vinte e nove - imediatamente

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Vocês podem ler o 34, 35 e 36, mas o mais importante é o 36

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John Calvin Coolidge, Jr, trigésimo presidente dos Estados Unidos da América, uma vez disse: não podemos fazer tudo imediatamente, mas podemos fazer alguma coisa já; e isso me perturbou porque eu queria tudo imediatamente, principalmente ela.

- Calma, Lauren - Allyson me dizia - vamos ficar bem. Você vai ficar bem. Camila vai ficar bem.

E eu acreditava nela tanto quanto me desesperava porque Camila estava pálida e não se mexia. Eu tive medo de que o "ficar bem" para o caso de Camila significasse a morte porque isso não podia acontecer. Não mesmo! E ali estavam tentando me conter, implorando que eu ficasse quieta e contivesse meu próprio sangramento que eu sinceramente não me importava, afinal, eu já estava sangrando mesmo...

Fiquei com raiva da ambulância e sua incapacidade de nos levar juntas, mas ninguém deu ouvidos aos meus resmungos e só diziam "estamos quase lá, Lauren" e isso foi horrível.

- Eu não me importo com isso! Me soltem! Eu quero Camila agora, imediatamente! - reclamei.

- Se acalme, não pode se mexer - alguém falou, mas eu não queria saber - imobilize ela.

O quê?

Meu corpo ferveu de ódio. Ele já doía, mas piorou exponencialmente quando suas mãos me aperaram.

- Vão com calma! - Allyson, que me acompanhava apesar de meus protestos de que ficasse com Camila, reclamou - toques a machucam e isso é desnecessário. Lauren...

Lauren...? Era tudo o que tinha a dizer? Eu não quero saber de mim!

- Cam-i-la! - eu me desesperei sozinha porque parecia que ninguém se importava. Tentei me soltar e levantar, mas me prenderam e meus olhos choraram como se eu ainda fosse uma criança.

Ninguém se importava com minha real dor. Eu não me importo com qualquer físico que tenha me perfurado, eu só queria saber se Camila, depois de todo o perigo que a coloquei, estava mesmo bem. Queria que ficasse comigo...

- Lauren, me escute - pediu Allyson - Camila está bem. Está indo para o mesmo hospital que você e será cuidada... Você precisa ficar quietinha para não se machucar ainda mais, sabe que Camila não gostaria que isso acontecesse. Ela precisa que se cuide.

E eu? Do que eu preciso?

- Ally... - tentei dizer, mas me senti tonta.

- Ei! Não precisam sedá-la. Ela...

Apertei os olhos fechados. Tudo parecia forte demais ali. Para que tantos bipes? Para que tanta luz? Que dor era aquela? Tentei chamar por Camila para pedir que parasse com tudo aquilo, mas minha boca seca não permitiu.

- Ei... - era a voz suave de Allyson - está acordada?

Tentei abrir os olhos, mas estava muito claro. Era horrível. Parecia que minha cabeça estava em um show psicodélico. Parecia que havia fogos de artifício diretamente dentro de minha mente, tudo brilhando e estourando, me causando vertigem e me impedindo mesmo de saber quem eu sou.

Quem eu sou?

- Um minuto - a voz de Allyson disse e um tempo depois senti algo em meus ouvidos, abafando o som. Arrisquei, por isso, abrir os olhos. Ali estava minha prima e estávamos em um hospital. Cada pedaço de mim doía - melhor assim?

Balancei a cabeça devagar para confirmar e Allyson sorriu, o que eu vi mesmo sentindo estrelinhas explodirem diante de meus olhos. Me lembrei do que aconteceu como se um estopim acontecesse. O delegado. O depoimento. Camila. Tiros.

LIVRO 2 - intensamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora