MERCILESS HEART

CAPÍTULO 2

POV AURORA

Hoje é meu aniversário de 18 anos, e estou na mesa almoçando com meus pais e irmã mais nova, Noemi, quando meu pai me fala a notícia que mudaria toda a minha vida:

— Você irá se casar.

Fico em completo estado de choque e não esboço nenhuma reação se quer.

— O q-q-que? — não consigo evitar de gaguejar. — Com quem?

— Vicenzo Bertocchi, o futuro Don da Cosa Nostra. A festa de noivado está marcada para daqui a duas semanas então compre um belo vestido para a ocasião, Teresa irá te ajudar.

— Está bem pai, irei fazer isso. — respondo fracamente.

O que eu poderia fazer? Meu destino está selado desde o momento em que nasci, mas diferente da minha mãe, irei fazer de tudo para que o casamento dê certo. Tem que dar, não aguentaria viver como minha mãe.

Já ouvi falar de Vicenzo Bertocchi, sobre seus métodos de tortura, sua aparência brutal e física, e sua sede de matar insaciável. Ele já foi casado antes e sua esposa morreu misteriosamente, existem boatos de que foi ele quem a matou – sinto uma frio na espinha com esse pensamento –, porém, ninguém além de seu Don sabe o que realmente aconteceu.

O pânico toma conta de mim ao – realmente – entender a situação. Daqui a pouco tempo irei me casar com um dos homens mais brutais de toda a Itália, vou ter que me mudar e começar uma nova vida em um lugar estranho com pessoas estranhas.

Deus, e agora?

Não há escapatória para minha situação, se antes eu achava impossível fugir de meu pai, agora fica dez vezes pior com Vicenzo. Uma súbita vontade de chorar toma conta de meu ser enquanto tento controlar a tremedeira. Não posso ter medo, não irá ajudar em nada.

— Posso me retirar? Estou cansada. — tento conter minha voz trêmula.

— Pode. Descanse, de agora em diante terá muito trabalho organizando seu casamento. — papai inquiri sem prestar muita atenção em mim.

Ao sair da sala de jantar, subo correndo para meu quarto, tremendo dos pés à cabeça. Batendo a porta atrás de mim, caio na cama libertando tudo o que estou sentindo em um choro desenfreado.

As lágrimas escorrem feito um rio pelo meu rosto, queimando seu caminho por minhas bochechas. Eu sempre soube que isso aconteceria – estava preparada para isso –, mas tudo sempre pareceu um futuro distante, porém agora é real, é palpável, um acordo foi feito e minha mão foi dada. É isso. Acabou. Tudo se resume a isso.

Ouço uma batida na porta e ao levantar o olhar me deparo com Noemi, seus olhos vermelhos se destoando de sua pele pálida. Com tudo o que está acontecendo nem me toquei que deixarei Noemi para trás nessa casa – com ele. Minha irmãzinha possui 10 anos mas já sofre muito na mão de nosso pai, com suas surras.

Correndo em minha direção, a abraço quando a pequena se joga em mim, afagando sua cabeleira loira tão igual a minha.

— Está tudo bem. — asseguro-a, mentindo para aliviá-la.

— Não quero que vá embora.

— E eu não quero ir.

— Já perdi Celeste, não posso te perder também. Por favor não me deixe sozinha.

Celeste é nossa irmã mais velha que, a oito anos, saiu de casa ao se casar. Noemi não sente muita falta de Celeste, afinal, quando ela saiu de casa Noemi tinha só 2 anos, mas ainda assim, deixá-la aqui parte meu coração.

— Você nunca estará sozinha Noemi, isso é uma promessa!