Alvorecer 1977 (aos 14 anos)...
O dia havia amanhecido ensolarado, não que fizesse muita diferença para o jovem rapaz que se arrumava sem muito zelo. Jeffrey colocou sua calça jeans, uma camiseta preta e um tênis velho. Desceu as escadas de sua casa apressado, estava atrasado, não para ir à escola, mas sim para se reunir com seus amigos.
Ao chegar à sala, antes de se dirigir a porta de saída, deparou-se com sua mãe sentada sozinha em uma cadeira da cozinha. Estava de cabeça baixa, ao seu lado uma garrafa de bebida e ao fundo uma música melancólica. Não era a primeira vez que Jeffrey se deparava com essa cena, mas parou de se importar, porque sabia qual era a razão da mesma. Mais uma vez um cafajeste ordinário havia deixado sua mãe.
O jovem até mesmo tentou, conversou, brigou...mas Donna simplesmente não lhe ouvia, a cada semana um cara imbecil diferente, os quais não a respeitavam e muito menos se importavam com ela ou com ele. Ela cada vez mais afundada na ilusão de que um dia poderia arranjar alguém que “prestasse”, que pudesse lhe ajudar a criar seu filho, pensava muito sobre isso, mas não percebia como aquilo estava a destruindo e destruindo o afeto e relação que tinha entre mãe e filho.
Todo dia um idiota diferente, um babaca que lhe desrespeitava e que o insultava, mas que Donna insistia em trazer para casa. Toda a vizinhança já a tinha com maus olhos.
“A desquitada que recebe diversos homens à noite em sua casa, alguns até mesmo casados”. Eram os boatos.
E Jeffrey, passou de o pobre coitado para o futuro marginal. O que se esperar de um garoto que cresce num ambiente como aquele?
Mas por sorte, ele não estava sozinho.
Caminhou até a porta da sala tentando sair despercebido.
- Espero que esteja indo para escola, recebi duas ligações da direção essa semana dizendo que você está cabulando as aulas... – A senhora gritou da cozinha, mas o garoto apenas ignorou, batendo a porta e saindo.
Calmamente andou pela calçada, sem se importa com as reclamações de sua mãe. Olhou para a casa ao lado, para a casa de sua amiga, a qual não a via há quase um ano. Um ano sem notícias de Ellen, um ano sem saber praticamente nada dela. Na verdade um ano muito estranho, um ano que muitas coisas aconteceram, muitas mudanças em sua cabeça. E aquilo era só mais uma das coisas que rondavam a sua mente.
O garoto ainda tentou se comunicar, mas Mary não parecia muito interessada em facilitar. Sempre uma desculpa diferente para lhe fornecer o endereço da tia da garota, dizia que a mesma não tinha telefone e demorou até o jovem notar que tudo se tratava de uma mentira, descobriu ao ouvir uma vez a senhora Collins conversando com a filha ao telefone, e somente então percebeu que ela não queria que ele tivesse qualquer proximidade que fosse com a garota.
Pensava que talvez, nem ela mais se lembrara dele, afinal para quer se lembrar, com certeza onde ela estava deveria ser melhor que aquele fim de mundo em Indiana.
...
O rapaz caminhou mais quatro quarteirões e na esquina deparou-se com seus amigos, os quais o aguardavam. Bill e Mike estavam encostados em um poste conversando, ambos também estavam matando aula, segunda vez já aquela semana.
- Hey Jeffrey! Está atrasado. – Mike lhe comunicou.
Mike era novo na cidade, era moreno, cabelos pretos e após seus pais se mudarem para Lafayette, acabou na mesma escola dos demais. Logo descobriram ter muita afinidade, principalmente no que dizia em odiar a escola e as aulas. Preferiam fugir, andar por aí.

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Words
FanfictionDizem que ações valem mais que mil palavras. Mas será que valem mesmo? Talvez ás vezes, por maior que tenham sido suas ações, por maior que seja o sentimento, talvez ás vezes as palavras sejam mesmo necessárias. Infelizmente para alguns, lidar com...