CAPÍTULO 4

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POV VICENZO

Chego com meu pai na casa de Giovanni, onde acontecerá a festa de noivado. Enviei um presente para minha futura esposa ontem, não quero que ela parece a porra de uma criança ao meu lado, por isso enviei um vestido mais adulto. Ao entrar na casa, encontro Don Lucca Cavalliere e seus filhos Nico e Alessandro.

— Vamos ao escritório de Giovanni conversar sobre a nossa futura aliança.  — disse Lucca.

Nos dirigindo para o escritório, percebo que a casa está deserta assim como no dia anterior. Adentrando a sala, Lucca se senta na cadeira atrás da mesa, seus filhos em pé ao seu lado direito, com Giovanni e Hendrick, capo da Scampia e genro do consegliere.

— Essa semana fomos atacados, Bratva atacou um de nossos principais armazéns de drogas, matando dois soldados. — disse o Don.

— A Bratva vem sendo a porra de um incômodo desde que se uniram aos fodidos irlandeses. Com esse casamento nos tornaremos mais fortes.

— Assim que a aliança for selada atacaremos a Bratva. — meu pai fala.

***

Está na hora da festa e todos os convidados estão no jardim, onde será comemorado o noivado. Estou indo me encontrar com ela para entrarmos juntos.

Aurora está descendo as escadas vindo em minha direção. Seu cabelo dourado que brilha como ouro cai sobre seus ombros até os braços desnudos, a pele imaculada como porcelana contrasta com seu vestido preto – o vestido que eu dei – e seus olhos verdes cristalinos estão nervosos, agitados.

Ofereço meu braço para a mesma quando ela me alcança e ela o pega com as mãos trêmulas.

— Vamos? — questiono.

Ela apenas acena com a cabeça e andamos a caminho do jardim. Indo diretamente para seus pais, posso senti-la tensa ao meu lado. Nenhuma surpresa, essa garota exala fragilidade. Chegando em Giovanni e sua família, permaneço em silêncio.

Uma versão mais nova de Aurora dá um passo para frente, me olhando com desafio.

— Você é o marido da minha irmã?

Futuro, Noemi, ainda não casamos. — a mulher ao meu lado se apressa a explicar, parecendo sem graça.

— Mas logo vai. — ela contra-ataca de supetão. Cerro os olhos, a garota é boa.

— Não se preocupe agora, ainda vai demorar. — Aurora garante à pequena, sinto em seu tom que ela quer mais convencer a si mesma do que a sua irmã.

— Tudo bem então. — a menor ainda parece desconfiada mas saí correndo até sua outra irmã, Celeste.

Preciso ir falar com meu pai, por isso, digo:

— Vou até meu Don, fique aqui.

— Ok. — ela é simples.

Indo até o outro lado do jardim, ao encanto de meu pai, começo a observar os arredores, um sentimento estranho me assolando – um frio na espinha –, aguçando todos os meus sentidos, me deixo em alerta máximo para qualquer ameaça.

— Há algo estranho. — digo assim que chego ao lado de meu pai e Romero, um de meus homens que veio conosco.

— Sinto isso também, fique preparado. — ele instrui.

Olhando ao redor, observo Aurora que estava sozinha, mas alguém se aproxima dela, Nico Cavalliere, o filho mais velho do Don da Camorra. Um sentimento de possesividade me toma, e quando percebo estou indo em direção à eles. Chegando ao lado dela, envolvo um braço envolta de sua cintura.

— Que assuntos você tem a tratar com minha noiva?— questiono seco, encarando Cavalliere com indiferença.

— Nada demais, só estava comentando que, se fosse em outras circunstâncias, esta festa de noivado seria nossa. — ele fala e vejo a petulância brilhar em seus olhos escuros.

— Tenha cuidado com suas palavras, Nico. Você não sabe do que sou capaz.  — respondo com uma raiva contida.

— Oh, eu sei sim do que você é capaz, conheço sua reputação, mas também sei que você não estragaria uma aliança fazendo algo contra mim.

Me preparando para replicá-lo da maneira mais brutal que as palavras poderiam ser, tiros ecoando pelo ar me param.

Com o mundo ao nosso redor mergulhando em caos, não pensei muito antes de agarrar minha noiva pelo braço e puxá-la para trás de uma coluna de mármore, tentando mantê-la a salvo enquanto a confusão se desenrolava ao nosso redor. O tiroteio transformou o jardim pacífico em uma cena de guerra, os gritos de mulheres e crianças enchiam meus ouvidos enquanto elas corriam desesperadas em busca de proteção.

Meus homens, junto dos camorristas, foram rápidos em reagir. Puxaram suas armas  e começaram a disparar contra os invasores – Bratva, percebo –, lutando para nos proteger. Deixando Aurora para trás, me joguei em meio ao fogo cruzado. Enquanto eu lutava, sentia a adrenalina pulsar em minhas veias, meu treinamento meticuloso me guiando nas ações necessárias para sobreviver. Tiros eram lançados em todas as direções, balas zuniam pelo ar, as plantas ao nosso redor eram destroçadas e esquatejadas.

Vi corpos tombarem no chão, alguns mortos instantaneamente, outros feridos, banhados em sangue que tingida o solo com um vermelho sombrio. Quando me viro, apenas para ter certeza de que Aurora está bem, vejo a mesma com um russo, caída no chão com a perna sagrando. A ira tomou conta de mim e minha mente se tornou uma máquina calculista. Com a determinação inabalável, avancei, meu olhar frio e decidido. A violência nunca me assustou, pelo contrário, era minha moeda de troca.

Sem pensar duas vezes, agarrei minha arma e, como uma sombra mortal, me aproximei do russo. Sem hesitar, atirei com precisão implacável, matando-o de maneira brutal, sem piedade. Enquanto seu corpo caía no chão, minha noiva chorava, sua perna sangrando por – percebo – um tiro que sofrera.

Com o caos se esvaindo, vejo camorristas levando prisioneiros consigo. Mortos jaziam no chão e o sangue brilhou sob a luz das lâmpadas. Um lembrete de que, na minha vida, não há espaço para fraqueza ou piedade.

Eu sou temido. Eu sou frio. Eu sou o futuro Don que não tem medo de fazer o que é preciso para proteger o que é meu. E nesse momento, eu anseio por mais sangue derramado, por mais vidas que se opusessem ao meu domínio. Pois aqueles que cruzassem meu caminho sabiam muito bem que minha sede de sangue é implacável, inexorável e eterna.

MERCILESS HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora