Uma paixão do passado

💛 capítulo 6❤️

Só que o amor não durara nada, lembrou-se, severa, percorrendo a área do estacionamento vários passos à frente do acompanhante. Seu amor morreu quando soube da verdade, pela madrasta. Por isso, morreria antes de admitir que se lembrava de cada detalhe daquele lugar, daquele verão perdido no passado.

Embora pequeno, o Unicórnio tinha reputação de ótimo restaurante caseiro. Escolheram uma mesa discreta junto à janela. Quando Wei wuxian passou-lhe o menu, Lan zhan nem o abriu.

- Vou querer só salada e café. - Mantinha os lábios comprimidos. Seria tolice pedir algo além do que seu estômago suportaria.

Ele ergueu o sombrancelha, irônico.

- Foi assim que emagreceu tanto? Vive só de alface e café preto?

Então, ele não se esquecera de tudo. Lembrava-se dele o bastante para poder comparar o ômega esquelético com o jovem de dezoito anos abençoado com todas aquelas curvas. Sentiu um prazer primitivo. Wei wuxian tentava convencer de que não pensara no Recanto das nuvens, nem nele, durante todos aqueles anos, porém acabara de se contradizer.

Por outro lado, ele era um mentiroso hábil. Provavelmente, diplomara-se na arte da farsa!

- Estamos aqui a negócios. - Lan zhan desdobrou um guardanapo de linho grande e ajeitou-o sobre os joelhos quando a refeição chegou. - Sugiro que nos concentremos nisso, em vez de remoer coisas antigas.

- Remoer? - Wei wuxian quase sorriu. - Quer dizer que fica remoendo o que aconteceu?

Lan zhan optou por não responder. Com o garfo, levou à boca uma porção da torta de frutos do mar, mas não a saboreou, incomodado com os olhares e insinuações de Wei wuxian Desistiu de saborear a refeição quando o acompanhante se recostou na cadeira e indagou:

- Seu filho... Como se chama?

- A-yuan - Ele detestava ter de responder, mas não podia se recusar. Não queria partilhar seu  Amado e precioso filho com ele. Nunca.

- Muito bonito - Ele o fitava detidamente. -  Wen Lan A-yuan,Isso me lembra algo... Wen? Eu conheci o seu marido?

Lan zhan suspirou. O assunto não interessava a ele. Teria respondido isso, mas a necessidade vinha antes do orgulho. Tinha de considerar o bem-estar do pai e do filho. Precisava fazer o melhor negócio possível com aquele homem, e demonstrar aversão por ele não ajudaria em nada.

Revolveu o café preto demoradamente, reunindo paciência.

- Talvez
- respondeu e sorveu um gole do excelente café. Era evidente que Wei Wuxian não estava satisfeito, e teve de elaborar
- Deve tê-lo visto na mansão na época em que trabalhou lá. - Recusava a dar importância à estadia dele no recanto das nuvens- Wen Ning era o contador de meu pai e nos visitava com regularidade.

- Aquele camarada  que parecia estar sempre atrás da sua madrasta?
- Wei wuxian sorriu irônico, mas o tom era amargo. Seria porque Qing passara uma descompostura no jovem ajudante de jardineiro, deixando claro que preferia as atenções do dito primo distante, mais experiente?

Teria Wei wuxian percebido o que ele e o pai falharam em notar... o caso amoroso entre aqueles dois? Lan zhan sentiu que enrubescia. A ideia magoava e, de certa forma, degradava.

- Ele deve ser uns vinte anos mais velho do que você. - Wei wuxian mantinha o olhar implacável, como se desprezasse tudo nele.

Lan zhan corrigiu:

- Na verdade, doze anos. Não que isso importasse. Ele era gentil.

À parte o romance ilícito com Qing, Wen Ning sempre fora gentil com Lan zhan Era irônico que ele descobrisse como ele o tratava com crueldade somente após sua morte.