When We Could Dream

194 19 38
                                    

...

- É isso mesmo, pai?

Ellen encarava John atônita.

- Ellen, eu ia contar minha filha, só estávamos adiantando algumas coisas. - O homem tenta explicar-se.

Ellen torna olhar em sua volta, vendo o caminhão de mudanças parado na frente da casa de Bobby, com dois homens carregando alguns móveis da casa onde seu pai estava morando.

- Você ia embora, não ia dizer nada...??? - Ela aponta.

- Não, Ellen, eu já disse minha filha, eu ia...

- Mamãe tinha razão, não é mesmo? Nós duas éramos um estorvo na sua vida, impedíamos você de fazer o que sempre quis, ir embora para bem longe daqui e viver sua vida sem nós...- Ela abaixa a cabeça. - Sem mim. - Murmura com lágrimas nos olhos.

- Não diga isso minha filha, as coisas se complicaram e pensamos que isso seria o melhor.

- E do nada vão embora? Vão dizer que nunca tinham pensado nisso? Que não estavam planejando? - A garota não conseguia acreditar que essa decisão tão importante teria surgido assim do nada.

- Bem...claro que já tínhamos discutido, mas só resolvermos tudo após... - Ele tentar falar enquanto a garota balança a cabeça em negação completamente atordoada. - Ellen, eu não havia planejado que as coisas acontecessem dessa forma. Eu queria esperar você terminar o colégio para sentar junto a você e contar tudo que estava acontecendo entre eu e o Bobby. Infelizmente sua mãe descobriu tudo antes e acabou tudo saindo conforme eu não esperava minha filha. - John contou.

- E o que você esperava, papai? Que quando eu me formasse a dor de saber que você estava abandonando a mim e a mamãe seria menor? Que após eu me formar e me tornar maior de idade já havia cumprido seu papel e agora estava pronta para me responsabilizar por mim mesma? Finalmente livre, não é pai?

- Ellen, de onde você tirou isso? Eu jamais pensei dessa forma, minha filha. Me separar da sua mãe é totalmente diferente de abandoná-las. Eu jamais iria desampará-las, principalmente você, minha querida. Pretendo ajudá-la na faculdade, na sua mudança e...

- Ah claro...vai me mandar um envelope com dinheiro, como o pai do Jeffrey fazia?

- Não!!! Minha filha você está entendendo tudo errado, o que eu quis dizer...

- Eu sei como é isso, pai...eu vi o que o Jeffrey passou, como sofreu esperando pelo pai que simplesmente um dia sumiu e nunca mais se importou em saber se ele ao menos estava vivo...

- Ellen, eu não sou como o pai do Jeffrey.

- Mas está fazendo igual. - Ela o encara. - Você não me contou sobre...sobre...seu...relacionamento. Você nem ao menos me procurou depois, ao menos para tentar explicar, contar como as coisas ocorreram. Passaram-se dias, eu fiquei esperando e você não veio. - Com dificuldade pontua.

- Eu tentei naquele dia, minha querida, mas quando vi sua mãe naquele estado, quis dar um tempo para as coisas se acalmarem. Não fui até lá em respeito a Mary.

- E agora, se eu não venho aqui, nem ao menos saberia que estava de mudança. Quando ia me contar? Quanto tempo para me contar, pai. Ou ia me mandar um telegrama da sua nova cidade? - A garota dizia com tom ríspido, sentindo uma mistura de sentimentos como raiva, tristeza e dor.

Ao terminar seus questionamentos não aguentou a turbulências de sentimentos e acabou por desabar no choro.

- Ellen, se acalma minha filha. Vamos entrar, você bebe um pouco de água, e nós conversamos, está bem? Vou te contar tudo que queira saber, com calma e num local mais tranquilo. - O homem se abaixa em frente a filha olhando para seu rosto coberto de lágrimas. - O que me diz? - Insiste.

WordsOnde histórias criam vida. Descubra agora