CAPÍTULO 32

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POV VICENZO

— Sim, eu sou sua, mas você não é meu.

Sinto como se tivesse levado um soco no estômago. Paro onde estou, sem reação, por um momento a raiva vai embora – tudo vai embora. As palavras ecoando em minha mente.

Ao ver minha esposa saindo pela porta da frente, volto à mim. Ela não dá dois passos para fora da porta antes que eu a pegue.

Jogo-a por cima do ombro.

Me solte! — ela chuta e soca minhas costas.

— Cala a maldita boca, você não vai a lugar algum para fora dessa propriedade.

— Não pode me manter aqui!

Rio sem humor.

— Me teste.

Carrego-a escada acima, até nosso quarto, e digo:

— Nunca mais tente ir embora.

— Não pode me prender aqui.

— Diga isso de novo e entenderei como um desafio, você não sabe do que sou capaz.

O rosto de Aurora está vermelho pelo choro e a raiva, ela me encara com uma carranca.

— Você nem me deixou falar... — começo.

— Eu não quero que você fale, não quero ouvir. Você deixou tudo muito claro. Ainda ama Alice, ainda pensa nela, e eu sou a outra mulher na relação. Eu... merda! Como fui burra.

Seguro-a forte pelos braços, fazendo-a parar de falar.

— Você não é burra.

Ela abre um sorriso cínico, algo que nunca vi.

— Como mais posso ser descrita? Me apaixonei por um homem que ama uma mulher morta, que prefere uma mulher morta.

— Não fale sobre ela. — mando.

Frustrado, passo as mãos pelos cabelos.

— Quero ficar sozinha. — ela pede.

— Ótimo. — respondo. — Estamos os dois nervosos, nada de bom pode sair disso.

Sem mais uma palavra, ela se vira e entra no banheiro, batendo a porta atrás dela.

Merda.

Saio do quarto e desço para o escritório, sento em minha cadeira e encaro a caixa sobre a mesa, as coisas de Alice. Senti tanta raiva ao ver Aurora xeretando meu espaço pessoal que deixei-a me cegar, e explodi. Eu realmente tenho tentado esquecer Alice para poder seguir em frente em uma nova vida com outra pessoa, mas ver essa caixa... trouxe todo o medo da perda de volta. O medo me atingiu como um soco e logo depois olhei para Aurora, a pessoa para quem esse medo é direcionado.

Não aguentei.

Ouço uma batida na porta e, não sei porquê, me encho de esperança de ser Aurora.

— Entre.

Murcho ao ver Sofia entrar.

— O jantar já está pronto.

— Não irei jantar.

Ela hesita.

— Tem certeza? A senhora Aurora estava bastante animada para o jantar, ela pediu seu prato favorito.

Isso me faz encará-la. Hoje era alguma data comemorativa? Não, não tinha nada para hoje.

— Pediu? — ela assente. — Bom, ela está se sentindo indisposta agora.

Quando Sofia ia deixando a sala, vejo-a se agachar e pegar algo brilhante na mão.

— Aqui. — ao deixar na minha mão, vejo ser o brinco de Aurora.

Será que era isso que ela fazia no escritório? Procurava seu brinco?

Será que cometi um erro?

MERCILESS HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora