7-𝙰𝚕𝚐𝚘 𝚒𝚗𝚎𝚜𝚙𝚎𝚛𝚊𝚍𝚘

31 11 11
                                        

Flashback's
____________________________________

— Mãe, está na hora de deixarmos ela ir. — Aproximo-me, estendendo os braços para pegar o corpo de Anne, levantando-a com todo cuidado. Brian vai até a cama, pega um lençol e entrega em minhas mãos. Dobro o tecido e começo a embrulhá-la. Não consigo conter as lágrimas; o rostinho dela estava todo ferido e coberto de sangue. Mesmo colocando o pano sobre seu corpo, os ferimentos eram tantos que o sangue escorreu para fora do tecido. Levanto com Anne em meus braços. Minha mãe entra em desespero e pede para que eu lhe dê mais tempo. Então, devolvo-a cuidadosamente. Ela estava em estado de choque, balbuciando repetidamente as mesmas palavras. Brian continuava em pé ao meu lado, segurando meu ombro, enquanto Cilia saía do alojamento, desnorteada.

— Eu sinto muito, meu amor, por favor, volta para a mamãe. — ela balançava o corpinho de Anne de um lado para o outro. Não conseguia ver a cena; cada músculo do meu ser estava doendo, e meu coração mal cabia dentro do peito.

— Como não pude notar isso? — Brian retira sua mão do meu ombro e caminha em direção à porta do quarto para sair. O interrompo de imediato.

— Ninguém de nós notou; a culpa não é sua. — não poderia deixar que esse fardo caísse sobre ele. Falo segurando seu braço, enquanto ele estava de costas para mim.

— Era o meu dever saber! Sou um guardião, droga! O equilíbrio estava sendo deturpado com magias e rituais bem na minha frente, e meu poder não conseguiu detectar isso. Sinto muito. — ele coloca suas duas mãos em seu rosto. Não vi seu rosto, mas sabia que ele estava chorando e entendia seu sentimento; para ele, éramos sua única família. O abraço com força.

Não insisti mais e o deixei ir; Brian precisava de um tempo, assim como todos aqui. Voltando para onde minha mãe estava, passei perto do corpo de Rick, que estava espalhado por toda parte, todos os seus restos. Parei perto do seu corpo, invocando minha técnica. Estendendo uma mão e segurando a outra como se fosse atirar um arco e flecha, miro nele e solto em seu corpo. Todas as gotículas de sangue e matéria começam a retroceder, cada pedaço se juntando, como montar um quebra-cabeça, até que, enfim, ele está montado, como se nunca tivesse sido esmagado a mil pedaços. Esse era meu poder de reversão, que faz tudo no espaço-tempo desaparecer ou reaparecer. Meus poderes emanavam cores pretas que envolviam todo meu corpo, com várias marcas no braço da mesma cor.

Ao terminar, faço uma cicatriz em sua testa em forma de um ponto, para que seu corpo não se decomponha até entregarmos ele para os líderes da Eclosão, que cuidavam de pessoas como ele, que se envolviam com poderes obscuros. Essa fonte de poder era desconhecida por todos, embora deixasse traços de destruição e dor por onde tocava, pois requer sangue. Se esse poder foi convocado, só pessoas como eles saberiam lidar se algo novo fosse criado através desse poder. Eles eram essenciais para casos assim, pois possuíam o poder de entrar na mente da pessoa, mesmo ela estando morta, revendo toda sua vida até o ponto de seu falecimento. Pego seu corpo e jogo sobre meus ombros para levá-lo para baixo. Enquanto caminho em direção à saída, continuo a ouvir os prantos e súplicas da minha mãe. Como me odiava naquele momento! Queria poder tirar sua dor, mas não conseguia nem controlar a minha. Deixaria ela se despedir o quanto tempo fosse necessário e a deixo lá sentada sobre o chão, com nossa menininha em seus braços.

____________________________________

Quando retomo a consciência novamente, vejo que, nesses momentos de apagões, estava recordando da minha outra vida. Percebo que lágrimas escorrem sobre meu rosto, não por medo, mas ver que esse foi o fim de Anne fez algo dentro de mim se enfurecer. Não deixaria que ele repetisse a história novamente; estaria disposto a dar minha vida, lutaria até o fim para detê-lo. Ao procurar Rick, consigo vê-lo pela sala, fazendo vários símbolos no chão com seu sangue e falando uma língua morta, repetindo-a várias vezes.

Jᥲᥒᥱᥣᥲ᥉ d᥆ Tᥱ꧑ρ᥆Onde histórias criam vida. Descubra agora