Capítulo 08

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Karen Faria...


Tudo de ruim já tinha passado pela minha mente, aquele lugar me dava medo, e as possibilidades do que poderia acontecer aqui também. Andamos em direção àquela construção velha e quando nos aproximamos uma criança apareceu numa das janelas, viu Elizabeth, abriu um largo sorriso e sumiu. Aquilo foi estranho, quem será aquela menina? O que ela faz aqui? Será que tem mais alguém nesse lugar?

Logo a menina apareceu na porta acompanhada de uma senhora, a menina saiu correndo em nossa direção e pulou no colo de Elizabeth, parecia gostar muito dela. Já a senhora vinha lentamente até nós com um sorriso fofo no rosto, mais crianças surgiram, de onde veio todos esses pirralhos? O que eles fazem nesse lugar feio e velho com essa senhora? Todos vieram até Elizabeth para abraçar e beijar, por que gostam tanto dela?

- Bethinha! Sentimos sua falta, demorou a vir dessa vez. - A senhora falou a abraçando. - Quem é essa? Sua namorada? - Perguntou se retirando do abraço e olhando para mim, não sabia onde enfiar a cara.

- Não, ela é namorada do meu pai. - Quando terminei a frase a mulher parecia surpresa, e olhava para Elizabeth como se tentasse entender. - Eu disse alguma coisa errada?

- Não minha linda, só estou surpresa da Betinha estar com um ho...

- Então dona Cláudia. - Interrompeu a mulher, sem deixá-la finalizar a frase. - Vim trazer essa mimadinha para conhecer esse lugar, creio que ela precisa disso. Posso levá-la até a pracinha?

- Claro que pode meu bem, essa sempre será sua casa. Vamos deixar vocês conversarem um pouco, enquanto isso vou preparar um jantar bem gostoso e dar banho nas crianças.

Oi? Casa? A Elizabeth já morou aqui? O que é essa senhora com todas essas crianças no meio do nada?

- Obrigada Claudinha. Vamos por aqui Karen.

Pegou em minha mão e me guiou, na lateral da construção tinha um corredor que dava acesso a essa tal pracinha, mas nem sei se poderia chamar ela assim. O estado era deprimente, não havia quase nada, e o que tinha estava inapropriado para uso, tudo velho, enferrujado, quebrado... Não entendo o que ela quer comigo nesse lugar.

- Senta aqui. - Sentou no banco de cimento e bateu com a palma da mão ao seu lado, me indicando onde ficar.

- Mas nem morta, olha como isso está, capaz de desintegrar ou um desses vergalhões entrar na minha bunda. - Cruzei os braços indignada e ela revirou os olhos, se levantou vindo até mim, me puxou e me fez sentar em seu colo de lado.

- Você não cansa de ser tão fresca assim não? - Balancei a cabeça negativamente, senti ela passar os braços envolta do meu corpo me abraçando. - Já sabe que tipo de lugar é esse?

- Não faço a menor ideia. Não entendo também porque me trouxe aqui...

- Bom, vamos por partes. Esse lugar é um orfanato, o orfanato raio de sol, a dona Cláudia é a responsável por ele desde que me entendo por gente. Fui deixada aqui quando tinha 3 anos, me largaram na porta em um cesto com um bilhete dizendo que meu nome era Elizabeth, minha data de nascimento, algumas informações e um recado dizendo que não deveriam me colocar para adoção, pois voltariam para me pegar. Esperei por anos e nunca ninguém apareceu. - Uma lágrima caiu de seu rosto, dava para ver que ainda era um assunto difícil para ela. - Foi aqui que eu conheci seu pai...

- COMO É?

- Sem gritar. - Me encolhi na mesma hora pedindo desculpas, odeio quando ela faz assim. - Mas sim, conheci seu pai aqui. Quando cheguei ele já estava, tinha 6 anos. Cláudia conta que ele não desgrudava de mim um só segundo, quando crescemos nos tornamos melhores amigos. Vivíamos juntos para todo canto, por um tempo todos acharam até que iríamos namorar. - Percebi sua afeição mudar, como se não devesse ter dito essa última parte. - Eu e seu pai fomos adotados juntos, por uma mesma família, ficamos muito felizes pois ganharíamos um lar e não teríamos que ficar separados. Mas eles não eram bons, o homem abusava de mim e a mulher nos colocava para fazer todas as tarefas dela. Cansados, eu e seu pai bolamos um plano e conseguimos fugir, por sorte aquele casal nunca voltou.

Querida ElizabethOnde histórias criam vida. Descubra agora