Say So - Parte I

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Amy

...

Expectante, eu encarava o meu irmão que de cabeça baixa ouvia em silêncio tudo que havia acabado de lhe contar. Toda a história, toda a verdade, toda a dura verdade dos meus atos.

Axl permaneceu assim por alguns segundos, calado, quieto, estático. Esperava por seu rompante, por seu estouro, por seus berros, mas eles não vieram.

Após assimilar tudo que havia acabado de te contar, devagar ele foi erguendo sua cabeça e só então pude enxergar, refletido em seus olhos, toda a dor que havia lhe causado.

Bill nunca havia me olhado de tal forma, nem nas nossas piores brigas de irmãos. Seus olhos vermelhos entregavam não só a dor, mas também a decepção, a mágoa e a raiva que ele sentia por mim. Ele me olhava como se não me reconhecesse, como se eu fosse uma completa estranha...e talvez eu era...era alguém que ele nunca pode imaginar que lhe faria tão mal.

- Axl...me perdoa...me perdoa...eu não fiz por mal...eu nunca poderia imaginar as consequências que meu ato tolo traria. - Me ajoelho a sua frente colocando minhas mãos sobre as suas.

Ele não disse nada, mas com os olhos vermelhos e cheios de lágrimas me encarou por alguns segundos. Sentia a raiva e seu desprezo tomar todo o ambiente. Talvez pela primeira vez, ele me viu apenas como sua meia-irmã, alguém que carregava não só o sangue de sua mãe, mas também o sangue de Stephen. E foi exatamente assim que ele olhou para mim, como se eu fosse Stephen, de quem ele esperava o pior, mas não o pior de mim.

- Axl diz alguma coisa. - Peço. - Pode brigar comigo, esbravejar, berrar tudo que está sentindo. Eu sei o quão grave foi o que fiz, eu só peço que me perdoe e acredite que nunca, nunca eu te quis mal e que se eu pudesse voltar atrás...

De repente ele se levantou. Esperei que falasse alguma coisa, mas sem nem olhar mais para mim, seguiu para porta e simplesmente saiu.

- Bill...Bill...volta aqui. Axl...volta aqui. - Corro até a porta e o vejo abrir a porta que dá acesso as escadas do prédio.

Penso em ir atrás dele, mas acabo por desistir. Talvez nesse momento, o melhor seria deixá-lo sozinho.

...

Izzy

...

Vejo ela descer um tanto sem jeito pela floreira, torcendo para que não caísse ou se machucasse. Queria ajudá-la, mas era necessário que eu permanecesse "caído" aqui se quisesse realmente que ela viesse até mim. Assim que coloca os pés no chão, ouço seu suspiro de alívio, vindo preocupada imediatamente até mim.

- Desde quando tem a boca suja? - A encaro surpreso pelos palavrões sutis presentes em seu vocabulário enquanto descia pela floreira.

- Como está? - Ela se abaixa preocupada ao meu lado.

- Bem melhor agora. - Ponho um sorriso nos lábios me levantando e me sentando tranquilo no chão.

- O que? - Ela me encara raivosa ao rapidamente perceber minha encenação.

- Bem, você não me deixou escolha. - Digo.

- Você tem ideia do que acabou de fazer? Que idiota que fui em me preocupar com um idiota feito você. Eu podia ter caído dali de cima. - Ela aponta enquanto fica de pé.

- Não é a primeira vez que faz isso, né. - Digo, também me levantando.

- Tem anos que não faço isso. Não somos mais adolescentes, Jeffrey.

- Eu pedi para você descer aqui, você que preferiu vir pela janela.

- Aaahhh...agora a culpa é minha? Eu te falei que não podia sair pela sala, minha mãe e minha tia... - Ela começou a explicar, mas logo interrompeu a própria fala, respirando fundo e se virando de costas para mim.

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