Capítulo 22

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The Guardian


— Está vendo ele?

— Shh! — Aragorn sussurrou aos outros dois. — Fiquem quietos!

O trio se silenciou por alguns instantes, então ele deu sinal para que seus amigos puxassem uma corda para ativarem a armadilha, o que funcionou e para a sua alegria, a criatura Gollum, objeto de sua caçada estava finalmente detida. Eles se aproximaram com cautela, da... "coisa" ( palavras de Elrohir ), que lutava e esperneava para escapar de seus captores.

— É isso o que Gandalf quer? — Elladan cobriu o nariz para afastar o fedor que emanava da criatura.

— É, ele é estranho. — Elrohir entregou-lhe a corda élfica e ele encoleirou Gollum por ela. Sabia que seria difícil para ele tirar, pois de alguma forma a magia dos elfos o enfraquecia, mas eles sabiam que não era capaz de feri-lo.

A criatura chorava e esperneava, puxava a corda e tentava mordê-la, embora reclamasse que ardia em sua boca. Elladan mordeu a bochecha para evitar soltar uma gargalhada e Aragorn seguiu em silêncio, conduzindo-o pela corda, já que era o único que tinha paciência para tal. De qualquer maneira, o deixariam em Trevamata e o povo de Thranduil o manteria sob vigilância até que Mithrandir pudesse interrogá-lo.

Aquele era o décimo quinto ano que passavam afastados de Valfenda e embora Elladan e Elrohir, mantivessem sua aparência jovial e bela, inerente aos elfos, Aragorn agora parecia um homem maduro, vivido de anos e a despeito da barba desgrenhada e do cabelo crescido, sua postura era a de um rei. Eles caminharam por quase quinze dias e a floresta tornou-se sombria naqueles últimos anos. Bem, já era sombria, mas ele sentia que a cada dia estava pior. Gollum gritava e reclamava, mas pareceu aceitar a companhia deles após o décimo dia de caminhada. Elrohir poderia ser cruel com os orcs, mas mostrava compaixão a ele e por vezes, tentava alimentá-lo com lembas, e quando isso não funcionava, dava-lhe algumas frutas silvestres. Daeron sequer podia olhá-lo sem embrulhar o estômago e regurgitar qualquer refeição que tivesse ingerido. Elladan ainda mantinha distância e Aragorn, também não lhe negava gentileza, mas todos os três ansiavam pela hora de entregá-lo aos cuidados dos elfos silvestres.

Thranduil os recebera no décimo sexto dia, quando finalmente chegaram. O reino da floresta parecia menos populoso do que estava da última vez que o visitaram. Legolas esteve fora por mais de três anos com Tauriel e terça parte de sua guarda e agora, o Rei Élfico vinha pessoalmente com seus guardas à fronteira de seu palácio.

— E aí está? — Ele sequer conseguiu esconder o quanto estava enojado ao contemplar a criatura Gollum. — Às vezes sinto vontade de matar Mithrandir por me submeter a estas coisas e tratar meu palácio como seu depósito particular de coisas fétidas.

Eles não souberam como lhe responder.

— Acredito... Meu Rei, que não tenha sido intenção de Gandalf ofendê-lo. — Aragorn tentou escolher bem as palavras.

— Pois é, mas ele me ofende. — Deu de ombros, e fez sinal para que o seguissem. Os guardas conduziram Gollum ao calabouço, de onde apenas sairia se assim o Rei ordenasse. — Está está a caminho daqui. Eu espero, pois caso não tenham notado, tenho estado ocupado expurgando orcs e outras criaturas repugnantes da minha floresta.

Elladan e Daeron puseram as mãos nas bocas para não rir. Thranduil sempre se referia à Trevamata como sendo dele. Mas a mera menção aos orcs e outras criaturas deixou-os entusiasmados.

— Talvez possamos ajudar com isso. — Elrohir ofereceu-se quase como se estivesse implorando. — Quer dizer, ao menos até que Gandalf chegue.

O rei franziu o cenho e os encarou de cima de seu trono.

— Talvez... — Ponderou. Algo lhe dizia que deixar aqueles quatro perambulando por seu reino ainda lhe traria dores de cabeça. Não pensava isso de Aragorn, claro. Na verdade, o jovem Dunedain não lhe dava motivos para comentários, mas poderia dizer muita coisa dos gêmeos Elladan e Elrohir e de seu primo Daeron. Quando juntavam-se a Legolas e a Tauriel, então... — Talvez vocês possam. Mas já aviso, que se ouvir alguma menção de vocês metidos em alguma encrenca, os trancarei juntamente com... Aquela coisa que trouxeram.

