19-𝙾 𝚎𝚗𝚌𝚊𝚗𝚝𝚘.

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Hi, Leitores do tempo!! Não esqueçam de colocar a música.

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𝗡𝗮𝗿𝗿𝗮𝗱𝗼𝗿:𝗝𝗮𝗸𝗲

Observo Clark sair pela porta, um pouco desconfiado. Meus sentidos gritavam, dizendo que havia algo errado com toda essa história; só não sabia discernir o que seria. Algo nela estava diferente, assim como nossa relação, como se eu tivesse perdido o momento em que nos reconciliamos. Até mesmo eu estava mudado. Tentando recapitular tudo, sinto uma vontade desesperadora de chorar, e ao vê-la sair da sala pela primeira vez, a solidão me invade. Estava sozinho, e odiava essa sensação; Dentro de mim, tudo estava completamente vazio; não sentia destreza, tristeza, raiva, não sentia absolutamente nada, nem mesmo dor,  não dor física, mas da alma. Viro-me para o outro lado da cama, cobrindo meu rosto com o cobertor, desabo a chorar descontroladamente, soluçando.

— Por que você está chorando, imbecil? — minha voz sai abafada enquanto limpo as lágrimas, irritado por estar derramando sem motivo algum.

— Você está com dor, Petrov? — a enfermeira pergunta, entrando no quarto e abrindo todas as cortinas. Eu espio apenas pelo buraco do cobertor, sem intenção de retirá-lo.

— Faria diferença se não puder tratá-la? — não valeria a pena explicar a dor por um motivo inexistente, então prefiro não perder meu tempo nem o dela.

— Onde dói? — ela se aproxima, mas estendo a palma da mão, pedindo para parar.

— Não é da sua conta — volto a minha mão para dentro do cobertor, como se estivesse em um casulo.

— Jake, você tem que cooperar. Seu acidente foi grave; temos que te observar durante dois dias, então qualquer dor que você sentir é de extrema importância que nos relate. Seu cérebro teve bastante desgaste.

— Não ligo, que ele se frite  por completo. Aproveite e feche as cortinas. Ah, e traga algo decente para comer — descubro os cobertores rapidamente para fazer as exigências e derrubo acidentalmente o vaso de cravos, que estava um pouco próximo da cama. Um arrepio percorre meu corpo, me deixando estático, olhando os estilhaços e as flores partidas.

— Clark — a palavra sai baixinha, e nem sei o motivo por tê-la proferido. Talvez por ela ter me presenteado com elas, fico imóvel, olhando com um olhar vago.

— Ainda está de dia e não sou sua empregada... — ela para de falar e observa atentamente o que eu estava observando.

— Jake — não consigo responder seu chamado, pois estou em um transe. "Ela deve estar bem; não é nenhum presságio ruim, e ela acabou de sair daqui. Está tudo bem", fico devaneando.

— Convulsão silenciosa — a enfermeira vem ao meu encontro, um pouco desesperada. Eu sei o que é uma convulsão silenciosa e não estou nem perto disso. Ao contrário das convulsões tônico-clônicas, as crises de ausência não causam convulsões ou outros sintomas dramáticos. A pessoa não cai, não ocorre colapso, nem apresenta movimentos espasmódicos. Por outro lado, há episódios de olhar vago, mas, com ele, há contrações musculares faciais e olhos piscando.

— Tem certeza de que você é enfermeira? — volto o olhar para ela, franzindo a testa, incrédulo com toda a cena. Ela fica irritada.

— Você é um... Jake, no seu caso, convulsões podem acabar ocorrendo. Há dois dias, foi registrado na sua admissão um episódio de convulsão. Então, não faça gracinha — altera um pouco o tom de voz, irritada pela minha pergunta, que era até plausível no momento. Agora, com sua resposta, fico mais confuso do que quando acordei. "Quem é internado duas vezes na mesma semana e não lembra?"

Jᥲᥒᥱᥣᥲ᥉ d᥆ Tᥱ꧑ρ᥆Onde histórias criam vida. Descubra agora