Corresponde aos capítulos 2 e 3 de estranhamente.
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A única coisa que vale a pena é fixar o olhar com mais atenção no presente; o futuro chegará sozinho, inesperadamente. É tolo quem pensa no futuro antes de pensar no presente. Mas isso é o que diz Nicolau Gogol, não eu. Isso porque eu sempre temia o futuro e sempre pensava nele porque, nada inesperadamente, ele chegaria como em todos os dias.
Era dia de manutenção. Meu dia favorito depois do fim de semana, que eu estava livre por algum motivo que nunca me explicaram.
Ainda assim mantive o hábito de levantar cedo e ir tomar meu café da manhã. Era um momento sagrado, e digo isso não porque acreditasse e fosse religiosa mesmo com a insistência de papai e mamãe. Dizia por hábito.
Não tenho certeza de que algum deus me faria assim, defeituosa, tendo que sofrer abusos para me tornar normal e nunca chegando a esse ponto.
Entretanto, isso não importa.
Eu estava pensando na bagunça de meu quarto, na dificuldade que teria em achar qualquer quadro ou rascunho que quisesse contemplar ou modificar. Precisava organizar isso urgentemente. Se continuasse como estava, eu teria de dormir na cama.
Eu tinha mais Camila em meu quarto do que espaço para dormir. No entanto, isso era reconfortante. Me sentia segura ali. Imperturbável.
Eu estava no meio de uma contemplação e momento satisfatório com meus morangos quando a vi. Sua presença me assustou, porque era tão perfeita mesmo tentando se despertar e porque não queria que ela me visse e me achasse muito estranha.
Ela me viu. Senti meu coração entrando nos meus pulmões para brigar por sua insistência em não funcionar, e eu nem sabia que isso podia acontecer.
O que ela estava fazendo aqui? Não era hora de mais ninguém acordar.
E ela estava linda. Seu pijama alegre combinava com seu jeito.
Eu soube que teria que interagir de imediato e tentei me programar com as respostas certas.
— Bom dia... – ela disse baixinho.
Sua voz rouca me deixou nervosa, mas me obriguei a tentar não parecer muito estranha. Gogol diz que tal como uma sentença escrita, uma palavra bem aplicada não pode apagar-se, por isso eu precisava causar uma boa impressão.
— Obrigada, bom dia – disse e...
Oh! Ela sorriu!
Ela sorriu tão bonito que todos os meus músculos paralisaram.
Sim, era isso. Camila me fazia esquecer de como funcionar, mas, oh, meu...! Ela iria me ver comendo! Como eu...? Seria normal abandonar tudo e sair correndo para meu quarto?
Tentei me mexer, mas não tive muito sucesso. Camila me causava uma dormência inexplicável.
Olhei meus morangos, já não sabendo realmente se queria comer. Entretanto, Camila passou por mim como se eu fosse ninguém. Ouvi o barulho de tigelas e comida, depois ela passou novamente ainda sem olhar para mim e foi para a sala.
Inesperadamente quis chorar. O que senti era confuso demais. Não queria que me visse comendo, mas queria sua atenção.
Mas ela gostava de mim. Me deu presentes e bom dia. Então... queria me deixar no meu momento. Sim, é isso! Voltei a comer meus morangos segura de que estava segura.
Meu coração bateu ainda mais forte por Camila, inflando e me emocionando. Eu nunca me senti realmente segura.
E não demorou muito até ficar sozinha. Depois de derrubar algo na roupa, murmurando alguma coisa e levando um tempinho até sair.
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LIVRO 2 - intensamente
FanfictionLEIA PRIMEIRO ESTRANHAMENTE!!! Essa é a versão da Lauren dessa fanfic. Conteúdo EXTREMAMENTE sensível, cuidado.