Capítulo 33

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Karen Faria




Muito estranho essa história da Lucy, sumiu sem dar notícias ou avisar nada a tanto tempo, sempre que passamos por sua casa ela parece estar vazia e abandonada, e de repente ela aparece assim apenas dizendo que quer conversar?

Ela vai ouvir poucas e boas quando a encontrar, e quero todos os detalhes do que houve, não é normal ela fazer o que fez, mas de certa forma estou aliviada, mesmo que tenha sumido a Lucy sempre foi a minha melhor amiga, para quem eu sempre contei tudo, quem sempre esteve do meu lado, ela será essencial na minha vida agora.

Pergunto se podemos no encontrar na sorveteria, ela confirma e combinamos de nos encontrar daqui a meia hora, escolho uma roupa qualquer, tomo banho e me visto, escovo meus dentes e saio de casa. Mando mensagem para ela avisando que sai de casa, diz ela que também está, mas eu acho difícil, nunca vi alguém para andar tão atrasada.

Vou caminhando pelas ruas com uma sensação estranha, meu estômago está embrulhado, sinto um incômodo na garganta e sinto que estou sendo observada, devo estar ficando paranoica de tanto ouvir os exageros da Elizabeth e andar com aqueles soldadinhos grudados em mim como carrapatos para cima e para baixo. É irritante a forma como eles me sufocam, acredito que se pudessem me acompanhariam até no banheiro.

Chego a sorveteria e vejo que a mesma está vazia, há apenas três pessoas e infelizmente nenhuma delas é a Lucy, tomara que ela não me faça esperar demais, sabia que deveria ter fingido que estava na rua enquanto ainda ia tomar banho, mas se bobear ainda assim teria que esperá-la. Me senti em uma das cadeiras postas do lado de fora, um dos funcionários vem para me atender mas decido esperar a chegada dela.

De repente as mensagens já não chegam mais e o telefone da como se estivesse desligado, vou matar essa vagabunda. Enquanto estou no celular tentando ligar para ela, sinto mãos pesadas pousarem sobre os meus ombros, me viro e antes que possa olhar quem seja meu rosto é coberto por um saco preto. Me pegam no colo e sou levada até um carro, não consigo ver nada mas consigo discernir por conta dos bancos.

Sinto dois corpos, um de cada lado sentados comigo no que deve ser o banco traseiro, um segura o saco enquanto o outro prende as minhas mãos com uma corda grossa. Respirar ficava cada vez mais difícil ainda com os furos do saco, assim que terminam de me amarrar retiram o saco da minha cabeça, puxo o ar profundamente, procuro rostos mas todos estão encapuzados e com o rosto coberto, mas não da mesma forma que antes, aliás, olha que azar, sequestrada mais uma vez, acho que bati o recorde desse ano. Um deles pega uma garrafinha de água, abre e despeja na minha boca com cuidado, será que são os mesmo que me sequestraram da outra vez?

Me colocam uma venda, fico o caminho todo em silêncio, não demora descemos do carro às pressas e fomos para outro, neste momento eles me tiram a venda, tento ver onde estamos mas não vejo nada além de uma mata alta e seca. Entramos no segundo carro. Continuamos numa estrada de terra, e esse mato alto parecia não ter fim, a todo instante eles olham para trás provavelmente verificando se alguém está nos seguindo, depois de dez minutos o que está dirigindo fala.

- Ok pessoal, já podem tirar. - Reconheço essa voz e infelizmente minha suspeita se confirma no mesmo momento quando ele tira a máscara e o capuz. - E aí pretinha, saudades da gente? - Olho para os lados e vejo que estão quase todos no carro, nem consigo acreditar.

Fico um tempo tentando raciocinar e entender o porquê disso tudo, nunca imaginei que fossem capazes de algo assim. Eles me soltam e eu continuo ali, com a mente distante, chegamos a uma fazenda antiga porém muito bem cuidada, eles me levam até lá pelos fundos dando acesso direto a cozinha.

- Sente-se, está com fome? - Eles agem como se nada tivesse acontecido.

- Por que? - É a única coisa que consigo dizer, isso não entra na minha cabeça.

Querida ElizabethOnde histórias criam vida. Descubra agora