Capítulo 23

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Lómë

Era o vigésimo ano desde a partida dos gêmeos, Daeron e Aragorn e faziam exatos vinte anos que Arwen estava em Lothlórien com seus avós. Sua estadia por lá, de certa forma a deixou mais animada, como Galadriel dissera que faria, e ao contrário do que Elrond pensava, que a distrairia a ponto de esquecer totalmente sua afeição por Aragorn, na verdade não foi o que aconteceu. Haldir era o único Elfo que ia com frequência às fronteiras e ao retornar trazia-lhe, quando tinha, notícias sobre Aragorn. Entretanto, as mesmas deixaram de chegar no décimo quinto ano, e embora ficasse preocupada por isso, Galadriel lhe disse que era comum que ocorresse.

— Ele está em uma árdua missão, minha criança. — Disse ela. — Tenha paciência.

Ela concordou, mas as palavras da senhora Galadriel não a acalmaram. O tempo apenas se passou, embora em Lórien as coisas parecessem sempre quietas e silenciosas, as estações não pareciam fazer efeito, embora para os Elfos fosse assim em todo lugar, Lothlorien era singular e emanava suavidade e calmaria por todo o ar. Haldir retornara com seus irmãos no final do inverno do vigésimo ano. Viera de Valfenda e trazia-lhe notícias de seu pai, que aparentemente preparava os moradores do vale para partir. Quase metade dos elfos de Imladris já haviam embarcado e ele tinha esperanças de que ela estivesse a bordo antes da última viagem para o Oeste. Arwen não respondeu àquela pergunta e de qualquer forma, Haldir demoraria algum tempo antes de levar a ele a resposta. Embora tivesse pensado bastante a respeito de Valinor e provável necessidade que teriam os eldar de partir para as terras imortais, seu coração estava preso em Aragorn e ela relutava em aceitar aquele pensamento. De qualquer forma, sabia que ao menos um de seus irmãos já havia confirmado sua partida. Elladan evitava tocar no assunto e olhava para ela sempre que seu pai o fazia. Ele temia em deixá-la e ela sabia, e queria poder confortá-lo, mas seu coração também estava temeroso.

Na última noite do inverno, Galadriel recebeu notícias de que os Elfos viram um vagante nas fronteiras. Haldir lhe trouxe Aragorn no dia seguinte, parecia extremamente cansado, com um soldado que vem de muitas batalhas. Ele lhe disse que viera após separar-se de seus companheiros nas Terras de Mordor, e que temendo ter sido seguido pelos servos do inimigo, vagou pelo Ermo por quase cinco anos, até finalmente sentir-se seguro para voltar. Haldir havia tido dificuldades para encontrá-lo de início, uma vez que a qualquer que perguntasse à oeste das montanhas enevoadas, ele era chamado "Passolargo", embora o apelido não fizesse sentido aos Elfos e à Leste de Valfenda, ele atendia por seu nome de infância: Estel, pelo qual Elrond o chamara a fim de que não fosse encontrado por Sauron. O uso da dupla identidade, de alguma forma contribuiu para manter-se sempre oculto.

— Devo dizer, foi uma ótima ideia. — Observou Galadriel, quando finalmente o trouxeram à sua presença. — Mas seus companheiros, de certo estarão preocupados, sem saber de seu paradeiro.

— Talvez... — Ele ponderou. Ainda se sentia cansado.

— Descanse, Estel. — E sim, ela o chamava por aquele nome por costume, por mais que soubesse seu nome verdadeiro. — Amanhã, te sentirás novamente revigorado.

Ele concordou e recebeu grato o acolhimento da senhora. Galadriel não lhe disse que Arwen estava em sua casa, e também não contou a ela sobre o retorno de Aragorn, quando conversaram horas depois, ainda que sua neta parecesse inquieta e ansiosa, após estar há cinco anos sem saber nada dele. Mandou que preparassem um banho quente para o guardião, que agora já não era mais um jovem rapaz. Aragorn, agora estava no auge de seus quarenta e dois anos e havia alcançado o ápice de sua maturidade de corpo e mente. Embora para ela e para Elrond, se fosse ao menos mais maduro que Daeron, Elrohir e Elladan, estaria de bom tamanho. Vestiu-o com roupas finas, das que os elfos silvestres de Lórien costumavam usar, cinza e prateado eram suas cores e ele parecia reluzir à luz da noite.

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