Narrador: Jake
Imerso em meus pensamentos, uma única frase ecoava: "Preciso ir para Nova York." Não se tratava de um desejo passageiro, mas de um comando, e por mais que tentasse controlar minha mente, esses pensamentos fluíam incessantemente.
— Monstrinho, você está bem? — A enfermeira, que eu suspeitava não ser uma enfermeira de verdade, conseguiu me tirar do transe. Antes, eu estava fixado na parede à minha frente, como se estivesse preso a ela. Voltei a olhar para ela, confuso com tudo o que havia ocorrido, acreditando que aquela mulher estranha não passava de um sonho ou uma alucinação fruto da minha imaginação.
— Você viu alguém sair daqui? Uma mulher que tinha aparência de uma criança angelical, mas era bem sexy, embora se comportasse como um demônio? — Como eu esperava, sua reação foi de desdém.
— Você não está grandinho o suficiente para brincar de faz de conta? — Cerrou o olhar, pronta para atacar.
— Esquece, chame uma enfermeira de verdade; preciso esclarecer algumas dúvidas. — Irritada, ela se aproximou sem paciência, despejando alguns equipamentos perto da mesinha e esterilizando um por um enquanto me encarava. Pegou meu braço para aplicar algo, mas eu afastei o braço.
— Falei que quero alguém mais experiente. Além de ser péssima no que faz, você tem problemas auditivos. — Ela levantou a agulha e a empunhou como se fosse uma faca, com os olhos parecendo de um animal prestes a atacar sua presa.
— Deixe ele comigo. — A voz ecoou atrás de nós, robusta e forte como um trovão. No mesmo instante, ela guardou a seringa atrás das costas e se virou para ver quem era.
— Não tente esconder; ela queria me matar. — Empurrei as mãos dela para frente, entregando-a a quem a assustou, implicando.
— O que estou fazendo aqui? Para onde preciso ir? — Perguntou confusa olhando de um lado para o outro, enquanto a encarei perplexo pela sua atuação.
— Vai continuar fingindo? — Cruzei os braços, impaciente.
— Você foi chamada no andar de baixo. — O homem misterioso orientou-a. Ela saiu do quarto desnorteada, ignorando minha presença e o homem que estava de pé na porta. Logo associei que ele era o responsável pelo seu colapso de esquecimento.
— Quando você está ferido, tende a ferir as pessoas ao seu redor? Entendo você; faço isso com maestria. — Ele se encostou na porta, soltando um suspiro decepcionado.
— Não diga bobagens. Vou receber apenas visitas de doidos, e se for mais uma assombração, me avise para não ter o trabalho de perguntar e eles me internarem por acharem que pareço louco. — Virei para o outro lado da cama, cobrindo meu corpo com o edredom.
— Mas você é louco... e parece estar bem.
— Tanto faz, quem se importa? — Falei baixinho, por baixo do cobertor.
— A Clark se importa. — Ele retirou o cobertor. Arregalei os olhos, intrigado com a rapidez com que ele conseguiu chegar ali. Esperei que ele fizesse algo, mas ele permaneceu em silêncio, então virei para olhá-lo.
— Se você soubesse... ela estava apavorada com a ideia de você ter que ir embora. Não sei se te odeio por isso. — Por um instante, imaginei que ele estivesse falando consigo mesmo, pois olhava pela janela enquanto falava.
— O que vocês querem de mim, hein? Só quero ficar sozinho. Foi ela que te mandou aqui? Aquela bruxa... — A última sílaba foi abafada pela mão dele em minha boca.
— Se quiser ficar sem a língua, chame-a assim de novo na minha presença. — Ele levantou a sobrancelha com superioridade. A sensação de medo que ele me causava era intensa, mas, estranhamente, ele parecia familiar.
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Jᥲᥒᥱᥣᥲ᥉ d᥆ Tᥱ꧑ρ᥆
Aktuelle Literatur.... A ambiguidade do início de um ciclo pode gerar incertezas sobre quando se inicia efetivamente, especialmente quando se considera a teoria do caos. Essa teoria se revela na vida de Jake Petrov, um personagem que vive uma luta constante entre a i...
