CAPÍTULO 23

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POV AURORA

Estar nos braços de Vicenzo é como ser envolvida por um sentimento de pertencimento. É como se eu estivesse em uma longa viagem e finalmente tivesse chegado em casa. Eu o amo por isso. Antes eu não sabia, mas eu amo meu marido. 

Acho que o amo desde que ele chegou todo machucando em casa mas, mesmo assim, ainda cozinhou para mim – cuidou de mim.

Não ter nenhuma resposta no Jardim foi como levar uma facada e ser deixada para morrer, sangrando até secar. Meus olhos queimavam com às lágrimas que lutavam para cair, mas eu não iria chorar, não na frente dele.

Então, para evitar um maior desastre, digo:

— Acho melhor entramos.

Não espero uma resposta sua, apenas saio na frente, deixando-o para trás. Não quero vê-lo, não consigo. Dói demais.

Entrando na casa, vou direto na direção de Celeste.

Mas antes de chegar até ela, sou interceptada por Nico Cavalliere, o filho mais velho de Don lucca.

— Que prazer revê-la, Aurora. — ele cumprimenta com um sorriso galantiador.

— Nico. — reconheço-o com um sorriso mínimo. — Quanto tempo.

— Realmente. Então, como tem sido a vida na Sícilia?

— Tem sido boa.

— Mas com certeza não melhor do que teria sido se tivesse permanecido na Camorra. — ele brinca, mas vejo as segundas intenções. Ainda me lembro de meu noivado quando ele disse que deveríamos ser nós a nos casarmos. 

E eu duvido que minha vida teria sido melhor. Mesmo que eu não tenha um marido que me ame.

Solto uma risadinha forçada, sem saber como responder.

— Sim, mas Cosa Nostra é o lar dela agora. — uma voz fria como gelo vem de trás de mim. — É o lugar que ela pertence. A mim. A Sícilia.

Olho para cima e vejo Vicenzo. Seu maxilar contraído e postura rígida exalam raiva. Passando um braço passivamente ao meu redor, ele encara Nico com desafio – desafiando-o a falar algo mais.

— Infelizmente. — é a resposta de Nico.

— Não para mim. — Vicenzo retruca, ao me levar para longe.

Espero até que estejamos sozinhos para me desvencilhar dele. Não posso acreditar nele.

— Qual o problema? — ele pergunta ao ver meu rosto indignado.

— Você! — exclamo. — Se não sente nada por mim por que sente ciúmes de Nico ter vindo falar comigo?

— Você é minha Aurora, ninguém tem o direito de tocar no que é meu.

— Possessividade, é, eu sei. Eu não sou nada para você além de uma posse.

— Você não sabe do que está falando. — sua voz é baixa.

— Eu sei sim, porquê é verdade! Eu não sou nada para você além de sexo.

Antes que ele pudesse responder alguma coisa, somos interrompidos por Noemi.

— Aurora, a Cesleste pediu para eu vir te chamar, ela disse que tem uma novidade para me contar.

— Tenho mesmo, vamos eu quero contar com ela junto. 

Então eu saio e deixo Vicenzo para trás.

MERCILESS HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora