Lágrimas de um Anjo

32. Pesadelo sem fim

  A chamada é finalizada pela décima vez, ainda não havíamos conseguido falar com a Izumi. Estávamos realmente preocupados com ela, o que nos fez passar praticamente a última aula toda tentando falar com ela.

- Acha que ela pode ter feito alguma besteira? - Haru pergunta, tanto receoso quando eu.

- Espero que não.

  Desligo o celular e abaixo a cabeça na carteira. O professor havia passado uma atividade em dupla, e como eu estava com Haru resolvemos deixar para fazer mais tarde em casa, já que temos coisas mais importantes para resolver.

- Você não tá bem, aconteceu alguma coisa? - ele pergunta, então levanto a cabeça e penso se diria algo sobre o acontecido de ontem. Ele tinha acertado, eu realmente não estava bem, e isso se devia ao fato de mim ter passado praticamente a noite toda acordado. Por mais que eu quisesse dormir, não conseguiria, de qualquer forma.

- Ontem, depois que Katsuo foi embora, um demônio me visitou.

- O quê? Ele fez alguma coisa com você?

- Não, não é isso. Ele me disse uma coisa...

- O quê?

- Que Katsuo não é nada do que parece. Ele disse que ele mente e esconde segredos. Eu não acreditei na hora, mas...

- Cara, você esqueceu como demônios são? - ele olha para o lado e, lembrando que estávamos na sala de aula, abaixa o tom de voz. - Eles fazem de tudo pra criar confusão, com certeza isso é só mais uma das mentiras.

- É, pode ser.

  O sinal toca, então todos se levantam e começam a guardar seus materiais.

- Terminem o trabalho e me enviem por e-mail. Vocês tem até no máximo três dias para concluir - o professor se levanta e começa a apagar o quadro, enquanto todos saímos da sala, exceto o grupo que ficaria para a limpeza. Pelo que disseram, Sousuke e seus amigos andaram cabulando aula e acabaram ficando de castigo.

- Eu tava pensando, - Haru diz, enquanto andávamos no corredor em direção à saída - e se a gente fosse até a biblioteca da cidade fazer umas pesquisas?

- O trabalho é só pra daqui a três dias, fazemos amanhã ou sei lá.

- Não tô falando do trabalho, cara. Podemos descobrir mais sobre como se livrar dos d-e-m-o - ele soletra, para evitar que alguém ouça.

- Acha que na biblioteca vai ter algo sobre isso?

- Vale a pena tentar. Anda, vamos pedir um táxi.

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  Entramos na biblioteca e vamos diretamente para a sala de informática, onde ficavam os computadores. Talvez se pesquisarmos à fundo podemos encontrar algo útil.

  Sentamos e cada um começou a fazer pesquisas diferentes, a fim de encontrar resultados diferentes. Mesmo que Katsuo não tenha deixado eu ir com ele, podemos tentar ajudá-lo de outra forma.

  Olho para o computador de Haru e vejo que sua primeira pesquisa foi "Demônios na visão do cristianismo", então pesquiso por "O que especialistas dizem sobre o inferno?". Não acho que o cristianismo tenha a resposta para tudo, pelo contrário, acredito que muitas coisas foram distorcidas em seus livros. Creio que devemos pegar um pouco de cada crença para que possamos chegar na real verdade.

- Ei, aquele ali não é o Noriyuki? - Haru comenta, se virando para trás e mostrando o garoto de óculos usando um computador atrás de nós.

- É. Não é nada surpreendente que ele venha aqui, afinal é o garoto mais inteligente da sala.