20. Revelações

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  - Não faz barulho, minha mãe tá dormindo.

  Daisuke estava apoiado nos ombros de Katsuo, assim que entram no apartamento de Daisuke, o anjo acende a luz e coloca o garoto sentado no sofá.

- Onde fica o kit de primeiros socorros?

- Em cima do armário da cozinha - o garoto responde, estremecendo de dor.

  Katsuo vai até a cozinha e pega a caixa branca que estava em cima do armário a qual Daisuke havia dito. Ele a leva até a sala e a abre, pegando um gel para lesões. Ele se agacha e tira os tênis do mais novo, passando aquele conteúdo viscoso no seu tornozelo, iniciando uma massagem.

- Tá doendo? - Katsuo pergunta com a voz baixa, lembrando do que o outro havia dito quando entraram na casa.

- Não muito, só tá gelado.

Assim que termina a massagem, o mais velho enrola com cuidado uma faixa no tornozelo do outro.

- É melhor você ir descansar, vem, vou te ajudar a ir até seu quarto.

Daisuke se apoia em Katsuo como anteriormente, e eles chegam até o cômodo em passos leves para evitar o barulho. Eles sentam na cama e o mais velho levanta fechar a porta, sabendo que devia a ele uma explicação.

- O que era aquilo? - Daisuke pergunta, olhando para o chão.

Katsuo pensa em uma desculpa, pensa em falar que ele estava delirando pela bebida, mas o garoto mal havia bebido. Qualquer mentira que contasse talvez fosse pior que contar a verdade.

- Era... um demônio.

- Como assim um demônio? Tipo daqueles mangás ou tipo Lúcifer?

- Hum... tipo Lúcifer. Bom, não exatamente, mas é.

Daisuke o olha perplexo, sem saber o que dizer. Ele estava em dúvida se aquela história era verdade ou se Katsuo estava apenas inventando.

- Então demônios existem? Espera, Jesus existe?

- Tecnicamente, sim.

- Droga, eu apostei que os gregos tinham razão. Você já tinha visto um demônio antes?

- Sim, algumas vezes.

- E por que ele tava lá?

  Katsuo suspira pensando no que diria, então resolve dizer a verdade, mas não toda. Odiava ter que mentir para Daisuke.

- Demônios são ruins, eles fazem de tudo para tentar corromper as pessoas. Ele estava lá para machucar as pessoas e...

- Tá, só por hoje eu vou esquecer o fato de que você lutou com um demônio.

- Escuta, você tem que evitar falar isso pras pessoas, ok?

- Por quê?

- É que... existe uma hora certa pra cada um.

- Entendi.

Daisuke deita na cama e suspira, certamente tentando processar tudo o que aconteceu.

- Deita aqui - ele diz olhando para Katsuo, os dois estavam cansados mas queriam desfrutar da companhia um do outro.

Katsuo tira os tênis e se deita ao lado de Daisuke, então o mais novo segura sua mão, entrelaçando seus dedos.

- Desculpa - Katsuo sussurra.

- Pelo quê?

- Por você ter que passar por isso.

- Cara, você literalmente lutou com um demônio por mim.

Katsuo sorri, ficando de lado e se apoiando no cotovelo. Por mais que tivesse medo de tudo o que poderia acontecer, ele era grato por poder conversar com Daisuke, ficar perto dele e sentí-lo. Antes, isso parecia algo impossível.

O mais velho aproxima seu rosto do do outro devagar, conseguindo sentir sua respiração. Ele fecha os olhos e cola seus lábios, então o mais novo coloca a mão na lateral do seu rosto e retribui o beijo. O beijo era lento, porém intenso.

A mão que estava no rosto de Katsuo descia com leveza, passando pelo seu corpo. Daisuke coloca a mão por dentro da camisa de Katsuo, passando-a por todo o seu peitoral. Ambos os corpos começam a esquentar, e o beijo fica mais voraz.

Katsuo fica por cima de Daisuke, continuando o beijo. Ele desce a boca para o seu pescoço, passando a língua e o chupando. Daisuke tira a camisa de Katsuo e a joga para o lado, então o mais velho volta a beijá-lo.

Daisuke começa a passar a mão pelo seu corpo consideravelmente perfeito, indo do abdômen até as costas, até que sente algo. Ele passa as mãos pelas cicatrizes de Katsuo, se assustando e o empurrando de leve.

- O que é isso? - Daisuke levanta e olha para as suas costas, havia duas grandes cicatrizes verticais na parte superior.

- Ah... não é nada.

O garoto permanece o olhando, esperando uma resposta mais sincera. Sabendo que não poderia dar isso a ele, Katsuo pega sua camisa e a veste.

- Tá tarde, preciso ir.

- Tá bom... pega o carro, passo buscar amanhã.

- Tá tudo bem, minha casa não fica longe daqui - ele veste os tênis de forma rápida e se levanta. - Tchau.

- Até...

Katsuo sai do apartamento quase correndo, o que causa estranhamento em Daisuke. O jovem agora tinha milhares de pensamentos na cabeça, levaria tempo até processar tudo. Ele acaba se lembrando que, apesar de tudo, não conhecia Katsuo, então ele poderia ir facilmente de um ladrão qualquer até um assassino em série. Ele não poderia ter certeza se ele realmente é alguém do bem, e toda essa história com demônios o deixava tenso.

Ele pensa por mais alguns minutos em tudo isso, mas logo ele é vencido pelo sono e acaba adormecendo.

Lágrimas de um AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora