27-𝙰𝚝𝚕𝚊𝚗𝚝𝚊 𝙳𝚎𝚝𝚎𝚛𝚖𝚒𝚗𝚊.

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Hi, leitores do Tempo. Espero que gostem e não se esqueçam de ler juntamente com a música.❣️
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𝙉𝙖𝙧𝙧𝙖𝙙𝙤𝙧: 𝘾𝙡𝙖𝙧𝙠.

Após uma longa caminhada em silêncio, não um silêncio comum, mas desconfortável e até mesmo estranho, especialmente para Jake, que se manter calado era quase impossível. Passamos pela porta estreita que dava acesso ao quarto, e enquanto percorremos o caminho, meus pensamentos são levados a buscar várias soluções para sairmos daqui em segurança. Porém, pressenti que talvez apenas um de nós saísse inteiro e rezava para que fosse meu filho. Embora tivesse dado esperanças a Jake de que talvez houvesse um plano, estava apenas tentando acalmá-lo e, mesmo assim, sentia a necessidade de protegê-lo.

Ao entrar no quarto, Jake se deita na cama emburrado. Éclon vai direto ao armário procurar alguma roupa que não esteja molhada, pois, além de estarmos encharcados, o frio era extremo. A Rússia sempre nos lembrava que o frio poderia nos matar a qualquer momento. Quando passo por ele em direção ao outro cômodo, ele estende um vestido longo e branco para mim, e eu o pego sem olhar para ele.

—Espero que um dia você entenda — ele sussurra em um tom baixo, mas audível.

—Não, eu não entendo. Achei que você me amasse — respondo, alterando o tom de voz. Ele fica desconfortável e me puxa para o banheiro, fechando a porta com nós dentro.

—Eu te amo, Clark. Com todas as minhas forças. Embora tenha resistido, até mesmo te machucado para te manter longe de mim, você sempre volta. Você não deveria ter o ajudado, assim nunca teríamos nos encontrado novamente e nada disso teria acontecido — ele esmurra a parede e se vira para o lado, para que eu não possa ver seu rosto. Mesmo com essa atitude, não fico intimidada ou com medo, apenas com raiva por ele levantar esse assunto.

—Então agora vai me contar como nos conhecemos quando eu era criança? Isso não é relevante. Não importa o que aconteceu; não muda o fato de que você continua me machucando, nos machucando — acrescento, lembrando do filho que ele negou antes mesmo de nascer. Ele se vira para mim e encara minha barriga pela primeira vez.

—Esse é o seu sonho, não o meu. Do que adianta ele nascer se eu vou perder você? Eu escolho você, escolho você hoje, amanhã e sempre. Isso me faz uma pessoa egoísta? Tudo bem, que assim seja, Clark — Éclon pronuncia cada palavra em um grito, e por impulso, dou um tapa em seu rosto. O impacto o faz se virar, e ambos ficamos sem reação, nos entreolhando.

—Se você odeia tanto essa criança que existe dentro de mim, seja você mesmo o responsável por matá-la — digo, enquanto ele fica estupefato, ansioso, e começa a andar de um lado para o outro, passando as mãos na cabeça repetidamente. É possível notar seu desconforto e medo.

—Por favor... Eu te amo — ele segura meu rosto próximo ao seu. Nós dois não conseguimos conter as lágrimas enquanto nos olhamos de frente, com os rostos colados.

—Clark, Clark...! — Escutamos barulhos do lado de fora e o grito desesperado de Jake. Pelo susto, saio na frente e, ao abrir a porta, Jake crava uma faca em meu estômago. Naquele momento, o tempo parece parar e fica em câmera lenta. Sinto minhas respirações profundas e intensas; o medo de ter perdido meu bebê é a pior sensação. Estou apavorada. Ao olhá-lo, ele empunha a faca com as mãos trêmulas, chorando. Firmo minhas mãos na lâmina para não deixá-la sair, pois ele tenta retirá-la. A dor e a debilidade do meu corpo me fazem começar a tossir sangue, e sou levada à exaustão. Caio de joelhos, e Jake se agacha comigo, sem tirar os olhos do local da ferida, chorando como uma criança.

—Por que? — O indago, sem entender sua ação.

—Sinto muito, sinto muito — Jake suplica repetidamente. Éclon, ao sair, o empurra para longe, e ao lançá-lo a faca acaba saindo do meu estômago. Com o puxão, meu corpo vai para frente, e cubro o local com as mãos, mas o sangramento é incessante. Tudo isso acontece em questão de segundos.

Jᥲᥒᥱᥣᥲ᥉ d᥆ Tᥱ꧑ρ᥆Onde histórias criam vida. Descubra agora