Capítulo 15

637 43 53
                                    

Elizabeth...


- Então, qual das duas passará a noite aqui com ele? - O tal do doutorzinho perguntou.

Karen logo se prontificou mas eu não poderia deixar ela aqui sozinha, ainda mais nesse estado. Ela pode ser maior de idade mas viveu numa bolha por muito tempo, nem saberia lidar muito bem com questões burocráticas mas principalmente emocionais.

- Nós duas vamos ficar. - Corrigi ela.

- Desculpe, mas só pode ser uma de vocês, temos que evitar o contágio de algo que possa prejudicá-lo.

- Não me interessa, vamos ficar as duas. - Saudades de usar meu tom firme, quase me esqueci de como usá-lo desde que Karen o fez comigo. Mas acho que não perdi o dom, já que o doutorzinho abaixou a cabeça e acatou sem questionar saindo do quarto.

- Adoro quando você fala assim, sabia? - Karen disse baixinho no meu ouvido vindo por trás. - Fica tão sexy, se não fosse a situação te foderia agora, bem aqui nesse quarto. - Suas mãos apertaram minha cintura e eu mordi meus lábios com força. - Gostosa! - Recebi um tapa firme na nádega esquerda, e ela se afastou se jogando na cadeira de acompanhantes. - Se nós duas vamos ficar aqui, onde a gente vai dormir? Só tem uma cadeira para acompanhantes.

- Vou ver se eles trazem outra, caso não vamos ter que dividir.

- Você está brincando né? Vou ter que dormir numa cadeira e ainda dividir ela com você?... A que ponto chegamos?

- Deixa de ser mimada! Sei que adora dormir comigo.

- Não queria bem dormir né... mas nem tenho cabeça para isso agora, só quero sair daqui com meu pai bem. Mas você ainda está me devendo uma transa dona Elizabeth.

- Não te devo nada, você é quem me deve um orgasmo querida. Mas chega, aqui não é hora nem lugar.

- Sei que está certa... Mas quando voltarmos resolverei isso. - Sorriu pela primeira vez desde que recebeu a notícia de seu pai, um sorriso fraco mas ainda assim um sorriso. - Quer algo? Joana colocou comida para cem pessoas aqui, ela exagera as vezes. - Perguntou mexendo na bolsa que Joana preparou para ela.

- Depende, se tiver algo que preste ai eu vou querer sim.

- Agora eu estou comendo bem ok? Ou um pouco melhor pelo menos... Aqui. - Disse me estendendo um pote de vidro, dentro tinham dois sanduíches naturais e algumas frutas. - O que você quer beber? Se quiser algo diferente posso comprar e trazer para você.

- Nossa, realmente está se alimentando melhor, eu fico feliz por isso... A mudança na sua alimentação está melhorando até o seu humor, está até prestativa.

- Também não vou te trazer nada, chata.

- Vai sim, eu quero um suco de laranja com pouco açúcar mocinha.

- Já disse que não vou te trazer nada - Disse antes de passar pela porta e a fechou.

A energia desse quarto está caótica, me sinto mal só de lembrar da real situação em que estamos, queria tanto que fosse apenas o acidente e logo pudéssemos voltar para casa. Mentir para Karen me faz tão mal, por um lado penso que estamos fazendo isso para protegê-la, saber da verdade pode proporcionar riscos para ela, mas de certa forma não saber de parte da verdade também pode, mas ela não está pronta ainda. Já disse a Anderson que não devemos esconder dela sobre a empresa e que há alguém infiltrado na casa, mas também preciso concordar com ele quando disse que ela não está pronta para isso, não tem maturidade ainda e precisa aprender muito. Enquanto ela não sabe se defender e cuidar de si mesma, farei isso por ela, minha vontade é de guardá-la em meus braços para que nada a machuque nunca.

Querida ElizabethOnde histórias criam vida. Descubra agora