Os gêmeos sorriram agradecidos, provavelmente nem escutaram o que ele disse por último. Aragorn pensou em voltar e perguntar se ele falava sério, mas eles simplesmente o arrastaram para fora da vista de Thranduil. Tinham muito trabalho a fazer. Por quase metade de um ano mantiveram as pragas das aranhas gigantes longe das fronteiras de Trevamata e por vezes perseguiam os Orcs até a fortaleza abandonada de Dol Guldur, mas os Elfos silvestres evitavam entrar naquele lugar e os aconselhavam que não o fizessem. No final do sétimo mês, Gandalf finalmente chegou, após uma longa viagem de algum lugar bem a Oeste dali, quase próximo ao mar e enfurnou-se no calabouço de Thranduil para interrogar Gollum a respeito do anel de poder. Naquele mesmo mês, uma grande horda de Orcs invadiu a floresta, passando pelo único ponto onde os Elfos não atreviam a entrar, a fortaleza abandonada, e então, reunindo uma grande quantidade de soldados élficos, os gêmeos Elladan e Elrohir os expulsaram à força na direção sul, separando-os em milhas de sua casa em Mordor.

Ao sul de Mirkwood, à sombra de Isengard, o lar do Mago Branco, ficam as terras dos Senhores dos Cavalos e da Floresta de Fangorn, pelas quais muitas pessoas evitam passar. Daeron e Estel seguiram nesta direção para ajudar os Rohirrim, cujas terras foram frequentemente invadidas por orcs após a invasão de Trevamata. Com a ajuda dos elfos de Lórien, eles conseguiram expulsar as criaturas vis e banir os orcs de Rohan, antes que Daeron, Estel, Elladan e Elrohir os levassem mais ao sul, para a terra de Mordor, onde uma sombra preenche o céu. E o sol era nada mais do que apenas uma memória.

Aquele provavelmente quase fora o ano mais feliz para Thranduil, pois passaram-se mais três meses sem que tivesse notícias dos que agora eram popularmente chamados "Guardiões", que agora não contavam apenas com os três elfos que lhe faziam companhia, mas Aragorn liderava os remanescentes do norte. Descendentes de Númenor, que se juntaram a eles na caçada. Para Gandalf, entretanto, o ato precipitado e imaturo dos "guardiões" em meter-se em Mordor, trouxera grande dor de cabeça, pois ao final do ano, Elladan e Elrohir retornaram com mais um grupo de homens do norte, pálidos e cansados. Daeron provavelmente era o mais prejudicado dos três e de acordo com eles, seu amigo e "irmão", Aragorn perdera-se em algum lugar da terra maldita.

— Mas por que desgraçada razão, foram se enfiar naquele lugar?! — O rosto do mago era sombrio e sua voz, furiosa. Os gêmeos não tiveram resposta e aquilo o enfureceu mais ainda. — Exatamente: Não havia razão! — Bradou.

— Não sabíamos o que poderia acontecer. — Elladan tentou justificar-se.

— Não, é claro que não sabiam! — Thranduil disse impassível. Estava sentado sobre seu trono, como de costume.

— E agora... Que Eru nos guarde, pois acabaram de perder o homem pelo qual, fora dito, o jugo de Sauron sobre nós seria dissipado.

O rosto de Elladan ficou pálido quando ouviu isso. Elohir baixou a cabeça e lutou contra as lágrimas. Para Mithrandir, ele pode ter sido apenas o “Messias Prometido”, mas Aragorn foi muito mais do que isso. Ele era seu amigo e há muito tempo era como um irmão para ele e a esperança dos Dunedain, o povo do Norte, que o seguiram sem pestanejar até o esconderijo do inimigo. E ele se sacrificou para salvá-los.

— O que está feito, está feito, Mithrandir. — O rei élfico interviu, não parecendo querer ouvir uma discussão. — Se nada mais puder servir-nos de esperança, partiremos. Mas agora, temos certeza de que a linhagem dos reis de Númenor terminou. — Ele olhou para Gandalf, que pareceu ponderar seriamente a respeito de suas palavras. — Tudo o que nos resta agora é esperar que seu outro plano dê certo.

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