Arrebol (1984)04 anos depois
Lafayette
...
- Não acho certo passar esse dia tão importante aqui com a gente. - Tia Ayla diz.
- Gosto de comemorar meu aniversário com vocês. - Sorrio para ela enquanto desfaço a pequena bolsa de roupas que trazia da faculdade para passar esses dias aqui.
- Você comemorou seus 21 anos com a gente no ano passado, esse ano deveria comemorar com suas amigas da faculdade numa festa ou talvez numa viagem. - Tia Ayla sugere empolgada.
- Viagem? Com que dinheiro tia? O dinheiro que a mamãe recebe mal está dando para a faculdade. - Relembro.
- Tá...talvez uma viagem fosse muito, mas uma festa, um barzinho. Tem que sair mais com suas amigas, Ellen, você é jovem, aproveita sua juventude com elas e não com duas senhoras chatas e caretas.
- Vocês não são chatas e você não é velha tia Ayla, ainda está uma gatinha. - Ela sorri.
- Por que não chama então suas amigas daqui? Bea, Jéssica, Amy?
- Bea e Jéssica não moram mais aqui, tia, foram todas para a faculdade em outras cidades. A Amy era a única que ainda falava, mas perdemos o contato ano passado quando ela se mudou para Los Angeles para tentar trabalhar. Ela disse que Bill tinha arranjado um emprego para ela em uma locadora. Foi a última notícia que tive dela.
- Você precisa sair mais Ellen.
- Mas eu saio com minhas amigas da faculdade. - Afirmo.
- Não mente para mim, eu te conheço. - Ela me fita.
- Tá...não saio tanto assim, mas tenho que estudar, e gosto de vim para cá quando posso.
- Hum. Sei que vem porque fica preocupada.
- E como está a mamãe? - Aproveito que ela tocou no assunto.
- Uns dias melhores, outros piores.
- E a bebida? - Questiono esperançosa.
Tia Ayla abaixa a cabeça triste, respondendo minha pergunta sem precisar mencionar uma palavra.
- Mas ela prometeu que não iria beber no seu aniversário dessa vez. - Conta.
- Ela disse o mesmo o ano passado, e bem, você viu o que aconteceu. - Relembro triste.
- Eu tenho tentado ajudar, Ellen, mas tem que partir dela.
- Eu sei.
- E não quero que você carregue essas preocupações ou que deixe de viver por conta disso. Eu estou aqui e cuido dela...
- Mas e você tia? Também tem que se cuidar. - Seguro em sua mão.
- Eu me cuido. - Ela responde.
- E as dores de cabeça? - Indago. Ela sentia fortes dores de cabeça que médico nenhum identificou, só disseram que poderia ser uma sequela do período que ela ficou "inconsciente".
- Eu estou tomando os remédios e estou bem melhor. - Ela sorri. - Mas não vamos falar disso, está bem? Amanhã é seu aniversário e vamos comemorar. Hoje só quero saber como está tudo na faculdade. Algum gatinho? - Ela me fita maliciosa e caio na risada. Essa minha tia adorava uma fofoca romântica.
Passamos a tarde conversando e a noite jantamos todas juntas. Pelo menos esta noite minha mãe havia cumprido o prometido e não havia bebido. Ao menos esta noite.
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Words
FanficDizem que ações valem mais que mil palavras. Mas será que valem mesmo? Talvez ás vezes, por maior que tenham sido suas ações, por maior que seja o sentimento, talvez ás vezes as palavras sejam mesmo necessárias. Infelizmente para alguns, lidar com...