60, Palavras Malditas.

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O luto era como uma ferida aberta, uma cicatriz invisível que te acompanha a cada passo. As lágrimas se tornam companheiras constantes, escorrendo pelo rosto como rios de tristeza.

O vazio deixado pela perda se assemelhava a um abismo intransponível, uma escuridão que envolvia todos os pensamentos e sentimentos. A rotina se transforma em um fardo pesado, um fardo que todos agora carregavam.

As tarefas diárias pareciam perder o sentido, como se o mundo ao seu redor estivesse em câmera lenta, enquanto mergulhavam em um mar de lembranças dolorosas.

Cada objeto, cada fotografia, cada lembrança era um lembrete cruel da presença que não mais existia. A saudade apertava o peito, sufocando qualquer resquício de esperança que pudesse surgir.

A solidão se tornou sua companheira mais constante, envolvendo-te em um abraço gélido.

A mente se tornou um labirinto de pensamentos confusos e questionamentos sem resposta. Por que ele? Por que agora? Perguntas sem solução que atormentavam, minando sua força e sua vontade de seguir em frente.

Mas, mesmo em meio à dor, pequenos lampejos de amor e gratidão emergiam. Lembranças felizes se infiltravam em sua mente, trazendo um sorriso triste aos lábios.

O luto era um processo complexo, uma montanha-russa de emoções que a empurrava para baixo, mas também a fazia olhar para cima.

Com o tempo, aprenderiam a conviver com a dor, a aceitar que o luto era uma parte indissociável de sua jornada. Aos poucos, encontrariam forças para honrar a memória, transformando a tristeza em uma chama que a impulsionava a viver intensamente.

E assim, página por página, capítulo por capítulo, escreveriam sua história de luto. Uma história de dor, saudade e superação. Uma história que, mesmo repleta de lágrimas, também trazia consigo a promessa de um recomeço.

Palavras não ditas, ou palavras malditas.

— Minhas crianças saberão nossas aventuras, meus netos saberão seu nome, minha vida estará marcada pela sua presença. — Amber dizia, tentando ser forte — Nossa história não foi para sempre, mas o amor que eu sinto por você será. Você sempre vai ser o capítulo mais lindo da minha vida, Tom Kaulitz.

Com ajuda de Simone e Bill, Amber desce do palco, finalmente desabando em choro. coração parecia pesar uma tonelada, cada batida ecoando tristeza e saudade. Seus olhos, enevoados pelas lágrimas, buscavam desesperadamente por uma visão de Tom, mesmo que soubesse que isso era impossível.

Cada passo dado em direção a cadeira mais próxima era um esforço sobre-humano, quase como se estivesse atravessando um campo minado emocional. A dor era tão intensa que chegava a ser física, um aperto no peito que a deixava sem ar.

Ao ver o rosto sereno de Tom, Amber sentiu uma mistura avassaladora de amor e vazio. O amor, porque cada lembrança juntos inundava sua mente, cada momento compartilhado ecoando como uma melodia doce. O vazio, porque agora ele se fora, deixando um vazio irreparável em sua alma.

Enquanto os outros presentes se aproximavam para oferecer suas condolências, Amber sentia-se como uma ilha solitária em meio a um oceano de lágrimas. Ela se agarrou às lembranças, às promessas quebradas e aos sonhos que nunca se concretizariam. A saudade era uma faca afiada que perfurava seu coração repetidamente, trazendo à tona uma dor indescritível.

Durante o velório, Amber ouvia as mensagens deixadas na caixa postal, onde podia ouvir a voz de Tom.

Bill estava imerso em um oceano de tristeza. Seu semblante era uma máscara de dor silenciosa, e seus olhos transmitiam uma mistura de saudade e desespero.

Cada passo que ele dava em direção ao caixão era como uma caminhada em terreno frágil, onde suas memórias compartilhadas com Tom ameaçavam inundar sua mente.

Enquanto as pessoas se reuniam em torno dele, Bill era um farol de serenidade, mesmo que seus ombros estivessem pesados com a perda. Ele cumprimentava cada pessoa com um sorriso triste, agradecendo as condolências oferecidas.

Seu coração partido se refletia na forma como ele segurava a mão de cada pessoa com um aperto firme, como se buscasse conforto e conexão em meio à dor.

Ao se aproximar do caixão, Bill tomou uma respiração profunda, tentando controlar as lágrimas que ameaçavam transbordar.

Ele olhou para o rosto sereno de Tom, tão semelhante ao seu próprio, e sentiu dor. Suas palavras de despedida foram sussurradas com ternura, como se apenas Tom pudesse ouvi-las.

Durante toda a cerimônia, Bill permaneceu como uma figura solene, apoiando os amigos e familiares que também sofriam com a perda. Ele ofereceu palavras reconfortantes, compartilhou histórias engraçadas sobre Tom e trouxe um pouco de leveza para a atmosfera carregada de tristeza.

Enquanto o velório chegava ao fim, Bill permaneceu ao lado do caixão por mais alguns momentos, como se não quisesse se despedir completamente. Seus olhos fixaram-se no rosto de Tom uma última vez, antes de se afastar com passos hesitantes, carregando consigo um vazio que apenas quem perde um irmão gêmeo pode compreender.

— Colocar os olhos nesse caixão pessoalmente materializou coisas que eu achava que só existiam em pesadelos. — Bill admitiu, fazendo Amber o encarar — Sempre acreditei que ele estaria comigo, onde quer que eu fosse. Mas demorei muito a perceber que eu não estaria com ele.

Quando o caixão se fechou, todos entenderam.

Esse era o fim.

HOLINESS, Kaulitz.Onde histórias criam vida. Descubra agora