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CORRESPONDE AO CAPÍTULO UM DE ESTRANHAMENTE.

BOA LEITURA

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Estava sendo um dia exaustivo. Li uma vez Mark Caine dizer que o primeiro passo em direção ao sucesso é dado quando você se recusa a ser prisioneiro do ambiente no qual você inicialmente se encontra. Isso se encaixava tão perfeitamente que eu podia sentir o sucesso em meus pulmões misturado a uma esperança que eu desconhecia até ali. Eu me recusava a continuar prisioneira em minha casa original.

Mamãe insistiu. Papai insistiu. Mamãe e papai choraram de um jeito que quase desisti de ir porque eu sempre me sentia mal quando eles choravam. Por isso eu fazia tudo o que queriam, incluindo o que me machucava.

Mas eu não voltei. Juntei as poucas coisas que mamãe deixou que levasse e entrei no carro com ele.

Até deixei que me abraçassem.

— Amanhã cedo eu vou te buscar – Peter disse, mas não me importei em responder.

Não era uma pergunta e nada que dissesse mudaria. Eram condições que me deram para sair de casa.

Ser uma boa aluna e continuar o tratamento. O último me causava algo estranho como um tremor nos ossos, e eu nem sabia que ossos podiam tremer.

Era um tratamento cruel, mas era o que eu tinha para deixar todo mundo feliz.

— Dez minutos – foi só o que disse porque era só o necessário – para chegar lá.

— Estamos chegando – Peter disse – e você sabe que não pode contar para ninguém sobre seu tratamento, certo?

Suspirei quando meus pulmões doeram. Eu sentia coisas estranhas.

— Sigilo – repeti o que sempre me diziam como se eu fosse uma desmemoriada.

— Exato. Chegamos.

Avisei a Dinah. Era sete e vinte e sete e estava em sua porta pontualmente. Eu gosto desse horário.

O que eu não gostava era de barulhos na porta, por isso anunciei minha chegada.

A porta foi aberta e em um olhar rápido vi minhas amigas.

— Hey, Laur! – Normani exclamou, acho que animada. Não sei, já que depois mudou completamente – oi, Peter.

— Olá, garotas – Peter foi educado.

Ignorei. Era ali que moraria, junto com Dinah, Normani e Allyson, por isso entrei sem cerimônias e tirei os sapatos para não levar a sujeira da rua como mamãe ensinou.

Me senti estranha. Sabia que as garotas moravam também com uma amiga que nunca conheci. Coisas novas doem, mas eu tinha que passar por isso.

Ergui o olhar para ver onde moraria. Era um apartamento bonito e estava bem limpo. Parecia confortável para respirar. Encontrei a cozinha a frente, uma mesa e as coisas típicas de uma sala. Encontrei também uma pessoa, e ela era tão...

Era a mulher mais bonita do mundo. Eu sei, não conheci muitas mulheres, mas me senti mesmo muito surpresa que existia alguém mais bonito que Allyson, Normani e Dinah.

Ela era tão, mas tão...

Dentro de mim, tudo formigou e doeu. Era uma dor estranha, fora de todas as dores que já senti. Meu corpo parecia estar sendo esmagado por dentro, fazendo escorrer todo tipo de sentimentos e sensações que não entendi, e de tanto não entender me senti envergonhada, meu rosto ficando quente.

Ela também teve as bochechas rosadas. Isso me desarmou.

O que eu deveria fazer? Ela era tão perfeita para olhar e eu queria... Oh! Eu queria tocar sua pele.

LIVRO 2 - intensamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora