Oymyakon -Rússia.
20:30 pm/ 03:00 am
Depois de alguns minutos, conseguimos avistar minha casa, bem pequena como é comum nas casas e apartamentos aqui. Damos muito valor às varandas, pois costumamos ser acumuladores, e na minha casa havia uma varanda enorme. De longe, conseguia ver os longos casacos peludos pendurados e outros itens na parede do lado de fora. Brian estaciona na porta, e ao sair, consigo ouvir uns gritinhos finos correndo em minha direção, tropeçando sobre a neve.
— Vai com calma, garotinha. — era minha irmãzinha caçula, a Anne. É impossível não nos vincular na aparência; ela tinha a cor do meu cabelo, um preto escuro, olhos castanhos claros, assim como os meus, e vários outros aspectos. Entretanto, nossa mãe tinha o cabelo diferente do nosso, um castanho clarinho, e seus olhos eram azuis. As pessoas sempre diziam que éramos a cópia do nosso pai, embora nunca tivéssemos a oportunidade de conhecê-lo em vida. Tínhamos apenas uma fotografia para constatar isso. Ficamos apenas os três depois de sua morte, e logo surgiu o Brian para acrescentar à família. Como perdemos o pai muito novos, o Brian entrou em nossas vidas na infância; ele era considerado um de nós.
Me agacho para pegá-la e a envolvo em meus braços, dando vários beijinhos, enquanto ela colocava suas pequenas mãozinhas na frente para impedir os ataques de beijos, gritando por ajuda.
— Pare vocês dois, não viram o horário? — Alicie, minha mãe, a retira do meu colo e me abraça de lado, com a Anne pendurada no outro lado do seu quadril. Depois, cumprimenta o Brian e segue para a varanda.
— Entrem, meninos, está muito frio. — essa frase era sempre cômica, pois aqui é sempre frio e ela sempre repetia isso, seja qual dia for e horário. Eu e Brian sempre repetíamos a frase. Inconscientemente, nos entreolhamos; um olhar entre nós dois era o suficiente para saber o que cada um estava pensando. A seguimos para dentro de casa, rindo desse ciclo que minha mãe repetia todos os dias. Ao fechar a porta, Anne desce e fala algo em meu ouvido. A mesma sai correndo pela casa e sobe as escadas. A sigo com o olhar até sumir no último degrau. Quando volto meus olhos para minha mãe, ela já estava me esmurrando freneticamente. Tento cobrir com os braços os ataques, afastando-me a cada tapa que levava. Brian se acomodou na cozinha e estava se servindo, admirando a cena. A sala ficava de frente para a cozinha; os cômodos eram todos conectados.
— Seu... você queria nos matar do coração! Você acha que tem o direito de nos deixar e ainda nem teve a decência de avisar que estava no hospital? — continuo protegendo alguns pontos.
— Como iria avisar se estava desacordado? — isso irritou ainda mais essa senhora mãe, e de uma hora para outra seus tapas ficaram mais doloridos.
— Não interessa! Se não fosse o Brian... — fala gritando. Após mencionar Brian, ele levanta a cerveja para cima, brindando a ele mesmo e rindo da situação.
— Mãe, olha o horário! Vai acordar os vizinhos. — usei suas próprias palavras contra ela. Acabo falando, rindo, e isso a deixa estressada. Sua cara emburrada era algo fofo a se contemplar.
— Vocês dois acham isso engraçado? O que seria de nós sem vocês? — por um momento, ela para. Vejo que seus olhos estão lacrimejando e acaba escorrendo uma lágrima. Até conseguia entender sua preocupação; depois do papai, perder alguém era seu maior medo.
— Eu não vou a lugar nenhum, mãe! Não se preocupe. — a puxo e a abraço bem forte. Sua estatura pequena faz com que sua cabeça fique enterrada um pouco abaixo do meu peito.
— E eu não deixaria! Te puxaria pelos cabelos, seria capaz de cometer prostituição para te trazer de volta. — Brian continua viajando, fazendo várias demonstrações de como faria isso, quebrando completamente o clima e nos fazendo rir dele. Eu e minha mãe nos soltamos e o acompanhamos, sentando na mesa e pegando algumas bebidas. Antes de sentar, chuto o pé da cadeira de Brian, pois ele tinha o costume de usar a cadeira como balanço, deixando apenas as duas bases de trás no chão e a da frente levantada. Após isso, ele se sustenta rapidamente, colocando as duas mãos na mesa para se apoiar e não cair.

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Jᥲᥒᥱᥣᥲ᥉ d᥆ Tᥱ꧑ρ᥆
Fiction générale.... A ambiguidade do início de um ciclo pode gerar incertezas sobre quando se inicia efetivamente, especialmente quando se considera a teoria do caos. Essa teoria se revela na vida de Jake Petrov, um personagem que vive uma luta constante entre a i...