MERCILESS HEART

CAPÍTULO 6

POV VICENZO

Depois de deixar Aurora em seu quarto, volto para o porão, onde ainda estão torturando o fodido russo. Com Nico Cavalliere entretido em fatiar nosso prisioneiro, vou para o canto da sala onde estão meu pai e Romero, um de meus homens que veio conosco e capo da Catania.

— E então? Lidou com a garota? — meu pai quis saber.

— Deixei ela em seu quarto. — respondo simples. — Ele disse mais alguma coisa?

— Só o que já sabíamos, os russos querem controlar o mercado negro em solo europeu. — Romero diz. — Armas, drogas, prostituição... os desgraçados querem tudo.

— Esses filhos da puta estão muito confiantes. — meu pai rosna. — Uma aliança agora é mais necessária do que nunca. Eles invadiram sua festa de noivado, violaram o território italiano. Não podemos esperar...

Franzo o cenho, mas meu pai já estava chamando Don Cavalliere.

— O que foi, Giulio? — Lucca questiona ao se aproximar de nós.

— Essa aliança não pode esperar muito mais, quero fazer esses fodidos sagrarem até secar, mostrar que a Itália é superior!

— Devo concordar com você. — Lucca começa. — Vamos adiantar o casamento para mês que vem e já ir planejando um ataque à Bratva. Vamos invadir seu território e tomá-lo.

Por isso, apesar de até então sermos rivais, sempre respeitei Don Lucca Cavalliere. O homem é ambicioso e eu admiro ambição, mas desde que ela seja viável.

— Atacaremos a embarcação de drogas deles, como uma forma de lembrá-los quem somos. — digo.

***

— Temos a força e a estratégia necessária para alcançar nosso objetivo. Precisamos agir com precisão e astúcia, sem deixar rastros que nos comprometam. — Don Lucca fala sobre a ideia de invadir o território da Bratva.

Meu pai acenou com a cabeça, compartilhando sua visão.

— Concordo, já tenho mapeado os principais pontos fracos dos russos, mas precisamos de um plano audacioso e inesperado para pegá-los de surpresa.

— Temos aliados infiltrados na Bratva. Podemos utilizar essas informações privilegiadas para armar uma emboscada. Devemos atacá-los de forma simultânea, em diferentes frontes, para que não tenham chance de reagir. — sugeri, com um tom confiante em minha voz.

Com mais Nico e Alessandro no escritório, me sinto confiante em meu local de fala, podemos estar nos unindo mas ainda quero que a Cosa Nostra esteja por cima – seja a melhor.

— E com a aliança, o serviço de eliminá-los será bem mais fácil. — Nico sorri, ansioso pelo derramamento de sangue.

— Então vamos oficializar logo ela. — meu pai diz. — Eu sugiro uma casamento dia 13 de agosto, será no auge do verão.

Com tudo acertado sobre meu segundo casamento, começo a fazer meu caminho até o quarto de minha noiva. Um casamento na ilha de Capri... quase bufo com a ideia, esse casamento que não vale nada vai ser mais glamoroso do que o que tive com a mulher que realmente amei.

Apesar de estar mais disposto a esse casamento depois dos acontecimentos dessa noite, eu ainda não quero me casar, mas não vou fazer grande caso disso, vou continuar vivendo minha vida normalmente como se não tivesse uma esposa. E só irei tocá-la quando tiver de ter um herdeiro.

Ao me aproximar do quarto de Aurora para informá-la que o casamento foi adiantado, escuto vozes.

— Você não deveria ter entrado naquele porão, Aurora!

— A mamãe morreu e você nem se preocupa, ela morreu por sua culpa, você não soube protegê-la! — gritou ela.

— Cala a porra da boca, sua puta. — disse Giovanni indo para cima da filha. — Vou te ensinar a me respeitar.

O homem ergue a mão e antes que ele possa dar um tapa no rosto dela, seguro seu braço.

— O que você pensa que está fazendo? — falo com uma ira descomunal.

— Não se meta em assuntos cujo não lhe pertence. — disse Giovanni com raiva por eu atrapalhá-lo.

— Esse assunto me pertence, ela me pertence.

Encarando um ao outro com desafio, comigo ainda segurando seu braço, entramos em um jogo silencioso de poder. Este é seu território mas eu sou o herdeiro da máfia mais poderosa em território italiano.

Um de nós terá que ceder nesse jogo.

Não será eu.