Capítulo 47

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Epílogo

Tudo estava perturbadoramente silencioso. A sala do trono parecia mais vazia do que nos outros dias e Minas Tirith era como uma cidade fantasma, embora estivesse mais populosa que antes. Eldarion perambulou por mais algum tempo, olhando em silêncio para o trono de seu pai, suspirou e deixou o grande salão. Haviam guardas nos corredores, e em todos os lugares, mas era como se fizessem parte da decoração, não faziam ruído e ele apenas ouvia o eco de seus passos contra o chão. Sentia-se tentado a dizer-lhes que fizessem algum barulho, qualquer que fosse. Na verdade, sentia saudades da agitação. De quando corria por aqueles corredores com Estel e Aredhel, há muito, muito tempo, antes de seus amigos de infância partirem para as terras imortais, antes de... tudo. Sentia saudades de Eleanor e Elbereth, suas irmãs, que agora viviam em Minas Ithil com Elboron, o novo regente, que sucedera Faramir.

Parou no muro ao lado da Árvore Branca e respirou o ar da cidade, que crescia com os anos. Os campos Pelennor agora eram repletos de árvores e pequenos vilarejos, que se estendiam até Osgiliath. Ouviu alguns passos apressados em sua direção virou-se, aliviado em ver seu escudeiro e fiel amigo, Aranwe, o último de seus amigos que ainda possuíam nomes na língua dos elfos.

— Meu senhor, fui à biblioteca buscar o que me pediu. Denethor pediu para avisar que há mais três livros que o senhor ainda não devolveu ao acervo.

Eldarion riu para ele. Às vezes simplesmente esquecia-se de devolver os livros que pegava. Aquele hábito vinha desde que era criança. Normalmente sua mãe os levava de volta.

— Eu os devolverei sem demora. — Disse, agora parecendo menos animado, talvez pela lembrança de sua mãe. Haviam se passado dez anos desde que se despediram, mas o rei não costumava abrir-se com os demais para falar a respeito, com ninguém exceto Aranwe. — “As Cartas de Lúthien”.

— É um de seus volumes favoritos, majestade.

— Não... — Ele encarou o pequeno livro. Era normal que Aranwe deduzisse que fosse um de seus favoritos. Ele o lia com alguma frequência.— Na verdade, era um dos favoritos da minha mãe.

Aranwe pareceu sentir-se culpado por fazê-lo lembrar disso.

— Ah, me perdoe!

— Não há o que perdoar.

Ele ficou ainda no muro após seu amigo sair, olhando para além dos campos de Pelennor, onde há muitos anos atrás, seu pai o Rei Elessar Telcontar, batalhou contra as forças de Mordor. Às vezes passava horas olhando para lá, imaginando se algum dia seria como ele, o que seu pai diria se pudesse vê-lo agora?

“Sauron foi destruído, mas seu espírito ainda habita os corações que se inclinam para o caminho da escuridão”, e sua missão quanto Rei de Gondor, era agora dispersar esse mal, evitar que causase perdas irreparáveis no mundo ou que fizesse novas vítimas. Ele não podia ver o futuro, embora fosse da linhagem dos elfos e dos homens de Númenor, não podia dizer se algum dia a sombra se dissiparia. Nem mesmo viveria muito mais tempo para vislumbrar o nascimento das próximas eras e descobrir quanto mais demoraria até que todo o mal fosse extinto do mundo. Sua mãe lhe dizia que se ele fosse esperar isso acontecer, ele se tornaria um elfo e viveria até o fim do mundo, e talvez ainda assim se decepcionaria em descobrir que o mal existiria enquanto existissem quem lhe desse ouvidos.

— Às vezes é necessário descansar de toda essa busca. — Ela lhe disse certa vez. Então suspirou, como quem estivesse encondendo-lhe alguma coisa.

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