Crepúsculo 1976 (aos 13 anos)
...
Jeffrey havia acordado cedo naquela sexta-feira e a primeira coisa que fez foi olhar como o dia havia amanhecido. Ansiava por um dia reluzente de sol e para sua alegria, lá estava ele, radiante e alegre.
Desceu as escadas animado, tinha uma surpresa para Ellen e não sabia se ia conseguir aguardar terminar as aulas para mostrar. Porém essa alegria foi interrompida por vozes advinda da cozinha.
O garoto espantou-se em saber que havia alguém em casa tão cedo.
Ao chegar à cozinha encontrou com um homem tomando café. Sua mãe preparava panquecas no fogão e conversava alegremente com o tal homem. Ao notar a presença do filho, Donna rapidamente interrompeu a conversa, pôs um sorriso amarelo no rosto e se virou para Jeffrey.
- Querido! Já acordado? - Foi até o filho ajeitando sua camisa. - Venha, quero que conheça o senhor Sanders. - Levou o jovem até a frente do homem que olhou o rapaz de ponta a ponta.
- E aí garoto? - Ele cumprimentou mordendo um pão e falando de boca cheia.
Jeffrey apenas acenou com a cabeça. Nunca tinha visto o homem de traços e comportamento rude.
- Tem um garotão não é mesmo Donna. Não irá demorar a começar trazer umas gatinhas para dentro de casa, não é mesmo meu rapaz? - Ele falou dando um sorrisinho safado para Jeffrey.
O garoto não dizia nada, apenas o fitava analisando que o homem parecia se sentir bem à vontade na sua casa.
- Não diga isso, Jeffrey ainda é muito menino. Vai demorar até ele namorar. - Donna repreendeu. - Vamos querido, sente-se e coma suas panquecas. - Era nítido o desconforto de Jeffrey perante o homem e a senhora já havia percebido.
O garoto fez o que sua mãe havia lhe pedido. Sentou-se a mesa e comeu quieto.
...
- O senhor Sanders me dará uma carona para o trabalho Jeffrey, se quiser podemos deixá-lo na escola. - Donna se esforçava para que o filho se entrosasse mais e ficasse mais confortável.
- Não, eu vou a pé. Já combinei com a Ellen.
- Hum, quem é Ellen? Namoradinha? - A brincadeira do homem fez com que Jeffrey agora realmente percebesse que não havia ido com a cara do individuo. Deu um suspiro, mas calou-se, não respondendo a sua brincadeira infantil.
- Ela também pode ir conosco. - A senhora insistiu.
- Vamos de bicicleta, não se preocupe. - Ele se retirou da mesa e caminhou até a porta de saída.
- Espera Jeffrey, o casaco. - Donna correu até o filho. - O senhor Sanders é um dos chefes da mamãe. Ele só veio aqui para dar uma carona, quis me fazer uma gentileza. - A senhora dizia enquanto ajeitava o casaco do filho. Parecia sentir-se obrigada a dar uma explicação.
O garoto apenas murmurou e balançou a cabeça afirmativamente. Saiu sem dizer mais nenhuma palavra, mas em sua mente martelava: se iam para o trabalho, por que o senhor estava com a camisa aberta e amarrotada, sem sapatos e tão cedo da manhã em sua casa?
- Jeff? Jeff? Jeffrey!!!! - Ellen gritou chamando a atenção do amigo.
- Oi. - Olhou-a assustado.
- Vamos? Está esperando o que? - Ela disse e começou a caminhar juntamente com o rapaz.
Os dois iam em silêncio. Ellen notava que algo incomodava o amigo e apesar de puxar papo várias vezes ele apenas murmurava ou balançava com a cabeça.

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Words
Fiksi PenggemarDizem que ações valem mais que mil palavras. Mas será que valem mesmo? Talvez ás vezes, por maior que tenham sido suas ações, por maior que seja o sentimento, talvez ás vezes as palavras sejam mesmo necessárias. Infelizmente para alguns, lidar com...