Verão 1973 (Aos 10 anos)
Um ano havia se passado desde que Donna, em busca de um recomeço, se mudou juntamente com seu filho para outro bairro na cidade de Lafayete.
Seu marido havia ido trabalhar em uma cidade vizinha, porém lá se perdeu em vícios e mulheres, não aguentando mais as mentiras que ele contara quando voltava para casa. O dinheiro do trabalho era todo jogado fora em seus jogos de azar, deixando ela e seu pequeno Jeffrey quase na miséria.
Após inúmeras brigas, tomou coragem e se divorciou. Sabia que não seria fácil, sabia como as mulheres desquitadas eram julgadas, mas assim o fez, enfrentando o falatório das vizinhas fofoqueiras, que a acusavam de ser uma péssima esposa e não ter feito o possível para salvar seu casamento fracassado.
Fofocas e mais fofocas aliado ao fato de não conseguir pagar o aluguel da antiga casa, fez com que tomasse coragem para se mudar, então resolveu ir para uma casa mais simples, onde viveria apenas ela e seu único filho. E mesmo que continuasse em Lafayete, seria um novo bairro, novas pessoas e longe daquelas víboras que lhe falavam mal pelas costas ou de seus maridos sem vergonhas que lhe importunavam na rua.
Seu ex-marido havia se mudado definitivo para a outra cidade, mas ainda tinha um pouco de decência de mandar algum dinheiro para a criação do filho e de levá-lo aos feriados e férias para passar um tempo juntos. Algo que o menino adorava.
De um modo geral a mudança havia sido positiva, apesar das dificuldades e da morte repentina de sua mãe meses atrás, Donna sabia que tinha feito o certo em se mudar. Ela conhecia seu filho, tinha medo dele se fechar ainda mais após a separação e a perda da avó materna, Jeffrey não era um menino de muitas amizades ou de demonstrar o que sentia, mas algo ela não pode negar, apesar de seu receio no começo, Ellen acabou se tornando uma luz na vida do menino, e apesar de tentar no início, não houve como separar esses dois que criaram uma bela amizade. Não que não houvesse brigas, que segundo Ellen acontecia porque garotos eram bobocas e segundo Jeffrey porque meninas eram chatas.
Os dois estudavam no mesmo colégio e passavam o dia inteiro junto. Brincavam, conversavam, andavam de bicicleta até tarde na rua, dividia as poucas moedas que conseguiam para comprarem doces.
E como de costume na hora do recreio após pegarem seus lanches se encontravam no refeitório.
- O que trouxe? - Ellen pergunta pegando sua lancheira.
Jeffrey pega um pão enrolado em um guardanapo e o coloca em cima da mesa.
- Pão com atum. - Fita o pão sem a mínima vontade de comê-lo.
- De novo? - A garota admira.
- Mamãe estava atrasada para o trabalho. É o mais rápido de fazer. - Explicou.
- Pega, eu trouxe pão com pasta de amendoim e geleia e uma maçã, eu divido com você. - A menina parte seu lanche ao meio entregando ao melhor amigo.
- Jeffrey e Ellen sentados em uma árvore, os dois se beijando, beijando e beijando, primeiro vem o...
Algumas crianças passaram implicando com os dois que lanchavam e liam uma revista em quadrinhos.
- Sai daqui seus idiotas. - Jeffrey se levantou chateado com as brincadeiras dos colegas encarando os amiguinhos que saíram aos risos.
- São um bando de bobocas. - Ellen apenas rolou os olhos enquanto via algumas meninas na mesa ao lado rirem entre si.
-Ellen, se você quiser ficar com as meninas, sabe que não me importo. Você pode ir conversar com suas amigas. - O menino diz ao vê-la olhar para mesa cheia de garotas.

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Words
FanfictionDizem que ações valem mais que mil palavras. Mas será que valem mesmo? Talvez ás vezes, por maior que tenham sido suas ações, por maior que seja o sentimento, talvez ás vezes as palavras sejam mesmo necessárias. Infelizmente para alguns, lidar com...