10-𝙳𝚎𝚜𝚌𝚘𝚋𝚛𝚒𝚖𝚎𝚗𝚝𝚘𝚜

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— Sempre correndo em círculos, senhor Petrov. — Até esse ser inumano, assim como todos que conheci até agora, sabia mais sobre a minha história do que eu mesmo. Não aguentava mais esse peso.

— Então, por que não encerra esse ciclo? — Falei com rispidez, desejando que o fizesse. Clark permanecia de joelhos, e ele a ultrapassa como se não fosse nada. Transcende sua forma, e ao final, Clark dá um impulso para frente, como se sentisse ele fluir através dela, assim como um espírito atravessa uma matéria sólida.

— Como eu gostaria. — reaparece bem próximo do meu rosto; em seu semblante, só havia escuridão. Por um momento, não temia sua presença; não sentia tristeza nem medo, apenas dor, e desejava ardentemente que essa dor cessasse.

— Por que sempre falam de forma enigmática? — Isso era irritante, e todos esses seres pareciam apreciar o sentimento que despertavam em mim. Ele começa a rir da minha resposta.

— Petrov, o fardo do conhecimento não é para todos. — Sua voz era gelada e repulsiva.

— Veja os guardiões; mesmo cuidando dos três equilíbrios, alma, corpo e espírito, não têm noção ou sequer sabem tudo e também estão fadados a isso, ao desconhecimento. — Enquanto volta sua atenção para Clark, levanta seu rosto ainda ajoelhada e passa suas garras por sua pele, cortando-a. A mesma não reage, como se o temesse.

— Tire suas mãos sujas dela. — consegui ficar de pé, apoiando-me apenas em uma perna, pois a outra estava quebrada, assim como um dos meus braços.

— Vejo que de alguma forma você se importa com ela. Lembre-se de que ela é apenas uma ferramenta do tempo. — Ele se afasta, mas Clark continua agachada, com a cabeça baixa.

— Então você trata as pessoas como se fossem nada? — Falei, tomado pela ira.

— Longe disso. Pessoas como ela são fundamentais nessa orquestra; precisamos de indivíduos subordinados e determinados como ela. — Ele sorri novamente, exalando arrogância e uma sensação de superioridade, ou até mesmo afeição por ela. Era difícil ler suas intenções sem ver seu rosto.

— Jake, não seja idiota. — Pela primeira vez, consigo perceber o olhar de terror que ela sentia na presença desse ser. Clark desvia o olhar rapidamente e volta à sua posição. Consigo ver que sua bochecha esquerda estava escorrendo sangue devido ao corte.

— Você ainda continua a desafiar a ordem? Você tinha uma única tarefa, qual era? — Assusto. Ficamos em silêncio.

— Qual era, guardiã do equilíbrio? — Ele altera o tom de voz e, ao gritar, tudo ao nosso redor estremece; o som ecoa em nossos tímpanos, fazendo-nos encolher de dor. Tampamos os ouvidos na esperança de evitar o barulho. Ele repete a pergunta várias vezes, e a cada palavra sentimos mais dor, que parecia ser triplicada para Clark, fazendo-a gritar de desespero.

— Por favor, pare! — Grito enquanto olho para Clark se contorcendo de dor. Após meu pedido, a agonia cessa.

— Manter o equilíbrio entre o natural e o sobrenatural. — Clark pronuncia as palavras como um bordão para relembrar seu dever, quase inaudível, e sua voz estava embargada de choro.

— Você falhou em todos os aspectos. Deixe-me lembrá-la: não reportou a magia sombria, falou coisas da ordem que não deveria e ainda matou duas guardiãs das janelas. Esqueci de algo? E tudo isso para ajudar ele? — Talvez o problema não fosse apenas o fato de ela ter quebrado as duas primeiras regras; ele realmente não gostava dela ter feito isso por mim.

— Eu a obriguei; por favor, não a machuque. — sustento um dos meus pés mesmo com dor, consegui ficar ereto, mas Clark continuava encolhida no chão, o que me deixou bastante preocupado. Só conhecia a Clark destemida e arrogante, mas naquele momento, vi uma menina vulnerável e assustada.

Jᥲᥒᥱᥣᥲ᥉ d᥆ Tᥱ꧑ρ᥆Onde histórias criam vida. Descubra agora