes de fazer o que ele pediu, afinal não gostava de sair de casa sem comer.

  "Jovem de 17 anos comete suicídio nesta última quarta-feira, na cidade de Sendai. O ato ocorreu ontem, por volta das 8 da noite, na casa do adolescente. Segundo professores da escola em que ele estudava, ele não sofria bullying e nada que o motivasse a se suicidar. Os pais do garoto alegam..."

- HARU, VOCÊ TEM DOIS SEGUNDOS PRA LEVANTAR DA MERDA DESSE SOFÁ E FAZER O QUE EU MANDEI! - meu pai grita da cozinha.

- Tô indo, caralho!

Desligo a TV e largo a travessa na mesinha, indo até o quarto do meu irmão, que ficava ao lado do meu. Entro e vou até seu guarda-roupa, pegando seu uniforme e colocando em cima de sua cama.

- Acorda, Sho! Você tem 5 minutos pra se arrumar, ou vamos nos atrasar - percebendo que ele não esboçava nenhuma reação, tiro o cobertor de cima dele e o jogo para o lado. - Vamo logo, cara.

  Ele se levanta, coçando os olhos, e começa a tirar a roupa, então saio do quarto dele e vou até a cozinha.

- Cadê ele? - meu pai pergunta.

- Se trocando - pego um pão inglês no armário e começo a passar a manteiga, já que nem isso o garoto sabia fazer.

- Tá legal. Olha só, foi mal por ter gritado. É que você sabe que eu preciso da sua ajuda, sem a sua mãe aqui fica difícil pra mim.

Lágrimas de um AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora