Say So - Parte II

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Fran

...

- O que faz aqui? - Pergunto, esperando por sua resposta.

- O que há de errado com você? - Inquiri entrando em meu quarto.

- Não entendi.

- Você é minha advogada. Como ousa depor a favor daquele delinquente? Soube que por sua culpa ele agora está livre. - Gabrielle se vira irritada em minha direção.

Calmamente fecho a porta do quarto voltando-me para ela.

- Está muito alterada. Melhor sentar-se um pouco. - Aponto para a cadeira.

- Eu não vou me sentar! - Esbraveja. - Quero saber por que ajudou aquele delinquente a sair da cadeia? Ele já estava preso, era para ficar lá mofando até terminar o julgamento e ele pegar uns bons anos.

- Eu não o ajudei sair da cadeia. Apenas prestei meu depoimento como deveria ter sido feito desde o primeiro momento. - Explico.

- O que? Você disse que não viu ele me agredir e...

- E eu não vi. Você que colocou palavras em minha boca e eu acabei erroneamente me calando...

- Pois deveria ter ficado calada. Sinceramente, onde já se viu. - Ela rola os olhos.

- Gabrielle, como advogada eu só fiz o que era certo.

- Quem se importa com o certo? Eu sou sua cliente...deveria favorecer a mim e não a ele.

- Como?

- Isso mesmo que ouviu. Volte lá e diga que o viu me agredindo. - Ela exige.

- Eu não o vi e não mudarei a minha declaração. O que quer que eu faça é uma infração grave da lei: depoimento falso, se não sabes, dá cadeia.

Ela apenas dá de ombros.

- E francamente, Gabrielle, ainda me questiono como de fato foi essa agressão. Tem certeza que não exagerou naquela declaração?

- Eu...eu...não...eu falei tudo que aconteceu...aquele delinquente me agrediu...eu exijo que ele seja preso novamente até o julgamento. Entre com algum pedido ou coisa do tipo...

- Tem certeza? Ele já foi solto, se entrar com um pedido para revisarem novamente esse incidente, talvez vejam que não houve exatamente uma agressão como você descreveu e se provarem isso, como disse, falso depoimento da cadeia. - Explano.

- Es..es...está insinuando que estou mentindo? - Se mostra ofendida, mas não digo nada. - Tudo bem, se ele já saiu mesmo. Agora aguardemos o julgamento e desse ele não escapará. - Ela rapidamente desiste da ideia de entrar com um recurso.

- Sobre isso, estive pensando bastante e...

- Já sabe como vai enviar aquele marginal para a cadeia? - Ela me olha com um sorriso malvado expectante.

- Na verdade, deixarei o caso. - Informo.

- Como?! - Ela exclama boquiaberta.

- Não se preocupe, indicarei um colega muito bom...

- Você se vendeu! Eu sabia, sabia...ele te comprou...por isso mudou sua declaração. - Me acusa.

- O que? Não...eu respeito muito a minha ética profissional. Nunca me prestaria a algo desse tipo.

- Se não foi isso...então por que quer deixar o caso? - Ela me fita.

- Motivos pessoais.

- Motivos pessoais? - Repete indignada. - Uma palhaçada isso sim. Você não vai deixar esse caso, não pode...temos um contrato. Se me deixar, vou te processar também e...

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