Capítulo 11

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Elizabeth...


Eu não queria que ela tivesse escutado aquilo, não sabíamos que era ela ali, pensamos que fosse outra pessoa. Ela deve estar me odiando tanto, eu só queria poder contar a verdade para ela, mas teria que contar não só que estávamos fingindo mas também o motivo disso, e infelizmente nem ela e nem ninguém pode saber, não até descobrirmos quem é o traidor que está nessa casa. Óbvio que não desconfiamos de Karen, mas é arriscado que ela saiba, será melhor assim por enquanto, eu só não queria que ela ficasse assim comigo... mas quem eu quero enganar? Uma hora ou outra ela teria esgotado a paciência comigo, eu tenho sido uma idiota com ela e não tenho como negar isso. Sei que ela me quer, é nítido e ela não faz questão de tentar esconder isso de mim, o que ela talvez não saiba é que eu a desejo na mesma intensidade, talvez até mais. As vezes não me controlo, meu desejo por ela é tão grande que quando me dou conta já fiz algo que não deveria ter feito. Nem eu sei bem o porquê de a desejar tanto assim, claro que ela é linda, mas beleza física nunca foi algo com que me importei, sempre liguei mais para o interior das pessoas. Prezo tanto por pessoas humildes, caridosas, atenciosas, generosas... e acabei ficando interessada por uma riquinha, mimada, egoísta, que só pensa em si mesma e ainda é filha do meu melhor amigo gay, está bom ou quer mais? Vocês não imaginam como é difícil resistir a ela, ter que juntar forças de onde não tenho para afastá-la e cortar o momento. Dormir ao seu lado me deixa tão feliz e ao mesmo tempo tão triste, porque ela está tão perto mas ao mesmo tempo tão longe, queria que as coisas fossem mais fáceis.

Eu jamais esperaria que um dia ela fosse falar e agir daquele jeito comigo, foi tão fria, seu olhar escuro e vazio sobre mim, sua afeição fechada sem esboçar nenhuma reação, e suas palavras duras... tudo isso junto me deu a sensação de ter facas sendo enfiadas em meu peito. Eu procurava em seu olhar o brilho que tinha ao me ver, mas esse não estava mais lá, seu lugar foi tomado pela escuridão. Quando sai de cima dela e fui para o banheiro, tranquei a porta e me sentei na janela, fui tomada por pensamentos e lembranças que reprimia a muitos anos. Voltei para o quarto depois de meia hora apenas, ela já estava dormindo, como se nada tivesse acontecido. Me sentei numa cadeira encostada na parede que me permitia vê-la dormir, foi ai, que velando seu sono tranquilo, chorei. As lágrimas caíam sem parar e em silêncio eu chorei durante toda a noite e madrugada, nem dormi. Estava perto da hora dela levantar e eu não queria que ela visse meu estado, fui para o quarto do Anderson e tomei um banho quente, nem preciso dizer que ali mais lágrimas escorreram junto com a água. Mas tentei não demorar, queria falar com ela antes de sair, ver se sua raiva já havia passado, mas quando cheguei na porta tive certeza que não.

- Espera, não tranque... eu disse que voltava. - Falei para Joana que estava rodando a chave no trinco da porta do quarto dela.

- Desculpe senhora Elizabeth, mas a minha menina foi bem clara em dizer que não queria ver ninguém, principalmente a senhora... Ela não está bem, nunca tinha visto ela desse jeito e não gosto disso.

- Tudo bem, sei que só quer o bem dela. Vou dar o tempo que ela precisa e depois tento conversar.

- Sim, faria de tudo pela minha menina. Não é nada pessoal.

Sorri para ela dando dois tapinhas em seus ombros, não estava nem um pouco afim de comer nada, sinto que se comer algo vou vomitar, sempre foi assim quando algo me deixava mal, meu corpo respondia me deixando doente. Já que não ia comer e ela não queria me ver, iria passar o dia trancada no quarto, mas antes que eu voltasse Anderson surgiu a minha frente com uma mala de viagem, tinha acabado de chegar.

- Bom dia, já acordada? - Perguntou me dando um abraço, acenei positivamente com a cabeça, não ia contar a ele que não dormi por conta dela.

- Chegou agora?

Querida ElizabethOnde histórias criam vida. Descubra agora