Ao acordar, o carro está de cabeça para baixo. Acabei parando na parte de trás, no banco dos passageiros. Levanto com calma e procuro pela Clark, mas não a encontro dentro do veículo. Chuto a porta várias vezes para sair, mas a mesma estava emperrada. Vou arrastando-me para a parte da frente, que estava com o para-brisa quebrado, e saio por ele. Ainda deitado, grito por ela.
— Clark, Clark... — A chamo por diversas vezes aos gritos. Nenhum sinal dela. Desesperado por ser o culpado pelo incidente que ocorreu, levanto o tronco para dar mais uma olhada, e o local em que ela estava no banco do motorista estava completamente destruído. Deito novamente no asfalto; estou com dificuldade até de respirar. Meu estado era deplorável: roupas rasgadas, sujeira, sangue que não sabia se era meu ou do Rick. Em questão de um dia, minha vida estava completamente de cabeça para baixo; o pior é saber que poderia ter a matado.
— Se já não bastasse minha fratura... — Coloco a mão acima da minha pelve, pois estava latejando de dor. Estou machucado do confronto anterior; agora, ampliei as dores em outros lugares. Só estava me locomovendo por conta do feitiço da Clark, e se não fosse isso, não estaria sequer andando. Escuto uns passos vindo ao meu encontro; tento levantar, mas acabo escorregando pela euforia ao olhar quem era.
— Ainda está vivo, idiota. — Não era uma indagação, e sim pura ironia.
— Poderia te dar um abraço agora. — Solto um suspiro aliviado ao ouvir sua voz; embora a odiasse, nunca cogitei na possibilidade de matá-la. Tento levantar mais uma vez e consigo me sentar com sua ajuda.
— Você está bem? Como saiu? — se agacha para falar, e vejo que sua cabeça estava machucada e suas mãos; porém, ao analisar pelo impacto que ela recebeu, estava melhor do que o esperado.
— Na verdade, eu nunca saí. Quando acordei, estava fora da estrada, deitada ali. — Aponta para o encostamento, e tinha um buraco na neve onde ficou deitada.
— Não entendi. — Franzo o cenho. Clark faz uma expressão que era para que eu a interpretasse.
— Você não vai contar o que aconteceu mesmo lá, Jake? Se eu tivesse sido jogada para fora do carro, você acha mesmo que estaria dessa forma? Além do mais, pela velocidade que estávamos, isso seria impossível até para mim, sendo uma guardiã. — Quando vou falar, me interrompe.
— Foi você que me salvou. — Retira uma parte do seu manto que cobria o pescoço e tinha marcas pretas em seu tronco e na clavícula, onde havia segurado nela antes do capotamento.
— Isso são vestígios de magia, uma que desconheço.
— Não fui eu, e se fui, não tenho ideia de como fiz isso. — Ficamos nos olhando por alguns segundos; tentava repassar a cena até o desmaio. Realmente havia segurado ela, e não houve nada fora do comum, pelo menos o que achava até agora.
— Esses anos todos nunca detectei nenhum poder em você; como isso é possível? — Ela se levanta, procurando algo no bolso.
— Não sou o único; Brian também tem. — Clark para imediatamente sua procura.
— Impossível. — Reafirma com completa convicção.
— Errado; ele ainda era como você. — Afirmo com mais convicção que ela.
— Se ele fosse mesmo como eu, mesmo com as mudanças de era, ele não perderia a memória ou os poderes, sendo que somos uns dos únicos a ter essa consciência através das janelas.
— Acredito que tem muitas coisas que seus supervisores não te contam, né? E em que batemos mesmo? — Ignoro suas afirmações porque sei o que vi em minhas memórias.
— Em exatamente nada. Você fez algo que não deveria? — Fico pensando no quão errado ela queria saber; "matar alguém" talvez seria algo errado, mas ele merecia, e foi legítima defesa. Não recordava de mais nada, exceto o fato de que quem matou o Rick em minhas memórias não fui eu.
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Jᥲᥒᥱᥣᥲ᥉ d᥆ Tᥱ꧑ρ᥆
Algemene fictie.... A ambiguidade do início de um ciclo pode gerar incertezas sobre quando se inicia efetivamente, especialmente quando se considera a teoria do caos. Essa teoria se revela na vida de Jake Petrov, um personagem que vive uma luta constante entre a i...
