1O.

353 50 3
                                    

O sol brilhou em uma poça de amarelo, engolindo o mar como um todo em um abraço que beijou a ferida do corpo de Yeseul.

O domingo costumava vir com as cortinas fechadas impiedosamente contra o dia, contendo a escuridão que traria uma cabeça cheia de vazios e um corpo de cansaço, sem paixão, embora alguns digam que somos feitos de poeira estelar.

Outros ficavam parados no chão, esperando o tempo passar rápido até se dissolver na noite. Mas Yeseul se sentiu feliz no momento em que abriu os olhos naquele dia. Seu cansaço logo passou quando ela lembrou que seu web amigo havia lhe enviado uma mensagem de voz pela primeira vez. Embora a voz dele soasse distante porque ele estava ocupado limpando o quarto, ela ainda assim recebeu tudo como um abraço desesperadamente necessário.

Ele juntaria suas palavras tão delicadamente para Yeseul, como se ela fosse o começo da primavera. Ele também havia falado sobre um piquenique na praia, então Yeseul decidiu em seu coração que ela faria o mesmo.

Ela usava um vestido cor de pêssego que foi um presente de aniversário de sua mãe que ganhou quando ainda morava com a família, antes de ir para o Campus. Seu chapéu era uma necessidade, assim como sua cesta cheia de almoço que ela havia preparado para si mesma.

A caminhada em direção à praia foi serena. Carros passavam zunindo por ela, e o ar emaranhava seu cabelo suavemente, até que seus olhos teimosos foram forçados a se afastar do mar por um chamado vindo de trás. Ela virou a cabeça, os olhos encontrando um sorriso familiar. Ela olhou para o rosto do menino, junto com a companhia ao lado dele, ambos andando de bicicleta. Yeseul sentiu seu coração cair em um buraco. Não por sentimentos sombrios, mas porque ela desprezava a ideia de encontrar seus colegas de escola fora do campus. Embaraçoso.

— Ei, Yeseul. — Hyunjin sorriu com mais honestidade. — Indo em direção à praia?

A garota mal disse nada, quando Jeongin entrou na conversa. Ele timidamente olhou para ela, depois para a cesta que ela segurava.

— Noona. Você quer se juntar a nós? Nós dois não almoçamos conosco, e andar de bicicleta até aqui me deixou com fome... — Ele terminou a frase em um sussurro, como se fosse para ele mesmo.

— Pessoal... — Yeseul suspirou. — Isso deveria ser um piquenique solo na praia para mim.

Hyunjin se aproximou, seus olhos se recusando a se afastar dos olhos da garota.

— Bem, péssima idéia. — Antes que ela pudesse entender o que ele queria dizer com isso, o menino pisou fundo no pedal, tirando o chapéu da cabeça dela. — Aposto que você precisa disso para curtir o mar. — Ele ergueu a mão, o ar alegre abafando a estática dos ouvidos de Yeseul.

Sem pensar duas vezes em sua mente, Yeseul correu, perseguindo o menino que descia a ladeira, virando-se para o estande de bicicletas, o riso escapando de sua boca como uma canção de verão.

O céu que beijava o mar era de um azul brilhante, mas conforme o tempo avançava, e como Yeseul não conseguia encontrar a pausa para sua perseguição, ele mudou para tons de amarelo e laranja. Até que ela finalmente pegou o chapéu.

— Eu ganhei! — Yeseul abraçou o chapéu, com um grande sorriso e seus olhos brilhando. Hyunjin não pôde deixar de espelhar a felicidade em seu rosto.

— Mas você demorou muito.

A frase simples fez com que seu aborrecimento surgisse em seu rosto. Ela chutou a água que bateu em seus pés, molhando a camisa de Hyunjin. Ele olhou para cima, um brilho de malícia percorrendo seus olhos. Yeseul recuou, mas antes que pudesse se mover em sua direção, ela agarrou um punhado de areia, jogando-o no garoto, que agora estava com o cabelo arruinado.

— Oh não. É hora de orar por sua vida.

Hyunjin correu, e a garota também, a testemunha do sol poente de sua euforia. As ondas quebravam atrás deles, e eles se sentiam como se estivessem em casa.

Hyunjin agarrou a mão de Yeseul, puxando-a para perto, mas ela lutou, seus olhos observando a expressão no rosto de Hyunjin. Ela notou a pintinha embaixo de seu olho, que se escondia sob a ruga de seu sorriso. Hyunjin murmurou as palavras ‘peguei você’ mas o êxtase do momento era tão alto, que ele a puxou ainda mais contra sua atração, até que ela tropeçou na areia macia, seus corpos próximos quando a queda veio.

Yeseul fechou os olhos, a queda tão repentina que assim que caiu no chão não conseguiu conter o riso. Quando ela abriu os olhos, seu olhar se encheu de Hyunjin que estava em cima dela, com os cabelos desgrenhados e um sorriso infantil provocando-a. Ela prendeu a respiração, o sorriso caindo solto e desfeito. O tempo parecia tão, tão lento, como se pudessem ficar se encarando pelo resto da noite.

— Poderia estar mais perto. — Hyunjin falou, limpando a garganta. E naquela fração de segundo, Yeseul lembrou-se da mensagem de voz que ouviu na noite anterior.

Ela apenas observou, enquanto era puxada de pé pelo garoto que havia entrado em sua vida como um prenúncio desconhecido. Um prenúncio de esperançosamente algo bonito.

E Hyunjin não conseguia parar de pensar em Yeseul naquela noite. Ele sentia uma vibração de algo novo em sua alma sempre que relembrava o sorriso dela naquela noite encharcada.

 Ele sentia uma vibração de algo novo em sua alma sempre que relembrava o sorriso dela naquela noite encharcada

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
𝐋𝐎𝐕𝐄𝐑 𝐁𝐎𝐘. hwang hyunjinOnde histórias criam vida. Descubra agora