Mishaps

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...

- Eu preciso falar, Ellen!

Mesmo que ela não tivesse interesse em conversar, mesmo que me ignorasse, eu precisava garantir que minhas palavras alcançassem seus ouvidos. Expressar tudo o que estava guardado dentro de mim, todas as coisas que nunca disse até agora. Sempre soube que não era bom com as palavras, pelo menos verbalmente, mas hoje seria diferente, hoje eu me expressaria de uma forma que ela entenderia... tudo o que sempre quis dizer para ela...tudo.

Ellen começou a se virar lentamente, sua expressão denotava expectativa, mas algo estava errado. A confusão se formou em seu rosto, assim como no meu, pois agora eu percebia que aquela não era Ellen. Não era ela.

Surpreso e desorientado, virei-me para Axl.

- Essa não é a Ellen! - Exclamei.

- Sério? - Ele debochou.

- Na verdade me chamo Olivia. - Ela sorri. - Se quiser se juntar a nós, senhor Stradlin. - Me diz saliente.

Era só o que me faltava, uma das diversões do Axl.

- Pensei que a Ellen estava aqui. - Digo confuso.

- Ela estava...

- Onde ela está?

- Amy a acompanhou até a rodoviária. Ela resolveu ir embora hoje. - Conta.

- Não posso acreditar...

- Até poderia ir, mas como tem sido difícil andar pelas ruas ultimamente. Depois da fama, cada vez fica mais complicado levar uma vida normal.

- Preciso alcançá-la. - Apressei-me em direção à porta.

- Izzy não dará tempo... o ônibus dela parte em 20 minutos. - Axl diz.

- Eu darei um jeito. - Passei apressado por ele e corri pelo corredor.

- Izzy... Izzy... não vai dar tempo... - Axl alertou.

- Eu vou conseguir... vou alcançá-la.

Desço pelo elevador e saio em disparada em direção à minha moto. Sabia que o trânsito seria um inferno àquela hora, mas com a moto eu teria a vantagem de cortar algumas ruas e chegar mais rápido do outro lado da cidade.

Coloco o capacete, subo na moto e saio derrapando, acelerando nos trechos onde era possível, tentando tomar atalhos para atravessar a cidade rapidamente. Eu conhecia bem aquelas ruas. Costurava entre os carros e, em alguns momentos, até subia na calçada. No momento, o único objetivo que importava era chegar à rodoviária.

Minha adrenalina estava nas alturas, olhava constantemente para o relógio e via que restavam apenas 10 minutos. Eu ainda estava no meio do caminho e precisava ir mais rápido, só assim conseguiria chegar a tempo.

Entrei em algumas ruelas, buzinei alto para um casal à minha frente, seguia por ruas estreitas e, sem querer, esbarrei na bicicleta de um cara que estava parado no meio da rua. Ele gritou algo sobre não ser permitido andar de moto naquela área, mas eu não tinha tempo para lidar com discussões.

Subi na calçada desviando de um buraco e por pouco não atropelei um pichador. Por fim, cheguei na avenida principal que levava à rodoviária. Faltavam apenas 5 minutos. Eu sabia que conseguiria, agora estava certo disso.

Acelerei ainda mais minha moto, costurando entre os carros e desviando dos caminhões de carga. Os objetos ao meu redor pareciam flashes reluzentes devido à velocidade. Avistei a placa indicando a rodoviária e tentei fazer uma curva à direita, mas não vi o táxi que vinha atrás de mim na mesma direção.

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