Hi, leitores do tempo.
Não se esqueçam da regra 🎵🎵.
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𝙉𝙖𝙧𝙧𝙖𝙙𝙤𝙧: 𝘾𝙡𝙖𝙧𝙠.
A tempestade estava longe de passar. O uivar do vento era estridente, e a noite parecia interminável. Depois de um tempo, tentei retornar ao mar, mas ele me expulsava como se dissesse que eu não era mais bem-vinda e que o que procurava nunca poderia ser encontrado. Retornei a deitar na areia, que agora estava coberta de neve. Meu corpo, aos poucos, estava congelando; logo parei de sentir o frio. Dizem que esse é o estágio da morte, quando você não sente mais dor. Era até reconfortante, mas meus pensamentos gritavam para que eu me levantasse: "Lute, Clark, você precisa sobreviver." Na verdade, não queria sair daqui, não queria deixar tudo para trás. Meu instinto de proteger era mais forte, até mesmo à beira da morte. Mesmo com a dor intensa que embrulhava meu estômago a ponto de eu sangrar, não queria abandoná-los. Desta vez, teria que fazer algo que há muito negligenciei. Não importava o que aconteceria comigo, mas sim com as pessoas ao meu redor. Então lembrei: "Da próxima vez que lutar, lute por você." Essa não foi a primeira vez que sua voz ecoou essas frases em minha cabeça. Para o meu próprio bem, às vezes precisamos partir com vontade de ficar.
Sento-me novamente, cambaleando, fixando meus olhos no mar agitado. Minhas sobrancelhas se juntam, a testa se franze, os lábios se apertam, a mandíbula fica tensa e as narinas se projetam para fora. Tudo que sinto é raiva, raiva de ser inútil, raiva por perder meu filho dessa forma, raiva por não conseguir ajudar Jake, raiva por confiar na pessoa que amava, raiva por amá-lo. E, é claro, não posso me esquecer dela, mas meus sentimentos por ela são mais intensos e agressivos. É um ódio evidente, um ódio que perdurará até que eu me vingue e, mesmo depois disso, não será suficiente.
—Atlanta, não ouse se esquecer de mim, pois voltarei. E reze para que não te encontre — grito para o mar, esperando que ela escute. Faço um triângulo com meu sangue ao meu redor e clamo: —Portões, se abram! Pai Paladino, pai dos seus, como um só somos e por toda a eternidade levantaremos a espada da justiça. Rogo por socorro; lembre-se de sua filha. — A cada palavra, soluço, pausando para conseguir pronunciá-las corretamente. Esse canto era uma súplica dos guardiões em última instância, para que nossos irmãos pudessem vir ao nosso encontro.
—Por favor, Paladino, eu preciso viver — agarro minhas pernas, deitada e assolada pelo desespero. Meu medo é que até eles me abandonem quando mais precisar, pois já deveriam ter sentido a desordem que causei. Minha aliança com a ordem foi rompida, pois minha linha do tempo foi religada, me tornando meio humana novamente.
—Por favor, por favor, escutem meu clamor — sussurro, com lágrimas cobrindo meu rosto. Por alguns minutos, não obtive resposta. Então grito, estridentemente. De repente, ao redor do triângulo, uma luz irrompe, subindo até o céu e clareando aquela noite escura. Os feixes de luz verdeados. Ao olhar para minhas mãos, vejo que estão desaparecendo, pedaço por pedaço; estão me transportando para casa. Um sentimento de alívio inunda meu ser, mas a tristeza também me consome. Chorar é a única coisa que consigo fazer. Sento-me, olhando para o mar, enquanto aos poucos vou desaparecendo. Pude notar que alguém se arrastava para fora dele com dificuldade. Seus braços estavam pendurados, como se estivessem quebrados. Quando chegou à margem, pude ver que estava todo ensanguentado. Ele cai de joelhos e fixa os olhos nos meus.
—Consegui ver você uma última vez — ele sorri de canto e cai prostrado ao chão.
—Éclon? — Tento me colocar de pé, mas ao avançar, desapareço por completo.
Ao ser transportada para o meu mundo, caio no chão, deitada. Ao meu redor, vários guardiões passam, logo percebendo que algo estava errado comigo e vindo prestar socorro, até que um deles me reconhece.
—Clark? Como você... pelo guardião... — Naya se aproxima e me coloca em seu colo. Por sorte, ela era uma das que possuíam a ferramenta da cura, uma das raras guardiãs que a tinham em sua posse. Diziam que pessoas puras e ingênuas eram as mais suscetíveis a empunhá-la.
—Naya, eu preciso voltar; não posso perder eles também — seguro sua mão enquanto ela executa seu poder em mim.
—Não, você não pode voltar assim. — Enquanto me cura, os guardiões se afastam, abrindo espaço para que nosso líder, Gardan, se aproxime. Todos se colocam de joelhos e abaixam a cabeça, exceto Naya, que continua a me ajudar.
—Deixe-a; ela é uma Nefilim (desertora).
—Senhor, sem isso, ela irá morrer — embora Naya nunca desafiasse uma ordem superior, mesmo fazendo isso, conseguia agir com doçura.
—Não foi o senhor que atendeu meu pedido? — pergunto, atordoada, mas ele não responde.
—Ele me salvou mais uma vez. — falo com a voz rouca, embargada de choro. Logo não consigo me conter, grito e choro aos prantos. As lágrimas rolavam incessantemente, e as lembranças do nosso tempo juntos ecoaram. Essas memórias seriam eternizadas em mim; mesmo que dissesse a mim mesma que iria esquecê-lo, uma parte de mim sabia que seria impossível desprender-me dos meus sentimentos por ele. Naya me aperta mais contra seu corpo, tentando me acalmar.
—A última coisa que disse a ele foi para nunca mais aparecer em minha frente. Eu não respondi que também o amava, Naya. Esse não pode ser o nosso fim; ele não pode ter morrido também. Por favor, salve-o. Gardan, por favor, eu troco minha vida pela dele. — todos estavam atônitos com meu desespero.
—Levem-na para a triangobina — diz Gardan, se virando de costas e nos deixando ali.
—Não! Senhor, escute! Me deixe voltar; eu posso ajudá-lós! — grito, sendo ignorada. Ele continua sua caminhada sem hesitar, e todos abaixam a cabeça em condolência ao passar por eles.
—Seu desgraçado! Você tirou tudo o que eu tinha uma vez; você me deve séculos inteiros! — ele para quando termino a frase.
—E agora estou te salvando. Quem deve quem agora? — Ele continua de costas e desaparece em frações de segundos.
—Sua maldição! Desgraçado! Você é uma desonra aos paladinos! — berro incessantemente. Naya, movida pelo desespero e tendo que obedecer à ordem, toca em minha cabeça, fazendo-me dormir. Reluto, fechando os olhos calmamente. Minha respiração ofegante faz meu peito subir e descer rapidamente.
—Não posso perdê-lo também... Naya, o Jake, ele está sozinho agora. Por favor, eles precisam de mim — repito a frase várias vezes, baixinho e sonolenta, até apagar por completo. Ao fundo, escuto Naya.
—Desculpe, Clark — ela olha para o céu, e eu a acompanho. Pela primeira vez, o céu não era mais colorido, cheio de vida; o verde brilhante estava apagado.
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Jᥲᥒᥱᥣᥲ᥉ d᥆ Tᥱ꧑ρ᥆
Ficção Geral.... A ambiguidade do início de um ciclo pode gerar incertezas sobre quando se inicia efetivamente, especialmente quando se considera a teoria do caos. Essa teoria se revela na vida de Jake Petrov, um personagem que vive uma luta constante entre a i...
